Uso de telas para crianças autistas: pontos positivos e negativos


Postado por Autismo em Dia em 22/jan/2024 - Sem Comentários

Muitas escolas têm apostado no uso de telas como ferramenta de aprendizagem. Pais e cuidadores frequentemente, de forma parecida, recorrem aos dispositivos para brincar e interagir através dos vídeos e aplicativos. Não só para crianças neurotípicas, mas também para as neurodivergentes, quando utilizamos os dispositivos eles se tornam muito eficazes para chamar atenção com jogos educativos e vídeos envolventes. Porém, quando sem supervisão, a exposição aos dispositivos pode ser prejudicial para o desenvolvimento infantil.

Resultados de uma pesquisa relataram que uma porcentagem maior de indivíduos com TEA interage com dispositivos durante seu tempo livre em comparação com seus pares neurotípicos (Mazurek et al., 2012). Além disso, crianças com TEA tendem a usar os dispositivos por muito mais tempo do que seus pares neurotípicos, levando a uma alta dependência de tela (Dong et al., 2021).¹

Para avaliar essa dependência, é importante ver se a criança está ignorando ou interrompendo as necessidades básicas do dia a dia, se causa frustração quando não consegue ter tempo de tela quando deseja e/ou se prejudica seu desenvolvimento geral (motor, comunicação, social, emocional, cognitivo ).

Para entender melhor esse assunto, vamos explicar, a seguir, onde estão as vantagens e as desvantagens do uso das telas por autistas.

Uso de telas e autismo

Fonte: Envato/svitlanah

Índice

Vantagens do uso de telas

Não existe só um ponto positivo do uso de dispositivos para crianças com TEA, mas sim vários. Um deles é que os  aplicativos de comunicação aumentativa e alternativa auxiliam na comunicação e promovem maior independência. A tecnologia assistiva ajuda na expressão de suas necessidades e promove movimento para iniciarem interações por meio de pistas visuais (por exemplo, imagens, palavras e linguagem de sinais), principalmente quando se trata de crianças com dificuldade de comunicação verbal.

Além disso, os dispositivos possibilitam o acesso a alternativas para aprender conceitos acadêmicos e habilidades sociais em um ritmo adequado, podendo ser adaptados ao interesse individual e níveis funcionais. 

Há, ainda, um aspecto menos estimulante e igualmente interessante. Quando usados ​moderadamente, os dispositivos podem ajudar a se acalmar quando estão em perigo. E isto pode ser feito por meio do uso de músicas, vídeos e jogos que lhes são familiares.

Os contras de uso de dispositivos

Lembrando aquela máxima de que a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade, também podemos apontar as contraindicações.

Tempo excessivo de exposição às telas ou quando os dispositivos são usados ​​de forma inadequada podem causar efeitos negativos para crianças com TEA. Quando apresentam alta dependência de tela, por exemplo, podem perder o interesse por outras atividades que estejam desenvolvendo outras questões e que, sem a adição da tela, poderiam ser igualmente prazerosas.

Além disso, a alta exposição também está associada à super estimulação por conta das luzes e sons, capazes de causar distúrbios do sono e dificuldades na regulação emocional.

Essas situações específicas podem resultar em problemas maiores no futuro se não forem feitas intervenções precoces. Por exemplo, as dificuldades de regulação emocional podem levar à agressão. Além disso, se uma criança fica presa a uma longa sequência de vídeos que não provocam reações, ou seja, aqueles menos interativos, ela pode desenvolver uma espécie de zona de conforto em que não sente necessidade de usar linguagem, movimentos corporais e habilidades sociais. 

Estratégias para ser uma boa experiência

Sabemos que desacostumar uma criança de telas pode ser difícil, até mesmo quando um adulto também passa a achar cômodo uma criança com atração retida. No entanto, sempre há um jeito de mudar as coisas. A seguir, uma lista de estratégias para fazer das telas ótimas experiências para os autistas.

  • Atribua um limite de horas por dia (2 a 3 horas no máximo é um número razoável);
  • Inclua o tempo de tela em uma rotina estruturada em que a criança saiba em qual horário ela poderá ter esse entretenimento a partir de um horário fixado por você;
  • Evite permitir que o tempo de tela fique muito próximo da hora de dormir. O ideal é que na última meia hora acordada a criança fique longe de qualquer estímulo;
  • Utilize o tempo de tela como um recurso para reforçar um comportamento desejado;
  • Preencha os dias com atividades variadas. Passear ao ar livre, pintar, brincar e inventar atividades novas. Mostre à criança que ela pode se entreter também de formas analógicas]
  • Procure usar jogos e aplicativos que permitam a socialização;
  • Sempre monitore o conteúdo que está sendo visto. Existem muitos conteúdos que, apesar de terem uma estética infantil, são pensados para o público adulto.
telas

Fonte: Envato/monkeybusiness

Aplicativos que ajudam crianças com TEA²

E, como falado no início, existem alguns aplicativos direcionados para autistas que podem trazer grandes benefícios ao desenvolvimento. Sem dúvida, eles funcionam como ferramentas que ajudam a complementar algumas habilidades trabalhadas em terapias.

1- Matraquinha

Um aplicativo brasileiro criado no ano de 2018 por familiares de uma criança autista, que é muito utilizado para auxiliar crianças na questão da comunicação. Nele, a criança consegue achar formas alternativas de expressar alguma necessidade ou emoção. Ajuda a criar mais independência e também promove mais educação emocional.

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2- Jade Autism

Neste aplicativo, você consegue auxiliar a criança com questões cognitivas. O app funciona com a lógica de aumentar a percepção visual, já que ela estimula a capacidade de memória e associação de imagens.

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3- Story Creator

É um aplicativo que permite que o autista se expresse por via de desenhos, fotos, vídeos, áudios e textos. A criança, através do app, consegue, também, compartilhar com outras pessoas aquilo com que ela mais se identificou, promovendo a interação e troca.

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4- Choiceworks

Este é um aplicativo para estruturar a organização das rotinas diárias. É um sistema que oferece apoio visual para ajudar as crianças a entenderem o que deve ser feito.

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5- ABA Flashcards

O ABA Flashcards, como o próprio nome diz, se conecta com o sistema ABA e contém uma variedade de cartões com imagens e áudio que ajudam na compreensão de conceitos básicos, como cores, formas, letras, números e muito mais.

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Seja através do uso de telas para assistirem vídeos ou para uso de aplicativos, é importante saber que as respostas de uso adequado e uso excessivo podem ser diferentes para cada criança. No entanto, basta conhecer a criança e suas habilidades para fazer as escolhas mais estratégicas e conscientes de inserção de telas na rotina.

Além disso, também é importante saber quando utilizar sua autoridade para diminuir ou até mesmo suspender o uso. Por exemplo, em casos de sobrecarga sensorial. Fique atento a qualquer anormalidade provocada pelo acesso às telas.

E, ainda, pais e cuidadores devem garantir a aplicação correta das faixas-etárias de cada aplicativo ou tipo de vídeo. Lembre-se que você, o adulto, é quem está no controle dos bons e dos maus resultados.

Esperamos que tenha gostado desse tema, tão discutido e relevante atualmente. Comente o que achou e como é essa questão das telas em sua rotina!

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Até a próxima!

 

Referências:

1 – Healis Autism Centre:  acesso em 30/05/2023

2 – Tismoo – acesso em 31/05/2023

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