Categorias
Posts Recentes
Postado por Autismo em Dia em 19/ago/2021 - 7 Comentários
Se você deseja saber o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), está no lugar certo. No decorrer deste artigo, falaremos com detalhes sobre o que é o autismo, como ele se manifesta, seus sintomas, graus e como ele afeta de diferentes formas as pessoas que fazem parte do espectro.
Talvez você tenha chegado até aqui por suspeitar que você, seu filho ou alguém próximo seja autista. Talvez tenha recebido um diagnóstico recente ou simplesmente está estudando sobre o assunto. Seja como for, continue a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre o tema.
Índice
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecido como autismo, engloba uma série de condições caracterizadas por desafios com as habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não verbal. Ele pode afetar a forma como as pessoas se comunicam e interagem com o mundo a sua volta, e a palavra “espectro” é importante, pois não existe apenas uma forma de o autismo se manifestar, mas sim diversas. 1
O autismo é uma deficiência do desenvolvimento que afeta as pessoas de maneiras diferentes: alguns autistas de grau leve podem se tornar adultos totalmente independentes, enquanto outros, com graus moderados ou severos, podem depender de um cuidador por toda a vida.
O TEA não tem cura, afinal, não é uma doença. Ainda assim, existem tratamentos destinados a ajudar as pessoas autistas a desenvolverem habilidades importantes nas áreas em que possam ter dificuldades, e isso lhes garante mais qualidade de vida. 2
Mesmo que o TEA seja dividido de forma geral nos graus I (leve), II (moderado) e III (severo), sabe-se que na realidade o espectro é muito mais amplo do que isso. Não existem “sinais obrigatórios” que definam o seu grau, sendo comum que algumas pessoas com TEA não tenham determinadas características que fazem parte do espectro, o que não significa que elas não sejam autistas.
Sabemos que entender o que é o autismo pode não ser uma tarefa fácil, afinal, o espectro é amplo e difícil de se definir em poucas palavras. Mas calma, nós vamos resumir para você quais são as principais características do autismo nos próximos tópicos a fim de esclarecer melhor o tema.
As habilidades sociais são divididas principalmente entre a comunicação verbal e não verbal e a interação social. Vamos entender um pouco mais sobre cada uma delas e como o TEA as afeta? Confira:
Algumas pessoas autistas têm dificuldades para interpretar a linguagem verbal e não verbal. Exemplos disso são os gestos, tom de voz, expressões faciais, sarcasmo e/ou ironia. Existe ainda uma parcela de pessoas do espectro que não desenvolvem a habilidade da fala ou que têm atrasos e/ou limitações nesse aspecto. Em contrapartida, outras pessoas autistas têm habilidades de linguagem muito boas. Outros possíveis desafios incluem:
As dificuldades de interação social podem se apresentar de muitas formas. Não importa se falamos de crianças, adolescentes ou adultos: pessoas autistas podem ter dificuldades de interação, sendo comumente taxadas de tímidas, introvertidas, retraídas ou isoladas. Frequentemente essas pessoas acabam não tendo amigos, e isso pode ocorrer tanto por uma falta de interesse em interagir, quanto por dificuldades relacionadas à própria comunicação, ou seja, nem sempre a pessoa se isola porque quer. Às vezes, ela simplesmente não sabe o que fazer para iniciar ou engajar em uma conversa, por exemplo. Se você deseja saber mais sobre autismo e amizade, volte nessa parte do texto depois de finalizar a leitura e acesse nosso artigo completo sobre o tema clicando aqui.
Além da questão relacionada ao isolamento social, existem aqueles que têm dificuldade em ‘ler’ outras pessoas, ou seja, eles nem sempre conseguem reconhecer ou compreender os sentimentos e intenções dos outros, assim como expressar suas próprias emoções e intenções. Isso pode tornar muito difícil navegar no mundo social. Outros exemplos de dificuldades de interação que podem estar presentes nas pessoas com TEA são:
Com suas regras não escritas, o mundo pode parecer um lugar muito imprevisível e confuso para os autistas. É por isso que eles muitas vezes preferem desenvolver e seguir rotinas. Eles podem querer fazer o mesmo caminho para ir e voltar da escola ou do trabalho, usar as mesmas roupas ou comer exatamente as mesmas coisas em suas refeições. Mudar a rotina pode ser muito angustiante para os autistas, deixando-os ansiosos. É importante pensar em estratégias para ajudar a pessoa com TEA a lidar com situações atípicas como as festas de final de ano, mudanças de casa e/ou escola ou até mesmo algo mais simples como a mudança da rota de um ônibus.
Além disso, aqui se encaixam as estereotipias, que são os movimentos repetitivos como agitar as mãos, se balançar para frente e para trás, andar na ponta dos pés ou manipular objetos de forma repetitiva: como girar uma caneta ou abrir e fechar uma porta. As pessoas com TEA frequentemente adotam esses comportamentos como forma de se autorregular, ou seja, as estereotipias podem ser uma forma de a pessoa se acalmar quando está estressada ou ansiosa. Ainda assim, muitas pessoas autistas fazem isso de forma automática ou porque acham agradável.
Vale lembrar que ainda que seja uma forma de autorregulação, nem sempre as estereotipias são benéficas: se elas causarem algum tipo de dor ou dano ao autista ou a outras pessoas, vale procurar ajuda profissional para substituir esses comportamentos por outras formas de autorregulação mais saudáveis.
As pessoas do espectro podem apresentar sensibilidade excessiva ou insuficiente a sons, toques, sabores, cheiros, luz, cores, temperaturas ou dor. Eles podem interpretar certos sons como insuportavelmente altos e distrativos, enquanto outras pessoas ignoram ou bloqueiam o mesmo estímulo. Isso pode causar ansiedade ou até mesmo dor física como consequência. Muitas pessoas autistas preferem não abraçar devido ao desconforto sensorial do toque, o que pode ser interpretado como uma atitude fria ou indiferente.
Algumas vezes as pessoas do espectro evitam encontros e outras situações sociais mesmo que desejem fazer essas atividades por causa de suas dificuldades sensoriais. Escolas, locais de trabalho, shoppings, bares e restaurantes podem ser particularmente incômodos por isso. Nessa hora é importante falar sobre inclusão, pois existem ajustes simples que podem ser feitos para tornar os ambientes mais amigáveis para as pessoas com esse tipo de dificuldade.
Outra característica presente em muitos autistas é o interesse intenso e muitas vezes restrito por determinadas coisas e/ou assuntos. Isso pode ocorrer desde muito cedo, como por exemplo bebês que só se acalmam com determinada música ou desenho animado. O nome dado para isso é hiperfoco, uma característica que pode mudar com o tempo ou durar a vida toda.
Pessoas autistas podem se tornar especialistas em seus interesses especiais e, muitas vezes, gostam de compartilhar seus conhecimentos. Um exemplo estereotipado são os trens, mas esse é um entre muitos. Como todas as pessoas, os autistas obtêm muito prazer em perseguir seus interesses e os consideram fundamentais para seu bem-estar e felicidade.
O hiperfoco ajuda muitos autistas a terem um bom desempenho acadêmico e profissional. No entanto, essa característica também pode deixar essas pessoas tão “presas” em determinados tópicos ou atividades que as fazem negligenciar outros aspectos de suas vidas. Em casos assim, é importante buscar ajuda com um psicólogo para aprender a viver com o hiperfoco de forma mais saudável.
A ansiedade é uma dificuldade real para muitos autistas, especialmente em situações sociais, de sobrecarga sensorial ou quando ocorrem mudanças de rotina. Ao contrário do que muitos imaginam, a ansiedade não afeta apenas a saúde mental (o que por si só é um problema preocupante), mas causa também sintomas físicos incômodos. Resumindo, a ansiedade interfere e muito na qualidade de vida do autista e de seus familiares.
É muito importante que as pessoas com problemas de ansiedade procurem ajuda de um psicólogo e, se necessário, de um psiquiatra. Dessa forma, é possível aprender a reconhecer os gatilhos que levam às crises e a encontrar mecanismos de enfrentamento para ajudar a reduzir a ansiedade.
Quando falamos em crises, o que geralmente vem à mente são ataques de nervosismo, choro, ansiedade e até mesmo agressividade, não é mesmo? Mas não é só isso. Apesar de essas serem possíveis reações de uma crise de desregulação, popularmente chamada de meltdown, também podem afetar a pessoa com TEA as crises de desligamento (shutdown). Vamos entender melhor como cada uma delas funciona?
Quando esse tipo de crise acontece, geralmente durante um episódio altamente estressante, a pessoa perde temporariamente o controle comportamental. Essa perda de controle pode ser verbal (levando a pessoa a gritar, xingar e chorar), física (chutar, atacar, morder) ou ambas. Em crianças, esse tipo de comportamento costuma ser confundido com birras ou acessos de raiva, mas é preciso estar atento para não negligenciar esse tipo de sinal que indica que algo vai mal.
Durante uma crise de desligamento, o autista pode parecer desconectado ou indiferente ao ambiente e as pessoas ao seu redor. Possivelmente ele não irá responder ao ser chamado e pode ficar quieto, isolado, olhando para o nada ou focado em algum interesse restrito. Um desligamento pode parecer menos intenso ou até mesmo inofensivo para quem vê de fora, mas a verdade é que ele é igualmente preocupante, pois também se trata de uma resposta a situações e/ou eventos estressantes e que precisam de atenção.
Esse foi o texto sobre as principais características do transtorno do espectro autista. Esperamos que o conteúdo tenha sido esclarecedor e que ajude você leitor a entender um pouco mais sobre esse assunto tão importante.
Lembre-se de deixar o seu comentário aqui embaixo e também de acompanhar o Autismos em Dia nas redes sociais Instagram e Facebook para ficar por dentro de tudo que nós postamos por lá.
Obrigado pela leitura e até logo!
O texto que você acabou de ler foi inspirado e adaptado do artigo “What is autism?” do portal National Autistic Society.
Demais referências e datas de acesso:
1- Autism Speaks – Acesso em 26/07/2021.
2- Instituto Pensi – Acesso em 26/07/2021.
“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”
Gostei muito das informações expostas na página pois vai me ajudar com uma aluna de três anos que ingressou na sala de aula e está em pesquisa com suspeita de TEA. Vou conseguir nortear meus comportamento para oferecer a melhor maneira possível de acolher e inserir ela ao grupo e rotina da escola.
?
Muito bem explicado
Obrigado pelo seu comentário. 💙
achei muito esclarecedor .
Quando em crise o que fazer para ajudar o autista?
Olá! Existem diversas formas de ajudar. Vamos deixar um texto completo sobre crises pra você conferir:
https://www.autismoemdia.com.br/blog/meltdown-shutdown-autismo/