Terapia Sensorial para Autismo: Como os estímulos sensoriais melhoram a qualidade de vida


Postado por Autismo em Dia em 15/jan/2024 - 2 Comentários

Você sabia que a terapia sensorial para o autismo desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de crianças com TEA? Além disso, muitas vezes, crianças com autismo enfrentam desafios na interpretação e adaptação aos estímulos sensoriais de seu ambiente, podendo afetar seu aprendizado, habilidades sociais e comportamento de maneira geral. Assim, por conta disso, a terapia sensorial pode ser uma ferramenta eficaz para ajudar essas crianças a identificar, processar e regular esses estímulos sensoriais, permitindo que elas se desenvolvam de maneira mais harmônica e equilibrada.

Por isso, neste artigo, exploraremos mais profundamente como a terapia sensorial pode ser benéfica para crianças com autismo, abordando os diferentes tipos de estímulos sensoriais utilizados nessa terapia, como o toque, sons, aromas e movimentos, e como esses estímulos podem influenciar positivamente o desenvolvimento das crianças. Por último, discutiremos as várias técnicas utilizadas na terapia sensorial e como os pais e profissionais podem implementá-las no dia a dia.

Foto: Envato/bialasiewicz

Índice

O que é terapia sensorial?

A terapia sensorial, também conhecida como terapia de integração sensorial, é uma forma de tratamento que se concentra em ajudar as pessoas com dificuldades de processamento sensorial, como os autistas. Ajuda a entender e responder melhor aos estímulos sensoriais. Nesse contexto, essa terapia tem o objetivo de criar um sistema sensorial mais organizado e eficiente, permitindo que os indivíduos se desenvolvam melhor.

Esse tratamento envolve geralmente o uso de vários estímulos sensoriais, como toque, sons, aromas e movimentos, para ajudar as pessoas com autismo a regular suas respostas a esses estímulos. Por meio da exposição controlada e estruturada a estímulos sensoriais, os terapeutas podem ajudar as crianças a desenvolver suas habilidades de processamento sensorial e melhorar seu desempenho como um todo.

Como resultado, essa terapia é normalmente adaptada às necessidades específicas de cada um. Os terapeutas usam uma combinação de técnicas, atividades e intervenções para lidar com as dificuldades  e buscam promover mudanças positivas no comportamento, na cognição e na interação social.

Nesse sentido, conheça, também, sobre Acompanhante terapêutico: 7 benefícios para o autismo.

Portanto, vamos nos aprofundar no impacto das dificuldades de processamento sensorial em crianças com autismo e em como a terapia sensorial pode lidar com esses desafios.

Entendendo o autismo e seu impacto no processamento sensorial

Como abordamos no artigo Entender o autismo para apoiar e acolher, o autismo, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma condição de neurodesenvolvimento que afeta a interação social, a comunicação e o comportamento. Ele é caracterizado por uma ampla gama de sintomas e desafios, sendo as dificuldades de processamento sensorial uma das características comuns. 

Crianças com autismo frequentemente exibem sensibilidades sensoriais distintas ou comportamentos de busca de estímulos.  Algumas delas podem ser hipersensíveis a estímulos sensoriais específicos, como barulhos altos ou luzes brilhantes, enquanto outras podem buscar experiências sensoriais intensas, como girar ou balançar. Essas variações no processamento sensorial podem ter um impacto significativo em suas atividades diárias, tornando desafiadora a interação com o ambiente e a participação em atividades comuns.

Imagine uma criança com autismo que fica sobrecarregada com o som de um alarme de incêndio. Em vez de percebê-lo como um ruído alto temporário, ela pode sentir extrema angústia e ter dificuldade para processar as informações. Isso pode levar à ansiedade, a crises de colapso ou a comportamentos de evitação. Ao compreender o impacto das dificuldades de processamento sensorial em crianças com autismo, podemos começar a avaliar a importância da terapia sensorial no apoio ao seu desenvolvimento. 

A conexão entre os estímulos sensoriais e o desenvolvimento infantil no autismo

Uma menina sentada no colo de sua mãe enquanto ouve música e pinta um desenho com tinta.

Foto: Envato/YuriArcursPeopleimages

Os estímulos sensoriais desempenham um papel crucial no desenvolvimento infantil, e isso é especialmente verdadeiro para crianças com autismo. As experiências sensoriais fornecem a base para o aprendizado, a interação social e a regulação emocional. Quando as crianças com autismo têm dificuldade para processar estímulos sensoriais, isso pode prejudicar seu desenvolvimento em várias áreas.

Por exemplo, as dificuldades no processamento sensorial podem afetar a capacidade da criança de se concentrar em tarefas, impactando negativamente seu aprendizado e desempenho acadêmico. Além disso, sensibilidades sensoriais também podem interferir nas interações sociais, uma vez que certos estímulos  podem desencadear ansiedade ou desconforto em contextos sociais. Outra coisa, é que os comportamentos de busca sensorial podem perturbar as rotinas diárias e restringir o envolvimento da criança com o ambiente.

Portanto, ao abordar as dificuldades de processamento sensorial por meio da terapia sensorial, podemos ajudar as crianças com autismo a desenvolver as habilidades necessárias para lidar com suas experiências sensoriais de forma mais eficaz. Isso, por sua vez, pode ter um impacto positivo em seu desenvolvimento geral e em sua qualidade de vida.

Benefícios da terapia sensorial para crianças com autismo

A terapia sensorial oferece inúmeros benefícios para crianças com autismo. Por isso, a seguir, vamos explorar alguns dos principais benefícios da terapia sensorial:

1. Integração sensorial aprimorada:

A terapia sensorial vai ajudar as crianças com autismo a integrar e dar sentido às informações sensoriais de seu ambiente. Sendo assim, ao expô-las gradualmente a vários estímulos sensoriais, os terapeutas podem ajudá-las a desenvolver sistemas sensoriais mais organizados e eficientes.

2. Autorregulação aprimorada:

Ao longo  desse tratamento, é fornecido às crianças estratégias para regular suas respostas aos estímulos sensoriais. Assim, elas aprendem a se acalmar e a gerenciar a sobrecarga sensorial ou a sensibilidade, promovendo a regulação emocional e reduzindo a ansiedade.

3. Aumento da atenção e do foco:

As atividades e intervenções desse modelo de terapia podem melhorar a capacidade da criança de prestar atenção às tarefas e se concentrar. Então, ao abordar as dificuldades de processamento sensorial, as crianças podem se envolver melhor em atividades acadêmicas e de aprendizado.

4. Aprimoramento das habilidades sociais:

A terapia sensorial pode ter um impacto positivo nas interações sociais da criança. Dessa forma, ao tratar as sensibilidades sensoriais ou os comportamentos de busca, as crianças podem participar mais confortavelmente de situações sociais, o que leva a um melhor engajamento social em relacionamentos.

5. Aprimoramento das habilidades motoras:

Por fim, a terapia sensorial geralmente envolve movimentos e atividades que promovem o desenvolvimento de habilidades motoras. As crianças com autismo podem melhorar sua coordenação, equilíbrio e consciência corporal por meio de intervenções sensoriais específicas.

Apesar desses serem apenas alguns exemplos dos benefícios que a terapia sensorial pode proporcionar às crianças com autismo, os mais específicos variam conforme as necessidades e os objetivos do indivíduo. 

Tipos de técnicas e intervenções de terapia sensorial para o autismo

Há vários tipos de técnicas e intervenções de terapia sensorial que podem ser usadas para apoiar crianças com autismo. Afinal, elas visam fornecer exposição controlada a estímulos sensoriais e ajudar as crianças a desenvolver suas habilidades de processamento sensorial. Nesse sentido, algumas das técnicas comumente usadas incluem:

1. Terapia de pressão profunda:

Essa técnica envolve a aplicação de pressão firme e suave no corpo usando cobertores com peso, coletes de compressão ou massagens de pressão profunda. Essa abordagem de pressão profunda pode ajudar a acalmar e regular o sistema nervoso, reduzindo a ansiedade e as sensibilidades sensoriais.

2. Dieta sensorial:

Uma dieta sensorial é um plano personalizado que envolve a incorporação de atividades sensoriais específicas na rotina diária da criança. Por meio dessa estratégia, essas atividades podem incluir técnicas de escovação, balançar, pular em trampolins ou se envolver com brinquedos sensoriais. Nesse contexto, a dieta sensorial pretende fornecer uma quantidade equilibrada e adequada de estímulos sensoriais ao longo do dia.

3. Terapia de integração auditiva:

Essa terapia se concentra em melhorar o processamento auditivo e a sensibilidade. Portanto, ela envolve a audição de música especialmente projetada ou programas de terapia sonora que expõem gradualmente a criança a uma gama de frequências e intensidades. O propósito da terapia de integração auditiva é regular as respostas auditivas e aprimorar as habilidades de comunicação.

4. Suportes visuais:

Os suportes visuais, como cronogramas visuais, histórias sociais e dicas visuais, podem ser benéficos para crianças que têm dificuldade em processar informações verbais. Dessa forma, esses recursos visuais fornecem informações claras e previsíveis, ajudando a entender as expectativas e reduzindo a ansiedade.

É importante observar que cada criança é única, e a terapia deve ser adaptada às suas necessidades e preferências específicas. 

Quanto aos pais e/ou responsáveis, eles podem criar um ambiente sensorialmente amigável em casa e na escola, seguindo as seguintes considerações:

Uma menina praticando a pronunúncia com uma mulher segurando um quadro com a letra "A" escrita nele.

Foto: Envato/bialasiewicz

Criação de um ambiente favorável aos sentidos em casa e na escola

A criação de um ambiente favorável aos sentidos é essencial para apoiar o desenvolvimento e o bem-estar das crianças com autismo. Então, um ambiente sensorialmente amigável leva em conta as necessidades sensoriais do indivíduo e oferece um espaço onde ele pode se sentir confortável e regulado. Portanto, aqui estão algumas dicas para criar um ambiente sensorialmente amigável em casa e na escola:

Em casa:

  • Designe um espaço calmo: crie uma área tranquila em casa para onde a criança possa se retirar quando se sentir sobrecarregada. Essa área pode ser equipada com ferramentas sensoriais, como almofadas macias, cobertores com pesos ou brinquedos de agitação.
  • Controle a entrada sensorial: minimize o excesso de estímulos ambientais, como luzes brilhantes, ruídos altos ou odores fortes, que podem desencadear sensibilidades sensoriais. Para isso, use cortinas ou persianas para controlar a luz natural, reduzir o ruído de fundo e evitar aromas fortes.
  •  Proporcione experiências sensoriais: incorpore atividades sensoriais à rotina diária da criança. Isso pode incluir atividades como pintar com os dedos, brincar com caixas sensoriais ou usar massa de modelar sensorial. Essas atividades podem ajudar a criança a regular suas respostas sensoriais e proporcionar experiências agradáveis.

Na escola:

  • Crie uma sala de aula favorável aos sentidos: colabore com os professores e a equipe da escola para criar um ambiente de sala de aula que dê suporte às necessidades sensoriais. Você pode envolver o uso de atividades visuais ou a oferta de opções de assentos alternativos, como sacos de feijão ou bolas de exercícios.
  • Educar os colegas: promova a compreensão e a aceitação entre os colegas, instruindo-os sobre as dificuldades de processamento sensorial e o autismo. Com o incentive dos colegas de classe a serem solidários e inclusivos, você estará criando um ambiente social positivo para crianças com autismo.
  • Colaboração com terapeutas: trabalhe em conjunto com terapeutas ocupacionais ou outros profissionais envolvidos na terapia sensorial da criança para implementar estratégias e intervenções no ambiente escolar. Essa comunicação e a colaboração regular entre os pais, os responsáveis e a equipe da escola são fundamentais para o sucesso da criança.

Ao criar um ambiente favorável aos sentidos, tanto em casa quanto na escola, podemos oferecer às crianças com autismo o apoio de que precisam para atingir todo o seu potencial.

Obrigado pela leitura!

Espero que esse tempinho que você levou lendo esse conteúdo tenha valido a pena. Hoje nós vimos que a terapia sensorial é uma ajuda muito importante para as crianças com autismo. Sabe aquelas dificuldades que elas têm em lidar com os sentidos? Essa terapia usa toques, sons, cheiros e movimentos para ajudar as crianças a entender e controlar melhor os sentidos. Assim, elas aprendem mais, melhoram suas habilidades sociais e se comportam melhor no dia a dia. Além disso, temos um outro artigo aqui no Autismo em Dia que aborda Como o autismo afeta as habilidades sociais.
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Até mais! 🙂

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2 respostas para “Terapia Sensorial para Autismo: Como os estímulos sensoriais melhoram a qualidade de vida”

  1. Joana Darc Marcolino disse:

    Estou trabalhando com uma criança autista e experimentei usar luvas cirúrgicas com líquidos, creme, óleo, areia ,sementes e pequenos objetos.
    Estou tendo resultados surpreendentes!

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