Sinais de autismo em bebês: Caleb iniciou a investigação com 1 ano e 7 meses


Postado por Autismo em Dia em 20/set/2023 - 3 Comentários

Hoje vamos compartilhar a história de Caleb, um menino autista de 4 anos. Muitos podem pensar que não é possível perceber sinais de autismo em bebês, mas essa história nos mostra o contrário.

Quem conversou com a gente foi a mãe do menino, Bruna. Ela conta que sempre teve o sonho de ser mãe:

“Me casei em 2017 e em 2018 tive um aborto espontâneo. Teria que fazer um tratamento para engravidar, mas eu dobrei os joelhos e pedi um filho a Jesus. Eu pedi a Deus um homem de olhos claros, e todo resto Deus mesmo quem escolheria. Sem tratamento, engravidei e em maio de 2019 nasceu nosso amado Caleb. Ele tem olhos azuis.”

Continue a leitura e conheça mais detalhes da história do nosso proTEAgonista da vez!

Índice

Os primeiros sinais

A mãe de Caleb conta que decidiu levá-lo em uma neuropediatra quando o menino tinha 1 anos e 7 meses:

“Hoje eu sei que tiveram algumas coisas que eu não percebi nele. No começo, o desenvolvimento dele parecia “normal” para mim. Falou vovó, mamã, papa… Apontava, tinha sorriso social, andou com 1 ano e 1 mês. Mas algumas coisas me incomodavam, e eu viria a descobrir que eram sinais de autismo em bebês… Ele não gostava de crianças, reagia com gritos e choros à elas. Não gostava de sons altos e não ficava no mesmo ambiente que uma pessoa diferente. Tinha estereotipias, e em algum momento parou de falar as poucas palavras que já falava.

Com 1 ano e 7 meses juntei minhas forças para levá-lo na neuropediatra. Fomos eu e minha irmã, pois eu precisava do pulso firme dela (ela é demais!). Na consulta, a médica já falou na lata que possivelmente seria autismo. Eu pesquiso muito, então, pra falar a verdade, eu já sabia. Sabia mas não queria que fosse verdade.”

Infelizmente, em um momento que precisava de acolhimento, Bruna recebeu o contrário:

A médica foi indelicada quando chorei, disse que tinha acabado de sair uma criança de lá que tinha um tumor e não poderia operar, estimativa de vida de meses, e aqueles pais sim, deveriam chorar. Mas me doeu, sabe? Doeu demais.

O que veio depois

Foto: Arquivo pessoal – Cedida por Bruna.

A investigação para descobrir se Caleb era de fato autista começou, e a neuropediatra orientou que a mãe levasse Caleb para algumas terapias.

“Quando sentei para fazer as contas do valor que seria para passar ele nos terapeutas para rastreio, eu deixei o Caleb com a minha mãe que estava na minha casa no dia, e saí andando pela estrada chorando… Eu estava desesperada, era muito muito além da minha realidade.

Ele fez as terapias e recebeu o diagnóstico. E então a Fono me chamou e disse que ele precisava fazer ABA pois ele não tinha o básico que ela precisava para trabalhar com ele em consulta.
Eu surtei mais uma vez, valor absurdamente alto e meu mundo desabava toda vez que eu pensava.

Uma rede de apoio exemplar

Felizmente, Caleb teve acesso a quase todas as terapias que precisava, graças a rede de apoio incrível dessa família:

“Minha irmã vendeu a moto para ajudar e nunca mais parou de ajudar financeiramente. Tem várias pessoas que me ajudam , faço rifas e vendo produtos para que ele possa fazer as terapias. Meus pais também são muito presentes e nos ajudam muito. É uma rede de apoio que olha… Nem sei dizer o que seria de mim sem eles!”  

Bruna enfrentou mais desafios no caminho

Inserida em um cenário totalmente novo e lutando para se manter forte para cuidar do filho, Bruna descobriu uma nova gravidez e se sentiu perdida:

“Algo que eu não citei antes é que eu tive depressão pós parto e só descobri quando o Caleb já estava com um ano. Aí veio o diagnóstico, as preocupações com as terapias e no meio de tudo isso eu descobri que estava grávida de novo. Meu mundo caiu mais uma vez. Eu senti que estava traindo meu filho. Que a nova gestação iria tomar eu dele. Chorei e sofri demais antes de aceitar a gravidez.

Com todo esse cenário estressante a depressão piorou e a psiquiatra teve que aumentar as doses dos meus medicamentos. Eu passei muito mal e tive uma gestação de alto risco. Minha filha, Rebeca, nasceu numa cesárea de emergência e ficou um dia na UTI. Voltamos para a casa e o Caleb nem na minha cara olhava direito, ficou magoado por eu sair, demorar pra voltar e ainda voltar com uma coisinha que tanto chorava.

Foram dias difíceis… Tentei alugar uma casa perto da minha mãe mas o Caleb não se adaptou por ser bem pequena. Ele só ficava no portão. Eu afundei, me senti sozinha no fundo de um poço escuro e úmido.  Ví meu casamento querendo desmoronar, eu só pensava em fazer a Rebeca parar de chorar e deixar o Caleb bem. Dias que eu gostaria que fossem deletados da minha memória.

Dando a volta por cima

autismo em bebês

Foto: Arquivo pessoal – Cedida por Bruna.

Felizmente, Bruna recebeu tratamento e com o auxílio de medicamentos para dormir, com reguladores de humor e antidepressivos, ela melhorou:

“Hoje estou bem. Sou 100% mãe. Não me vejo fazendo outra coisa na vida a não ser lutar pela felicidade e bem estar deles.

Outra coisa que me fez animar outra vez foi trabalhar com a internet. Eu produzo conteúdo sobre autismo e me sinto feliz quando ajudo e oriento outras mães. Me sinto em paz.

Siga a Bruna para apoiar o seu trabalho: @atipicamente_vivendo.

Um recado aqueles que estão descobrindo o autismo

Pedimos para Bruna deixar um recado para as mães, pais e cuidadores que estejam descobrindo o TEA agora:

“Bom, eu queria dizer que vai passar. Essa dor que dilacera a alma não vai ficar para sempre. Você vai se tornar mais forte para ser o que sua criança precisar que você seja.

Pesquise, aprenda, pergunte! Mergulhe no mundo do seu filho de cabeça. Assuma para o mundo que seu filho é autista. Seja você a primeira pessoa a se orgulhar dele como ele é e a praticar a inclusão! Ame muito seu filho real e não o idealizado. O amor cura! E vai curar sua dor.”

Foto: Arquivo pessoal – Cedida por Bruna.

Obrigado pela leitura!

Chegamos ao fim de mais um proTEAgonistas. Você gostou do texto? Então continue navegando pelo nosso blog e siga o Autismo em Dia nas redes sociais.

Até a próxima. 💙

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3 respostas para “Sinais de autismo em bebês: Caleb iniciou a investigação com 1 ano e 7 meses”

  1. Janaína disse:

    olá, sou a a mae da Bruna e avó do Caleb. Sentimos juntos com a Bruna um pouco dessa dor que ela viveu ao descobrir que ele era altista. Mas quero deixar a tds que seguem o autismo em dia um testemunho…
    O Caleb nasceu para nos ensinar a amar! Confesso a tds que tem dias que é mais difícil, tem dias que a preocupação me encomoda, outros que o cansaço bate com força e tem dia até que pergunto a Deus: pra quê? Mas uma voz que mora dentro de mim que vem do Espírito Santo sempre me diz:
    pra vc aprender a amar!
    Amo meu neto do jeitinho que ele é ❤️🧡💛💚💙💜.
    Por ele aprendi que sou mais forte do que pensava, que a felicidade é fazer feliz quem vc ama, que o que não deu pra fazer hoje, nem amanhã, nem durante a semana…..vc faz qd der! rsrs, que se estou triste e ele vem com aquele rostinho lindo e feliz qd chego do trabalho e diz vovóóóóóó, meu ❤️ derrete kkk
    tbm estou aprendendo a olhar com outros olhos pra aquela criança que muitas vezes eu mesma já disse: se fosse meu filho ia dar umas boas palmadas! Hoje entendo que muitas delas estão apenas se sentindo fora do mundo delas e por isso perdem o controle. Mas com amor, dedicação e muita força devemos lutar pra que eles vivam nesse mundo que muitas vezes é difícil até pra os típicos , o mais regulado possível ,e certamente eles terão sempre muito a nos ensinar. Sigo aprendendo tds dias A Deus toda minha gratidão pelo neto que ele me deu.

    Caleb, te amo do jeitinho que vc é! Dá sua vovó que ti ama mt!

    • Autismo em Dia disse:

      Olá Janaína! Que bom te ter por aqui compartilhando um pouco dos seus sentimentos e vivências com o Caleb. Obrigado por deixar seu comentário. 🥰

  2. Vanessa disse:

    Bom Dia!

    Sua segunda filha, Rebeca, está dentro do espectro?

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