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Postado por Autismo em Dia em 13/jan/2023 - 7 Comentários
O autismo é um transtorno que apresenta diversas características neurológicas. Os primeiros sinais tendem a aparecer logo no começo da infância e podem permanecer ao longo do desenvolvimento. Porém, além dos sinais, que geralmente estão ligados ao comportamento, também existem questões muito presentes na saúde do autista e situações clínicas que interferem no dia a dia, como as comorbidades. E é sobre isso que vamos falar hoje. ¹
Comorbidade é um termo que se utiliza quando existem duas ou mais condições médicas, juntas. Ou seja, dentro do nosso contexto, estamos falando de autismo e mais algum transtorno associado.
Como sempre ressaltamos aqui, não existe padrão de autismo, mas sim algumas ocorrências frequentes, como trataremos a seguir. E a lista abaixo reúne as 11 situações bem frequentes na saúde do autista.
Índice
Diversos estudos médicos já publicados recentemente afirmam que os distúrbios gastrointestinais ocorrem, geralmente, em 47% dos autistas adultos e, aproximadamente, 45% das crianças no TEA. ¹
Desses distúrbios gastrointestinais a diarreia, a dor abdominal e a constipação são as mais comuns. ¹
A constipação em pessoas no espectro do autismo, no entanto, costumam apresentar pequenas diferenças. Como, por exemplo, a passagem lenta e espaçada das fezes em vez do simples endurecimento, como seria uma situação comum. ¹
Várias evidências que vêm crescendo demonstram os problemas gastrointestinais têm sido caracterizados como uma das questões mais presentes na saúde do autista, assim como vimos no tópico anterior. ²
E é cientificamente provado que o intestino está totalmente relacionado à produção das células do sistema imune. Logo, a presença desses sinais gastrointestinais se relacionam diretamente com a imunidade e os prejuízos causados ao sistema imune. ²
Há, ainda, vertentes desses estudos que têm buscado respostas aprofundadas sobre até onde vai a relação do autismo com as questões do intestino, já que é de amplo conhecimento que o órgão tem ligações neurais com o cérebro e o autismo é um transtorno neurológico. Porém, quanto a isto, ainda não existem respostas satisfatórias. ¹
Aproximadamente 30% das crianças com autismo sofrem de alotriofagia, de modo moderado a grave. O termo se refere a um distúrbio alimentar compulsivo em que uma pessoa passa a comer itens que não se pode caracterizar como comida. 4
Qualquer coisa que você possa imaginar, que a criança consiga mastigar e engolir: areia, papel, tinta, sujeiras, entre outras coisas. 4
Este tipo de compulsividade é extremamente perigoso, tanto pela intoxicação quanto pelas inadequações físicas, mesmo, de tentar comer algo que não deve passar para o nosso corpo. Além de doenças, a alotriofagia pode causar asfixia. 4
Muitos autistas sofrem com a desregulação do sono. Muitas vezes, inclusive, esses problemas são consequências de outros comportamentos ou comorbidades, como questões sensoriais, hiperatividade, déficit de atenção, altos níveis de estresse, mudanças na rotina, convulsões, entre outras coisas.
Somam-se, ainda, causas diretamente ligadas ao sono, assim como apneia e os terrores noturnos.
Em geral, problemas do sono podem ser tratadas de acordo com a origem , seja através de medicamentos ou com intervenções psicológicas.
Existe uma quantidade considerável de casos de autistas que desenvolveram epilepsia. Enquanto alguns já demonstram as convulsões já na primeira infância, outros casos ocorrem à medida que os autistas vão passando por mudanças nos níveis hormonais da puberdade. 5
Ambas as condições, tanto o autismo quanto a epilepsia, são transtornos de conexões cerebrais. A epilepsia é marcada por crises convulsivas recorrentes e é o quarto transtorno neurológico que mais ocorre, acometendo pessoas de todas as idades. Em muitos casos, a epilepsia vem de uma lesão cerebral ou de uma herança genética. Porém, às vezes as causas são totalmente desconhecidas. 5
As convulsões devem ser observadas de forma criteriosa por um médico que irá prescrever os medicamentos anticonvulsivantes corretos. 5
Uma das condições clínicas do autismo mais comuns e comentadas são as questões sensoriais. Muitas pessoas no TEA apresentam respostas atípicas no contato com determinados sons, visões, toques,texturas, iluminações, paladares e cheiros. ²
E isso impacta diretamente na relação do autista com os ambientes, principalmente em situações incontroláveis, como a escola, parques, festas, shoppings, cinemas, teatro, ruas, etc. ²
Casos mais evidentes como a presença de luzes fortes, alarmes ou tecidos ásperos são mais fáceis de identificar como gatilhos de crises nervosas. Porém, é preciso acompanhar o autista de perto para entender se existem outros estímulos não tão óbvios que o estressam.
Além disso, as necessidades sensoriais podem variar em gravidade e mudar de um estímulo para outro ao longo do tempo. Um profissional de terapia ocupacional pode, sem dúvida, apoiar na avaliação e no suporte da integração sensorial e no processamento. ²
Existem alguns estigmas que rondam o autismo e, entre eles, o de que crianças que estão no transtorno são superinteligentes. Ou, ainda, que têm o aprendizado insuficiente. As duas coisas podem ser verdade, mas nenhuma delas é um padrão. 6
Muitas crianças autistas podem, sem dúvida, ter déficits de aprendizagem. Principalmente aquelas que se encaixam entre o autismo moderado e grave. 6
Em geral, esses déficits estão relacionados a disfunções cognitivas que afetam as funções executivas. A criança, portanto, passa a ter mais dificuldade para planejar, sequenciar e memorizar. 6
Cerca de 30% das crianças no autismo apresentam perda de moderada a grave do tônus muscular. Isso, de fato, pode limitar as habilidades motoras grossas e finas. 7
Tônus muscular é a quantidade de tensão ou a resistência ao alongamento de um músculo. Quem tem baixo tônus muscular pode ter problemas para coordenar braços, pernas e outras partes articuladas do corpo. Outro sinal também são as habilidades motoras com atraso, causando dificuldades de falar, reflexos fracos, má postura, pouca força, diminuição do tempo de atenção e resistência às atividades físicas. 7
Muitas pessoas acabam rotulando a criança que tem baixo tônus muscular como alguém que simplesmente tem preguiça de fazer as coisas. No entanto, não é assim. 7
O baixo tônus muscular pode impactar , significativamente, a capacidade de uma pessoa realizar tarefas do dia a dia. Melhorar o tônus e mantê-lo ativo é importante para a coordenação e para a confiança. 7
Autistas podem ter dois tipos de relações opostas com o processamento da dor. Uns apresentam limiares de dor muito altos, ou seja, são insensíveis à dor. Enquanto outros têm o limiar muito baixo, tendendo a sentir dores em níveis insuportáveis. ²
Acontece que suportar a dor e deixar ela se tornar uma coisa crônica e sem tratamento é, sem dúvida, prejudicial para a capacidade de a criança autista funcionar, crescer, aprender e se comunicar com as pessoas (algo que já é naturalmente mais difícil). ²
Crianças que tenham o diagnóstico de autismo e deficiências sensoriais podem enfrentar algumas questões relacionadas a esses dois sentidos.
Se a criança nasce surda ou com deficiência auditiva, ou se nasce cega ou com deficiência visual, esse diagnóstico é, geralmente, feito bem no início da vida. Assim, os comportamentos autistas podem ser confundidos com uma reação à perda de algum desses sentidos.
Por outro lado, se essa criança tem deficiências auditivas e/ou visuais progressivas, ou seja, se vão ocorrendo ao longo dos anos, sua adaptação à perda desses sentidos pode ser interpretada, equivocadamente, como um comportamento autista.
Por isso o diagnóstico de autismo deve ser feito de forma criteriosa e com bastante cuidado para que os sinais e sintomas sejam interpretados da forma correta.
O TDAH é, sem dúvida, uma das comorbidades mais comuns no autismo. É um transtorno que engloba sintomas de desatenção, hiperatividade e, muitas vezes, impulsividade (mesmo que o último nem sempre esteja presente). O TDAH pode afetar as pessoas de diferentes maneiras, e a sua manifestação costuma ser diferente entre adultos e crianças.
Já TOD (transtorno opositivo desafiador) é um transtorno do comportamento em que a criança demonstra um padrão de humor irritado ou mal-humorado somado a comportamentos desobedientes e desafiadores. Elas sentem dificuldade em acatar instruções de pessoas na posição de autoridade, como pais e professores, por exemplo. O comportamento da criança frequentemente atrapalha sua rotina diária, como durante as atividades com as pessoas da família, assim como na escola.
Quando se trata da saúde do autista, algumas coisas são inevitáveis. Porém, como estamos falando de situações clínicas, são tratáveis. Elas, na maioria das vezes, tornam a vida de um autista mais difícil e geram desafios no dia a dia de pais, familiares e educadores.
Portanto o tratamento pode representar avanços consideráveis na evolução de um autista que, além das comorbidades, ainda precisa encarar desafios de comunicação, relacionamento e os estigmas sociais.
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Muito obrigado pela leitura e até a próxima!
Referências bibliográficas e a data de acesso.
1. Autismo e Realidade – 04/12/2022
2. Autismo Society – 04/12/2022
3. National Library of Medicine – 04/12/2022
4. CDC – 04/12/2022
5. Epilepsy.com – 04/12/2022
6. Luma Ensino – 04/12/2022
7. Sensory Direct – 04/12/2022
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Bom dia !! Eu sou Autista e pessoa com epilepsia. Sou de Ssa Ba.
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Olá tudo bem?
Tenho minha filha de 19 anos, autista não verbal, acredito que sofra com dores de cabeça, está sempre com o abdômen distendido, tem sido muito difícil saber quando ela tem dores, sempre que ela chora ou se irrita, dou medicamento pra dores, mas chegou num ponto que não tenho mais forças físicas e emocionais pra lidar com isso, não sei o que fazer… é difícil colocar ela em ambientes hospitalares.
Obrigada
Olá, Raquel. Sentimos muito, é importante você buscar apoio para lidar com a situação. Não deixe de acompanhar nosso Blog e manter contato com a gente. Um forte abraço 💙
Olá, meu filho tem 5 anos é autista e começou apresentar comportamento de muita irritabilidade todos os dias e sem motivo aparente, creio que possa ser alguma inflamação, porém ele não consome glúten.
Oi Douglas, é importante investigar. Pode ter a ver com a alimentação sim, mas pode ser comportamental também. Força e um forte abraço! 💙