O grau de autismo pode diminuir? Conheça Murilo e descubra!


o grau de autismo pode diminuir

Postado por Autismo em Dia em 26/maio/2022 - 18 Comentários

Hoje é dia de conhecer mais uma história única aqui no Autismo em Dia! O #proTEAgosnista  da vez é o Murilo, de 9 anos de idade. Foi a mãe do menino, chamada Priscila, que nos concedeu a entrevista para contar um pouco sobre a história dela e do filho com autismo. Os dois moram em Guarapuava-PR. Segundo a mãe, hoje Murilo possui um comprometimento muito menor do que quando foi diagnosticado. Portanto, se você estava se perguntando se o grau de autismo pode diminuir, talvez já tenha a sua resposta. Mas não se preocupe, nós vamos nos aprofundar mais no assunto no decorrer do texto.

Vamos conhecer mais detalhes sobre a história de Murilo? Continue a leitura!

Índice

Reconhecendo os sinais

Priscila conta que seu filho foi diagnosticado com dois anos e meio. Ela começou a desconfiar que tinha algo de diferente quando ele tinha dois anos. Isso porque Murilo ainda não falava nada e tinha muitas estereotipias:

“Ele tinha comportamentos como rodar, balançar os braços, correr de um lado para o outro… Além disso, também brincava de um jeito diferente. Ou seja, ele não dava o mesmo sentido que as outras crianças para o brinquedo. Para ele, o importante era enfileirar, organizar por cores, tamanho, esse tipo de coisa. Ele amava ursinhos de pelúcia e sempre organizava eles por cor e tamanho. Às vezes acontecia de eu precisar mexer nos brinquedos que ele tinha organizado, mas ele ficava muito irritado com isso, e eu não entendia.

Buscando respostas

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Sem entender as razões para Murilo ser tão diferente, Priscila resolveu começar levando o menino na pediatra que geralmente o atendia. A médica disse que não tinha nada de errado com o menino, mas o encaminhou para a fonoaudióloga para que fosse investigado os motivos para o menino ainda não ter aprendido a falar.

“Levei ele na fono, e ele chorou demais, muito mesmo. Ele tinha dois anos na época, e não queria nem entrar na sala dela. Essa fonoaudióloga disse que não teria como atender ele. Então, voltei para a pediatra. Dessa vez, a médica encaminhou ele para a neuropediatra. Demorou pelo menos 6 meses até conseguir a consulta. Acabou que, quando finalmente estava marcado para ele passar com a neuropediatra, ele também estava entrando na creche.

A primeira semana dele na creche foi muito, muito difícil. Ele chorava muito, chegava a passar mal. Não queria ficar lá de jeito nenhum. Eu estava conversando com as professoras e as informei que ele já tinha uma consulta marcada com a neuropediatra. Nisso, elas já elaboraram um relatório baseado nessa semana que ele estava frequentando a creche para apresentarmos na consulta.

O diagnóstico

Murilo chegou ao consultório da neuropediatra agitado. Ele ficava andando de um lado para o outro dentro da sala, sem ter nenhuma interação com a médica. 

“Para falar a verdade, ele não estava interagindo nem mesmo comigo. Só ficou andando, “explorando”, digamos assim, a sala dela. Ela analisou com cuidado o relatório, observou ele, ouviu com atenção o que eu tinha pra falar e, na mesma consulta, já disse que meu filho era autista. Pediu alguns exames, receitou um medicamento, me deu encaminhamentos para terapias, e foi isso, fui embora. Mas eu sai de lá sem saber o que era autismo. Fui entender o que era pesquisando por minha conta mesmo.”

O grau de autismo pode diminuir? Saiba como Murilo progrediu

Já sabemos que o autismo não tem cura, afinal, não se trata de uma doença. Mas, e quanto a passar de um nível de autismo severo para o moderado, ou, ainda, do moderado para o leve… Será possível? Bem, ainda que possamos dar exemplos significativos como o de Murilo, é importante nos basear principalmente em evidências cientificamente comprovadas. 

A verdade é que, sim, o grau de autismo pode diminuir! 1 Isso acontece principalmente graças à intervenção precoce por terapeutas como fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, musicoterapeutas , dentre outros profissionais que ajudam as crianças autistas a ampliar sua capacidade cognitiva, motora, de linguagem e de interação social.

Foi exatamente assim que, Murilo, que apresentava sinais mais graves de comprometimento, passou a a ter muito mais qualidade de vida:

Ele faz as terapias desde os dois anos e meio. Faz psicóloga, fono, fazia TO até o ano passado e agora está fazendo também a equoterapia. Hoje ele fala bem, está na escola regular, é tranquilo e gosta muito de socializar. Adora brincar com outras crianças, apesar de ser um pouco tímido. Adora festa, brincar, correr… Ele melhorou muito com o passar dos anos, em todos os sentidos que você imaginar.”

Um pouco sobre a personalidade de Murilo

Segundo a mãe, o garoto tem uma personalidade divertida, mas forte:

“Ele é o misto do brincalhão (palhacinho) e o nervosinho. Ele faz pegadinhas com a gente, piadinhas, é muito divertido e pra cima. Mas, às vezes, ele se irrita com facilidade. Ele gosta muito de videogames, por exemplo, principalmente antigos. Se ele está jogando e algo dá errado no jogo, ele já fica bravo. Mas, para mim, o mais importante é que ele é muito carinhoso e apegado comigo, com o pai… Mas ele também não gosta de muito grude, digamos assim. Não gosta muito de pegar na mão dos outros, de beijo, abraço… Se alguém beija ele, ele limpa, por exemplo. Hoje ele já aceita mais nossos beijos, dos pais, no caso. Mas ainda limpa as vezes, mais disfarçadamente. Mas em geral, com as outras pessoas da família, como os avós, ou conhecidos, ele prefere só dar oi, sem contato físico.

Enfrentando preconceitos

Infelizmente, a maioria das famílias que têm um filho autista já enfrentaram algum tipo de preconceito. Não foi diferente com eles. Priscila nos contou diversas situações difíceis, como bullyng sofrido na escola que terminou em uma discussão entre pais com falas muito preconceituosas e capacitistas vindas do outro lado. 

Um menino sempre agredia o meu filho e ele não revidava. A própria mãe do menino já tinha conversado comigo sobre isso. Ele era bem pequeno, nem falava ainda. Certo dia o menino agrediu mais gravemente e Murilo o mordeu com força, deixou roxo. Então, o pai desse menino foi na escola e fez um escândalo, xingou as funcionárias, disse pra diretora dar um jeito de tirar o Murilo da escola, que o lugar dele não era na mesma sala que o filho dele que era “normal”.

O meu filho não queria nem ir para a escola no dia seguinte, por medo do homem, do menino… Eu nem sabia ainda o que tinha acontecido, já que ele não falava. Só demonstrou que não queria sair, do jeito dele, e eu o deixei ficar em casa. Essa foi a situação mais difícil, eu literalmente fiquei paralisada quando soube do ocorrido, não consegui fazer nada.

Quando o preconceito vem de quem deveria acolher

Lidar com o preconceito é sempre difícil, mas é ainda pior quando vem de profissionais que, na teoria, deveriam ser capacitados para lidar com as diferenças. Veja o que Priscila enfrentou, novamente na escola:

“Há uns dois anos atrás, eu estava lutando para conseguir uma professora de apoio para ele. Ia lá toda semana para ver como estava a situação. Um dia, a supervisora disse “mas porque você não procura uma escola mais adequada pra ele, já que essa não está te atendendo?”. Ouvir isso também foi bem difícil na época. E o pior é que é algo totalmente absurdo de se dizer, já que eu não estava pedindo nada de extraordinário, é um direito dele.

Tive que ir no ministério público, e consegui um advogado e assistente social gratuitos que entraram com uma ação contra a prefeitura. Uma semana depois, ele conseguiu a professora de apoio.”

Conheça a Associação Guarapuava Mundo Azul (AGMA)

Para concluir, deixamos aqui a dica de Priscila para os pais de Guarapuava:

A AGMA é uma associação bem interessante que tem ajudado muito os pais a conseguir acesso aos direitos dos autistas. Ele dão suporte para os pais conseguirem os profissionais de apoio nas escolas, e também às terapias de apoio. Inclusive, ajudam também a encontrar terapeutas para os pais de autistas, o que é muito importante.

Outro recado que eu deixo para os pais de autistas é que, apesar de não ser fácil, vale a pena ir pelo caminho da aceitação. Seu filho é autista? Então ele sempre vai ser autista, e tudo bem! É uma diferença? Sim! E qual o problema em ser diferente? Todo mundo é diferente! Que graça teria se todos fossem iguais? Aceitar e ir à luta é importante. Ouvir muito nãos, a gente vai ouvir. Mas ir atrás vale a pena. Quando a gente ouve a criança dizer a primeira palavra, ver fazendo amigos, ver todos os avanços, é uma alegria muito grande.

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E então, gostou de conhecer o Murilo e a Priscila? Nós adoramos ver mais um caso da vida real que nos mostra que sim, o grau de autismo pode diminuir com as intervenções certas! 

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Obrigado pela leitura, e até a próxima! ?


Referência e data de acesso:

1- NeuroConecta – Acesso em 21/03/2022.

“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”

18 respostas para “O grau de autismo pode diminuir? Conheça Murilo e descubra!”

  1. Juliana disse:

    Muito bom ver relatos assim, isso me enche de esperança! Minha filha foi laudada em Janeiro deste ano, e vejo que com as terapias e a creche ela tem melhorado muito no desenvolvimento. Ela ainda não fala, mas eu acredito que em breve teremos essa alegria! Amo essa página, continuem!

  2. josefa luna disse:

    Excelente dpoimento/relato, Parabéns Priscila e Murilo.

  3. Taís disse:

    Vocês não imaginam como é importante pra quem acabou de receber o diagnóstico ler sobre resultados positivos. A gente precisa ter esperança pra conseguir levantar da cama. Sem saber o que esperar é muito difícil.

  4. Ana Priscila Volochati disse:

    maravilha gente, a ideia é essa mesma, mostrar a vocês que não é o fim do nosso sonho. grande abraço a todas

  5. Renarle disse:

    É bom sabermos que existem muitas pessoas de Deus, trazendo conteúdos benéficos aos que não sabem o que fazer. Que Deus abençoe a todos amém

  6. Adriano disse:

    Que legal esse trabalho
    Poderia me indicar algum filme, artigo ou livro
    sobre autismo?

  7. Diana disse:

    meu filho falou com mais de 7anos,sofri muito preconceito mais da família dele.Diana

  8. Gean Lourenço disse:

    Show de bola gostei muito de vê Murilo e ter ele como um ex para meu Neto. pois meu Neto tem autismo.e não sabia como proceder e vendo Murilo e AGMA fico mais felizes. e como agora Devo proceder com meu Netinho . Lorenzo

  9. Rangel disse:

    sensacional esse artigo. tenho um filho de 3 amos e meio que é autista e ele faz TO, fono, Musicoterapia e psicólogo há 1 ano meio e está progredindo bem.
    fico feliz de ler artigos assim, nos dá mais forças pra seguir em frente

  10. claudineia apparecida prudente disse:

    amei essa historia decMurilo tenho um neto com autismo e espero que ele com tratamento desenvolva asdim tambem😘

  11. Flávia Zaneli disse:

    Descobri o autismo do meu filho quando ele tinha um ano e meio,aos 4 anos ele só falava ecolalia,não desisti continuei insistindo conversando com ele pra tentar ter um diálogo ele começou a me corresponder por volta dos 5 anos até hoje com 8 anos têm rigidez cognitiva só gosta de conversar assuntos do seu interesse mais estamos caminhando o caminho é longo as evoluções são lentas mais acontecem não desistam pois diagnóstico não é destino.

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