Conheça Léo, um garoto autista de 5 anos


garoto autista

Postado por Autismo em Dia em 23/ago/2022 - 8 Comentários

Bem vindos a mais um #proTEAgonistas! Hoje vamos conhecer uma família que mora em Pinhais-PR. Quem conversou com a gente foi a Itala Rafaela Gottardello, mãe do Leonardo Gottardello Bertoti, um menino autista de 5 anos, e esposa de Cristiano Galassi Bertoti, pai do garoto.

Vamos conhecer melhor essa família? Continue a leitura para saber como eles descobriram que Leonardo faz parte do TEA e como tem sido a experiência deles até aqui.

Índice

Mais detalhes sobre a família

Itala é secretária de projetos em uma empresa de grandes obras de construção civil, e Cristiano é gerente em uma empresa do ramo ótico. Ela conta que, apesar de morar apenas os três na mesma casa, a avó materna e um dos tios de Leonardo também fazem parte do dia a dia deles. 

“A minha mãe e meu irmão de 21 anos, que mora com ela, são bem presentes, porque a minha mãe ajuda muito a gente no dia a dia. Ela pega o Léo todos os dias na escola e fica com ele até eu voltar do trabalho e poder buscá-lo. Como o meu irmão mais novo mora com ela, ele também convive bastante com o Léo. Então, apesar de ser apenas nós três em casa, eles também fazem parte do nosso círculo familiar mais próximo.

Fonte: Arquivo pessoal – cedido por Itala Rafaela Gottardello.

Como surgiu a suspeita de autismo

Léo tinha dois anos e meio quando a escola chamou os pais para conversar. O motivo para essa conversa era o atraso na fala do menino. Itala conta que, por volta dos dois anos de idade, o menino parou de falar algumas palavrinhas que já faziam parte do seu repertório, como “mama”, “papa”, “água”, etc. Ela relembra que, na época, isso não levantou nenhum sinal de alerta. Afinal, por ser o único filho do casal, eles não tinham a experiência para notar se os marcos do desenvolvimento do filho estavam dentro do esperado.

“Olhando pra trás hoje a gente consegue ver, mas na época não percebemos. Ele apontava, levava a nossa mão quando ele queria algo, etc. Aí a escola nos chamou e orientou a levarmos ele em uma fonoaudióloga. Só aí que a gente passou a ver a demora dele para falar como um problema, porque até então a gente pensava coisas como “é coisa da idade”, “menino demora mais mesmo”… Enfim, coisas que familiares e amigos vão falando e a gente acaba comprando. Fomos antes na pediatra dele e eu passei pra ela o que a escola disse, então ela nos indicou uma fonoaudióloga.

Nessa época, nem nós nem a pediatra suspeitávamos de nada. Quando a gente chegou na fonoaudióloga, passamos por uma longa consulta que durou em torno de duas horas e meia. Ela fez muitas perguntas, voltando desde quando eu concebi o Léo, praticamente. Falamos da gravidez, dos primeiros meses, até chegar na idade que ele tinha. No final, ela disse: “Mãe, você imagina que o seu filho pode ser autista?” e eu falei “Claro que não!” porque o que a gente sabia sobre autismo eram coisas muito específicas que nem sempre acontecem. Por exemplo, ele olha nos olhos, sempre olhou, desde a amamentação, e a gente tinha aquela visão de que nenhum autista olha nos olhos.

Por fim, ela disse que não podia dar diagnóstico, mas que era especialista em autismo e que haviam indícios muito fortes, e orientou que a gente consultasse com um médico especialista.”

O diagnóstico

Fonte: Arquivo pessoal – cedido por Itala Rafaela Gottardello.

Itala conta que o diagnóstico de Léo foi feito por uma psiquiatra especialista que aplicou o teste ADOS, que é mundialmente conhecido e usado para diagnosticar o TEA.

“Foram em torno de 4 ou 5 encontros até termos o diagnóstico fechado por essa psiquiatra. Mas antes mesmo disso, no decorrer desse processo, a gente já foi enxergando que era isso mesmo. Consultamos também um neurologista depois disso, que também confirmou o diagnóstico.”

Lidando com a descoberta

Itala relembra que na primeira vez que ouviu da fonoaudióloga que o filho poderia ser autista ela chorou durante o dia todo. Na época ela trabalhava em uma empresa de psicólogos e eles deram um apoio que foi muito importante.

“Eles me ensinaram o que era o autismo, que era um transtorno do neurodesenvolvimento, que não era uma doença, etc. Isso foi muito bom, porque eu não sabia de nada disso. Fui assimilando tudo aos poucos, lendo mais sobre o assunto, e na verdade, quando a gente chegou nos profissionais para fazer o diagnóstico, eu e o meu marido já sabíamos que estávamos lá só pra ter a confirmação.”

Aprendendo a enfrentar as dificuldades

Ainda que o autismo não seja uma doença, não podemos romantizar o transtorno e fingir que ele não afeta a família em diversos sentidos. É importante dar voz à mãe do garoto autista para falar também sobre as dificuldades relacionadas ao TEA:

A dificuldade maior é a solidão. Muitas pessoas se afastam, amigos, familiares, etc. Com isso, a nossa rede de apoio acaba não sendo tão grande quanto a gente imagina no início. Além disso, tem o julgamento das pessoas que é muito complicado. Por exemplo, muita gente diz que somos escolhidos por Deus, e soltam frases como “Deus não dá um fardo maior do que a gente pode carregar”, mas não é assim. Nós acreditamos em Deus, mas não concordamos nem ficamos confortáveis com essas falas prontas que romantizam a maternidade e paternidade de uma criança com deficiência. Vejo sim que nós evoluímos graças a ele, mas isso não tem nada a ver com sermos “escolhidos”.

Hoje eu sou muito mais humana, penso muito mais no próximo, tenho muito mais empatia e tento julgar muito menos as pessoas. E acredito que para o meu marido também houveram mudanças nesse sentido. Mas sei que ele também sofre quando somos julgados de alguma  forma.”

Conheça melhor o Léo

Fonte: Arquivo pessoal – cedido por Itala Rafaela Gottardello.

Ele é um garoto autista de nível 2 de 5 anos de idade. A mãe conta que os profissionais acreditam que ele virá a fazer parte do nível 1 do espectro, já que tem evoluído bem com as intervenções. Ele faz várias terapias e participa de atividades que ajudam no seu desenvolvimento:

“Hoje ele faz futsal e judô na escola. Segunda, terça e quarta tem terapias a manhã toda: fonoaudióloga, terapia ocupacional, psicóloga e integração sensorial. A evolução dele foi muito boa, hoje ele já fala, por exemplo. Ele ainda tem algumas dificuldades de linguagem, para formular as frases de uma forma mais funcional, mas ele já melhorou muito, e continua melhorando a cada dia.

Uma doce personalidade

Conforme compartilha Itala, o garoto autista, Léo, é muito amoroso e afetivo:

O Léo é a criança mais amorosa que eu conheço no mundo! Ele tem uma dificuldade de socialização muito grande, então as pessoas que ele tem vínculo são as que ele convive bastante. Somos eu, o pai dele, minha mãe, meu irmão mais novo, que é o que mora na casa da minha mãe, a professora e as terapeutas. A todo momento ele quer beijar, abraçar… Às vezes ele está no quarto dele brincando e do nada vem pedindo um abraço, dizendo “eu te amo”.”

Ele é uma criança de personalidade forte, quando ele quer algo, ele quer, então é difícil de lidar às vezes… Puxou o pai e a mãe, ambos temos personalidades fortíssimas. Adora tecnologia, videogame, jogos eletrônicos… Hoje ele está apaixonado por Roblox, por exemplo.

O Léo não tem hiperfocos que duram muito tempo, mas de vez em quando acontece. Teve em Ladybug ano passado quando descobriu o desenho, depois passou, e agora voltou novamente. Já aprendeu a mexer na smart tv e colocar os vídeos, mas a gente supervisiona todo tempo. Ele também tem uma facilidade em inglês impressionante, a professora dele comentou que ele pega muito rápido, e em casa mesmo ele fala algumas palavras em inglês também.

Um recado final da mãe

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Fonte: Arquivo pessoal – cedido por Itala Rafaela Gottardello.

Para finalizar mais um texto da nossa seção de #proTEAgonistas, deixamos um recado da mãe do garoto autista, Itala, para outras pessoas que estejam passando pelo processo de descoberta ou diagnóstico de autismo:

“Para quem desconfia, meu conselho é: vá atrás do diagnóstico. O diagnóstico não é uma sentença, é uma libertação. Com ele você tem respostas, tem um norte. E digo isso não só para outras mães, mas também para adultos que desconfiam que podem ser autistas.

O diagnóstico de autismo não é o fim do mundo. A vida vai ser mais difícil? Vai. Vão existir dificuldades que os outros pais não enfrentam? Sim. Mas também existirão imensas alegrias. A gente aprende a ser feliz com pequenos detalhes, como quando a criança aprende uma palavra nova, quando ela sai das fraldas… Coisas que acabamos dando muito mais valor do que provavelmente daríamos se fosse uma criança neurotípica que passa por algumas coisas de uma forma muito mais natural.
Acredito que aos poucos você vai vendo que seu objetivo é transformar a vida do seu filho da forma mais feliz e leve possível. Então acho que é isso! Ter em mente que independente de quão pesado esteja, é uma fase. Estude, aprenda mais sobre o assunto, corra atrás das terapias… Você vai ser feliz com o seu filho sendo do jeitinho que ele é.

Esse foi o nosso texto sobre o Léo, um garoto autista de 5 anos! Gostou de conhecer ele e sua família? Então compartilhe com alguém que também vai gostar de ler essa história.

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Obrigado pela leitura! 💙

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8 respostas para “Conheça Léo, um garoto autista de 5 anos”

  1. Milene disse:

    Nossa que lindo ouvir isso! Obrigada por compartilhar a sua história!❤

  2. Jessica disse:

    História linda! Super Inspiração! Parabéns!

  3. Nete Barros disse:

    Sua história muito linda, parabéns pelo seu anjo de luz.Eu também tenho um filho autista ele tem 8anos

  4. eliane chagas disse:

    Muita linda sua história pois tenho um filho autista com 4 anos e com as mesma características pois a cada dia é um novo saber e compreender e ele nos ensina muitas coisas que hoje damos valor e a cada dia que leio uma história linda como a dele vejo que tudo é uma superação.

  5. Kath Cruz disse:

    Oiê eu já suspeitava, mas não queria pedir pra pediatra passar encaminhamento para o psicólogo, porém em uma consulta de rotina a pediatra me diz mãezinha vamos passar ela no psicólogo com a hipótese de diagnóstico TEA, não foi e não está sendo fácil, ela ainda vai passar na primeira consulta mas já sei o diagnóstico. Obrigada por sua história é linda 💞

    • Autismo em Dia disse:

      Obrigado por deixar seus comentários Kath. Desejamos o melhor para você e sua filha. 💙

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