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Postado por Autismo em Dia em 07/mar/2022 - 4 Comentários
Hoje nós vamos conhecer um #proTEAgonista que tem uma história para lá de emocionante! Conversamos com Amanda, mãe do Tamir, um menino autista de 11 anos, irmão de Tamara. Amanda e o marido, Rodrigo, adotaram Tamir quando ele tinha 5 anos de idade. Eles decidiram adotar uma criança em 2015, mas o que eles não imaginavam, é que acabariam adotando duas crianças de uma vez só.
Tamir e sua irmã mais nova, Tamara, viviam em um abrigo quando conheceram os pais, e eles souberam que eram uma família desde o primeiro encontro. Quer saber detalhes sobre essa família excepcional? Então, continue a leitura e saiba tudo sobre eles!
Índice
Amanda conta que Tamir e Tamara já estavam no abrigo há pelo menos dois anos. Eles chegaram a conviver com a família biológica, e infelizmente, as histórias sobre esse período não são boas. Ambos sofreram diversos maus tratos nessa época, até que os progenitores perderam a guarda das crianças.
Mas os maus bocados que os irmãos enfrentaram não pararam por aí. No abrigo, Tamir, que era uma criança muito agitada, era medicado com doses altas de sedativos para “acalmá-lo”. A mãe das crianças conta que eles também sofreram maus tratos no abrigo, e, como Tamir já demonstrava sinais de que tinha alguma deficiência, muitas famílias desistiam da adoção dos irmãos.
Acontece que isso mudou quando o casal entrou na vida desses dois, e, felizmente, tudo seria diferente dali para a frente. Eles finalmente receberiam a família e o amor que mereciam.
Tudo começou com o desejo de Amanda de adotar. Veja o que ela nos contou sobre esse momento:
“Eu sou professora, e sempre senti vontade de levar meus alunos para casa! Realmente tinha esse desejo de adotar, de cuidar. Eu casei, e não consegui engravidar. Não foram anos tentando, mas mesmo assim decidimos adotar.
Como era um desejo “mais meu”, digamos assim, eu deixei nas mãos do meu marido o processo. Eu não queria que ele se sentisse pressionado a fazer isso só porque eu queria. Mas ele fez tudo! Correu atrás das documentações, reuniões de adoção… E deu tudo certo! Recebemos um pedido para ir visitar o abrigo que o Tamir e a irmã moravam.“
Seria impossível descrever esse momento com tanta doçura quanto nas palavras da própria mãe. Então, veja o que ela conta sobre esse dia especial:
“Fomos ao abrigo em 3 casais. Chegando lá, entrou o primeiro casal na sala, o segundo, e quando nós entramos, o Tamir se jogou nos braços do meu marido e falou “upa tio”. Quando eu vi essa cena, as minhas pernas amoleceram e eu imediatamente pensei “meu Deus, é esse menino!“.
Mas eu não quis falar isso na hora, pensei que podia ser coisa da minha cabeça. Ficamos um bom tempo com ele, e ele ficou o tempo todo ali perto da gente. Quando saímos dali, a primeira coisa que meu marido falou foi: “eu vou voltar buscar esse menino!”. Os casais que estavam junto até se espantaram, pois viram que ele era uma criança debilitada. Mas isso não mudava em nada o nosso sentimento de que era ele.”
Na reunião de adoção seguinte, dessa vez no fórum, o pai falou com os responsáveis sobre o desejo de adotar Tamir. Foi aí que eles descobriram que o menino tinha uma irmã:
“A psicóloga alertou meu marido que ele tinha uma irmã de três anos, e imediatamente, ele disse que adotaria ela também. A partir daí, começamos o processo de aproximação.
Primeiro, encontramos eles no fórum, com a supervisão dos profissionais envolvidos no processo de adoção. Depois, ficamos em salas separadas e, na hora que eles passaram por nós, indo embora, eles gritaram “tchau pai, tchau mãe”. Nesse momento, eu tive a plena certeza de que eles eram nossos filhos.“
Amanda conta que o processo de adoção foi muito rápido. Isso porque era considerada como uma adoção tardia, devido a idade do Tamir e o tempo que eles passaram no abrigo. Como eles já tinham conhecido vários casais e nunca foram adotados, o processo foi acelerado. “Quando eu vi, eu estava com duas crianças dentro de casa. Foi bem rápida a questão legal.” – Conta Amanda.
Finalmente, Tamir e Tamara tinham um lar e uma família disposta a dar todo o suporte necessário para que eles tivessem uma infância mais feliz dali para a frente. E é claro, como esperado, Tamir teria o suporte profissional e a investigação neurológica que precisava. Começava ali a busca por um diagnóstico.
Não era novidade para o casal que Tamir tinha algum transtorno, ele falava poucas palavras e tinha um comprometimento cognitivo notável. Naturalmente, após a adoção, os pais queriam saber exatamente o qual era a situação para então dar o suporte necessário para o menino.
“Eu sei que para muitos pais descobrir que têm um filho autista é algo difícil de lidar e que deixa muitos sem chão. Mas como já adotamos o Tamir sabendo que ele tinha algum comprometimento, para nós não foi assim. A gente só queria saber o que ele tinha.
Fui eu que notei alguns sinais de autismo e falei sobre isso com a médica. Como tenho experiência pedagógica, já tinha estudado um pouco sobre o autismo. Fomos para muitas terapias e médicos, e o caminho até o diagnóstico foi longo. Como ele veio tomando muitos medicamentos que não eram adequados pro caso dele, segundo os próprios médicos, precisávamos tirar essas medicações aos poucos e deixar só aqueles remédios que faziam sentido com o possível diagnóstico. E claro, ele precisou passar por muitos exames para descartar outras possibilidades, e o fato de não ter passado os primeiros anos de vida conosco dificultou, porque a gente não sabia como tinha sido o desenvolvimento dele nesse período.”
Amanda conta que o processo de retirada dos remédios foi trabalhoso, pois segundo os médicos envolvidos no tratamento, além de todas as agressões sofridas, ele também tinha sido submetido a uma agressão medicamentosa. No abrigo, não buscaram um diagnóstico e tratamento, e sim uma forma de manter Tamir sedado.
Dois anos se passaram desde o momento em que os pais começaram a levar Tamir aos especialistas, até receberem o diagnóstico após a avaliação de uma equipe de especialistas da USP. Além do autismo de grau II (moderado), o menino também recebeu um diagnóstico de síndrome alcoólica fetal. Trata-se de um distúrbio que afeta o desenvolvimento do feto, causado pelo consumo de bebidas alcoólicas pela progenitora durante a gestação.
A mãe de Tamir conta que após o diagnóstico de autismo, tudo ficou mais fácil, afinal, agora havia um plano de tratamento para ajudar o menino a se desenvolver. E não foi só o diagnóstico de autismo que esclareceu as coisas: Amanda conta que o diagnóstico da síndrome alcoólica fetal também trouxe várias respostas, pois nem tudo se explicava quando só se sabia da possibilidade de o menino ser autista.
“Com esses diagnósticos, ficou mais fácil compreender o meu filho e buscar os tratamentos que ele precisava para se desenvolver. E ele tem evoluído muito bem em todos os sentidos, desde a parte comportamental, pedagógica, e todas as outras habilidades que ele precisa pra ter mais autonomia.
Nós aprendemos muito com ele. Eu sou pedagoga, mas abri mão do meu concurso público e carreira para me dedicar aos meus filhos. Depois da adoção, eu engravidei e fui presenteada com mais um menino, o Tobias. E se alguém tem alguma dúvida se tem diferença entre adotar e gerar, eu posso dizer que para mim, não tem diferença nenhuma. A mesma emoção que eu senti quando vi o Tobias pela primeira vez, foi o que senti pelo Tamir e pela Tamara, o sentimento é exatamente o mesmo. Tenho três crianças e sou mãe em tempo integral.
Das coisas que mais posso destacar entre o que mudou na nossa vida depois da chegada do Tamir, eu diria que o principal é que nós aprendemos mais sobre respeito às pessoas com deficiência, e nos tornamos mais solidários, procurando ajudar outros pais. A adoção transformou a gente. Não só eu e meu marido, mas a família toda, nossos parentes, todos. As crianças trouxeram vida para a família.“
Muitas vezes, quando alguém descobre que Amanda e Rodrigo escolheram adotar Tamara e o irmão autista Tamir, sabendo que o menino tinha necessidades especiais, a reação é de espanto. Afinal, pela lógica, “ninguém” escolheria ter um filho autista e com deficiência intelectual. Mas Amanda deixa uma reflexão importante sobre isso:
“Assim como, antes de nós, os meus filhos foram rejeitados por várias famílias por causa das necessidades dele, várias outras crianças ficam esperando por uma família por anos e anos, e algumas nunca são adotadas. Elas são esquecidas, por um simples detalhe, um jeito de ser que é diferente.
Não digo isso querendo romantizar as deficiências, mas assim como uma mãe que gerou vai continuar amando o filho mesmo que ele venha com alguma deficiência, a mãe de coração também vai amar esse filho independente de qualquer coisa. Então, se você pensa em adotar, tenha o coração e a mente aberta para receber uma criança especial, eles também precisam de amor e merecem ter uma família.”
Essa foi a história do irmão autista que conquistou o coração dos pais de primeira e garantiu um lar para ele e sua irmã. Impossível não se emocionar, não é mesmo? Ficamos muito felizes pela oportunidade de conhecê-los e por fazer essa história tão impressionante chegar até outras pessoas.
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Até a próxima! ?
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obrigada pela entrevista me emociono todas as vez.
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Chorei de emoção com essa história! Deus os abençoe!!
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