Dicas para viajar com uma criança ou adolescente autista


viajar com autista

Postado por Autismo em Dia em 01/dez/2022 - 7 Comentários

As férias escolares estão aí, e com elas as mudanças de rotina que podem ser tão desafiadoras para um autista. E se ficar em casa já pode ser uma forma de quebrar a rotina, viajar é certamente ainda mais impactante.

É claro que não existe uma forma mágica para evitar possíveis crises, mas é possível tomar diversos cuidados para evitá-las, ou ainda para enfrentá-las de uma forma mais efetiva.

No decorrer do texto vamos abordar diversas situações e esperamos ajudar as famílias a viajarem mais preparadas e a passarem mais tempo de qualidade com as crianças e adolescentes autistas. Continue a leitura!

Índice

Viajar com um autista: tente oferecer previsibilidade

Uma coisa muito frustrante para muitos autistas é a falta de previsibilidade. Isso pode deixá-los irritados e tornar a experiência de viajar desagradável para eles. Procure oferecer o máximo de informações possíveis sobre as etapas da viagem, por exemplo:

  • Informe quais os meios de transporte que vão ser utilizados e o tempo que a viagem vai durar.
  • Fale sobre as etapas, como por exemplo: “vamos sair de casa em um carro que vai levar a gente até o aeroporto, nós chegamos no aeroporto cerca de duas horas antes do voo. O voo vai durar duas horas, depois, vamos descer em outro aeroporto e pegar mais um avião”.
  • Mostre fotos do hotel, pousada ou qualquer que seja o local onde vocês ficarão hospedados. 
  • Compartilhe informações sobre as atividades que serão realizadas, dizendo se vão à praia, piscina, algum parque etc.
  • Tente manter partes da rotina normal, como horários para dormir e acordar, horários das refeições etc. pois isso pode ser muito significativo para o bem-estar do autista.
  • Criar um cronograma também pode ajudar, pois permite que seu filho desenvolva uma nova rotina para sua viagem. Ele pode prever o que vai acontecer a seguir e aliviar um pouco da ansiedade de estar em um lugar completamente novo. Isso pode incluir coisas simples, como café da manhã das 8h às 9h, viagem de ônibus das 9h às 9h30, passeios turísticos das 9h30 às 12h30, almoço das 12h30, intervalo às 13h30 etc. 1

Viajar com um autista: de opções

A ideia de passar um tempo em um novo ambiente pode ser intimidante para todos, especialmente para um autista. Permitir que seu filho sinta que está no controle é uma maneira de aliviar essa ansiedade. 

Uma sugestão é que eles façam suas próprias malas, ou pelo menos ajudem nesse processo, por exemplo. Eles podem levar algumas de suas coisas favoritas, como brinquedos ou cobertores que tenham apego, livros, tablets (ou outros dispositivos) e lanches para a viagem.

Esta etapa fornece ao seu filho algo para se sentir responsável e permite que ele escolha quais itens de conforto levar para essa nova experiência. Esses itens familiares serão úteis para reduzir o estresse e o tédio durante os tempos de espera comuns nas viagens. 1

viajar com autista

Foto: Envato/Click_and_Photo.

Viajar com um autista: prepare-se para preocupações sensoriais

Ruídos desconhecidos durante a viagem podem ser problemáticos, mas levar tampões para os ouvidos, fones de ouvido com cancelamento de ruído ou tocadores de música podem ajudar. Se seu filho tiver dificuldade em lidar com multidões ou ficar na fila, pergunte ao atendente do portão se vocês podem embarcar mais cedo para se acomodar rapidamente ou planeje embarcar por último, para que você gaste menos tempo esperando antes de partir. Além disso, para viagens de avião e ônibus, você pode tentar obter assentos na frente, onde seu filho pode não ter tanta visão do local lotado quanto teria  no fundo, diminuindo a ansiedade. 1

Viajar com um autista: planeje bem o ambiente

Para uma criança que se acalma assistindo à TV, escolher um quarto sem o recurso pode ser uma péssima ideia. Por isso, sempre preste atenção aos detalhes para não acabar escolhendo um local pouco favorável. 

Ao se hospedar em um hotel, é uma boa ideia ligar antes e pedir um quarto silencioso (como nos cantos) e solicitar um quarto com geladeira caso seu filho siga uma dieta específica. Você também pode explicar as necessidades específicas de seu filho antes da chegada para ver se há alguma acomodação adicional que o hotel possa oferecer. Isso também lhe dará a oportunidade de discutir as precauções de segurança, como alarmes de porta e acesso à piscinas ou à rua. 1

Viajar com um autista: divida as responsabilidades

Viagens são um momento para relaxar, por isso, divida as responsabilidades de cuidador com outros membros da família. Isso pode reduzir o estresse e a ansiedade dos pais, e a ajuda dos outros membros da família é importante para que todos possam curtir sem preocupações em determinados momentos.

Ter uma pessoa por vez para supervisionar individualmente e alternar essa responsabilidade durante a viagem ajudará a manter seu filho seguro e lhe dará tranquilidade. Esse tipo de trabalho em equipe permitirá que todos sigam sem problemas durante toda a viagem e ajudem a diminuir o estresse entre si. 1

Viajar com um autista: reforce o bom comportamento

É sempre bom reforçar o bom comportamento da criança. Isso pode ser feito com a simples recompensa de um elogio, um adesivo, um brinquedinho ou qualquer outra coisa que agrade o seu filho.

Você pode até considerar que seu filho ganhe uma recompensa especial no final de uma viagem, voo ou cruzeiro bem-sucedido. Lembre-se de tentar observar os momentos em que a criança está se esforçando e reforce-os com uma recompensa. Esses comportamentos positivos podem incluir sentar com o cinto de segurança, ler em silêncio ou atender a um pedido.  1

Foto: Envato/friends_stock.

Viajar com um autista: preocupações com o banheiro

Embora muitos autistas usem sempre o banheiro de forma ideal, para alguns pode ser difícil. Em alguns casos, podem ocorrer eventuais acidentes, especialmente com a mudança de rotina que causa estresse e pode ainda causar uma espécie de “trava” na hora de ir ao banheiro.

Não é difícil imaginar, por exemplo, que uma criança que só usa o banheiro da escola e de casa não se sinta confortável em um banheiro diferente e acabe se segurando. E isso é um problema não só por poder levar a um incidente de acabar fazendo nas calças, mas também porque segurar a vontade de ir ao banheiro por muito tempo pode até facilitar infecções urinárias, por exemplo.

Mas como evitar isso? Bem, é preciso começar antes da viagem. Ao se preparar para as férias, incentive seu filho a usar diferentes banheiros públicos. Isso pode ser feito durante os passeios do dia a dia, como ir ao shopping, supermercado, etc. Incentive-o a beber água ou outra bebida saudável antes ou durante essas “viagens de prática” para aumentar a probabilidade de precisar usar um banheiro público. Ensine sobre os comportamentos de higiene esperados para esse tipo de ambiente. 2

Capriche no reforço positivo

Seja generoso com o reforço positivo imediatamente após seu filho usar o banheiro fora de casa e da escola. Complemente seu elogio com uma guloseima ou atividade favorita. É uma maneira poderosa de ensinar um novo comportamento.

Você pode gradualmente diminuir essas recompensas à medida que seu filho se torna mais apto a usar o banheiro em novos locais. Continue usando elogios para manter o comportamento. 2

Agende pausas para ir ao banheiro

Nas férias – ou em outras mudanças na rotina habitual – reserve um tempo especial para ir ao banheiro. Por exemplo:

  1. Uma programação diária de pausas para ir ao banheiro (após o café da manhã, almoço, etc.)
  2. Ir ao banheiro imediatamente antes de atividades divertidas. Por exemplo, antes de ir à piscina ou à praia. 2

Considerações especiais sobre banheiros públicos

Quando se trata de usar banheiros públicos, é importante considerar que pode haver algo estressante nesse ambiente. Na verdade, muitas crianças com autismo têm ansiedade sobre aspectos específicos de banheiros públicos. O ruído inesperado de um secador de mãos à jatos de ar, por exemplo.

Se você sentir que seu filho tem apreensões como essas, ofereça suporte, como tampões para os ouvidos ou um aviso sobre o que esperar. Além disso, um psicólogo ou terapeuta ocupacional pode trabalhar com você e seu filho para identificar e abordar essas fontes de ansiedade.

Quando apesar de seus melhores esforços, seu filho tiver um acidente, reaja com o mínimo de alarde e conversa possível. Incentive uma troca rápida de roupas em um tom prático, com um breve lembrete de suas expectativas daqui para frente. Mas tente não focar no acidente. Mantenha sua atenção em celebrar e elogiar os sucessos. 2

Foto: Envato/GabiStock.

Existem diversas questões que podem deixar os pais, cuidadores e os próprios autistas preocupados quanto a viajar. Esperamos que as dicas que trouxemos hoje possam ter ajudado a diminuir esses receios e a aumentar o encorajamento para proporcionar momentos prazerosos para todos durante as férias.

Gostou do texto? Então siga o Autismo em Dia nas redes sociais pois também postamos muitos conteúdos interessantes por lá!

Muito obrigado pela leitura e até a próxima.


Referências e datas de acesso:

1- Autism Speaks – Acesso em 23/11/2022.

2- Autism Speaks – Acesso em 23/11/2022.

“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”

7 respostas para “Dicas para viajar com uma criança ou adolescente autista”

  1. valdecir jose algayer disse:

    Muito bom…excelente texto

  2. Raimunda Maria Mendes da Silva disse:

    o meu neto professor dele já pediu uma avaliação porque suspeita que ele é autismo o que é que eu faço qual o telefone que eu entro em contato para mim me informar melhor eu moro em Marabá Pará

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Raimundo. O caminho é buscar um neuropediatra em sua cidade para fazer uma avaliação. Boa sorte em sua caminhada, um abraço!

  3. DANIELLE DE OLIVEIRA SILVA DOS SANTOS disse:

    Ola, Sra. Raimunda.
    Você pode levar ele no neuropediatra ou psiquiatra essas duas especialidades tratam de autista, meu filho faz acompanhamento com neuro. Se na sua cidade ele faz acompanhamento com o pediatra, você pode solicitar um encaminhamento do pediatra pois ele já começa a análise também, quando minhas suspeitas começaram com o meu filho, conversei com a pediatra e ela me encaminhou para o neuro e com o encaminhamento ela já me deu uma ficha de teste que já podia dar indícios, tanto que através desta ficha quando cheguei no neuro já foi encaminhado para os exames, aí foi um processo de mais ou menos 6 meses para eu ter o positivo para autismo, e começamos a fazer tudo que é necessário, entre terapias e acompanhamentos e meu bebê tem 3 anos, e estamos a cada dia vencendo nossas expectativas e obstáculos.

    Boa sorte, que de tudo certo para vocês.
    abraços.

  4. DANIELLE DE OLIVEIRA SILVA DOS SANTOS disse:

    Obrigada pela dica do site.

    Deus abençoe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


error: Este conteúdo é de autoria e propriedade do Autismo em Dia