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Postado por Autismo em Dia em 06/jan/2023 - Sem Comentários
Não é mais um fato tão novo que, na última década, houve um aumento nos diagnósticos de autismo. No entanto, o autismo é um espectro muito amplo, o que significa que pode ser ainda muito difícil determiná-lo muito cedo. Para muitas crianças, esse processo chega a durar alguns anos até a confirmação médica. Então, quando falamos de diagnóstico precoce do autismo não estamos nos referindo a acelerar esse processo afim de simplesmente obter uma resposta. Mas também de antecipar as intervenções.
Hoje, vamos falar dos benefícios de descobrir o quanto antes se o comportamento de uma criança indica autismo ou não. Continue com a gente para saber mais!
Índice
Antes de falar sobre o diagnóstico precoce do autismo, é importante que você saiba identificar os sinais que devem servir de alerta para a busca de respostas.
Primeira coisa e talvez a mais importante a saber: autismo não é uma doença, portanto, não demanda uma cura. Porém, para uma qualidade de vida melhor, vários sinais dependem de alguma intervenção para que a criança possa ter um melhor desenvolvimento em áreas comuns da vida, como o aprendizado e a socialização. ¹
Em boa parte dos casos, o autismo se manifesta já na primeira infância, que compreende os primeiros cinco anos de vida. O transtorno do espectro do autismo afeta, principalmente, a forma com que a criança se comunica, interage, aprende e vive situações que parecem extremamente óbvias para a maioria das pessoas. ¹
O autismo pode vir acompanhado com uma ampla gama de sintomas com diferentes níveis de gravidade. Em resumo, esses níveis são determinados de 1 a 3, ou leve, moderado e severo. Por isso mesmo, nenhum autista é igual a outro. ¹
É muito comum que crianças autistas atrasem alguns marcos do desenvolvimento e não se desenvolva como a média das outras crianças da mesma idade. Podem aparecer sinais como padrões repetitivos, interesses restritos, falta de contato visual, desenvolvimento atrasado ou nulo da fala, desinteresse na afetividade, dificuldade em dormir e para comer, altos níveis de estresse e dificuldades sensoriais. ¹
Lembrando que esses sintomas podem ou não aparecer juntos, com combinações bem diferentes na forma que se manifestam, em comparação com outros autistas. ¹
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As ciências que estudam o autismo ao longo do tempo seguem longe de determinar um consenso sobre a causa do transtorno. O que se sabe, no entanto, é que existe uma série de modificações neurológicas por trás dos comportamentos. Por isso, é válido dizer que o cérebro de um autista funciona diferente. ²
Logo, não há, também, um tratamento padrão. Os tratamentos multidisciplinares costumam ser mais eficazes pois tratam cada dificuldade de forma individual. Quanto antes os tratamentos começarem, melhor, antes mesmo do diagnóstico confirmando ou não o autismo. ²
Uma criança que tenha seletividade alimentar, por exemplo, precisa de tratamento para que possa ser alimentada de acordo com o que pede as suas fases de crescimento. Se a criança anda na ponta dos pés, a falta da intervenção pode fazê-la ter problemas ósseos. Ou seja, independente de diagnóstico, existem questões a serem enfrentadas. O tempo é crucial! ²
Segundo dados do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, a maioria das crianças autistas passam a ser investigadas depois dos 4 anos de idade. E isso significa que elas podem estar perdendo um tempo valioso que, certamente, tem efeito no rendimento escolar, social e familiar. ³
Porém, esse dado tem algumas explicações.
Quando uma família passa a desconfiar de que a criança tem algo diferente em seu desenvolvimento, essa dúvida passa por algumas barreiras sociais. E não é só da porta pra fora de casa, também começa dentro da própria família. ¹
Quando a família tem dúvida, muitas vezes precisa lidar com a falta de conhecimento tanto dos pais, quanto dos mais próximos; se deparam com o preconceito quando a palavra ‘autista’ é citada; com a dificuldade estrutural de colocar a criança em um sistema de saúde amplo que tenha tudo ou boa parte do que a criança precisa para que o autismo seja investigado; com a falta de escolas e creches inclusivas; e até com o próprio medo de pensar que o sonho da maternidade e paternidade, talvez não aconteça como idealizaram. ¹
Muitas vezes, como já vimos diversos relatos entre as histórias do nosso quadro de ProTEAgonistas, os pais só entram em contato com a demanda de que é preciso intervir, quando a criança entra no ambiente escolar e todas as questões emergem de uma vez só. Professores e professoras têm sido essenciais nesse processo ao alertarem pais e mães sobre alguns comportamentos. ¹
Muitas vezes, na ponta final do processo, há um neurologista ou um neuropsicólogo, os únicos profissionais que podem validar o laudo. Mas até chegar neles, outros profissionais como psicólogos, pedagogos, professores, pediatras e fonoaudiólogos vão ajudar a organizar e registrar os sinais. Muitas vezes, com opiniões médicas diferentes. ¹
Os sinais do autismo podem ser mais presentes em certas fases ou durarem a vida inteira. E o processo de intervenção pode ser lento – o que não quer dizer, exatamente, que não está fazendo efeito. E se tem algo em que os profissionais e os pais concordam é que cada pequena evolução deve ser comemorada. 4
Há ampla evidência de que a intervenção precoce pode beneficiar as diferentes habilidades da criança durante a infância. E, ainda, impedir que um comportamento indesejado cause outras dificuldades. É muito importante aproveitar os melhores anos da neuroplasticidade, ou seja, quando o cérebro está no seu momento mais produtivo de aprendizado e adaptação. 4
O tratamento precoce adequado para cada situação pode melhorar o desenvolvimento geral, ajudando essa criança a aprender novas habilidades que vão gerar mais independência ao longo da vida. Os tratamentos que ocorrem em cada estágio do desenvolvimento, ajudam as crianças autistas a adquirirem as habilidades desejadas, sejam sociais, motoras ou cognitivas. 4
Talvez agora, com ela ainda pequena, muitos não percebam o potencial disso tudo, pois há sempre um adulto por perto para auxiliar nas dificuldades. Porém, essa criança será um adolescente e depois um adulto com necessidades de expandir seus horizontes. E se algo não for desenvolvido na infância, pode ter um efeito mais para frente. 4
Nós citamos acima o fato de que o cérebro de uma criança autista funciona de maneira diferente, lembra? E isso traz para outro fato: uma criança autista não é mais inteligente que as outras ou menos. Como qualquer criança, os níveis de conhecimento dependem de diversos fatores, muitas vezes imprevisíveis. ¹
O diagnóstico precoce do autismo e, consequentemente, as intervenções antecipadas, podem fazer, também, que a criança saiba explorar de modos alternativos seus pontos fortes e compensarem os não tão fortes. Uma criança que tenha hiperatividade como comorbidade, por exemplo, pode ter muito interesse no conhecimento de matemática mas não ter a concentração necessária para ficar parada em uma sala de aula olhando para o quadro. A intervenção psicológica, nesse caso, vai ajudá-la a descobrir uma forma mais funcional de aprender. ¹
Há casos, também, em que a intervenção é focado em uma dificuldade específica cujos benefícios ocorrem em outras áreas da vida. Se a criança não tem um sono funcional, ela pode ter períodos diurnos mais desarmônicos, cansativos e mais estressantes. Uma vez que isso é resolvido, a criança vai se sentir mais disposta e concentrada para fazer outras coisas. ¹
A demora pode desanimar muitos cuidadores. Existem pais e mães que foram tão insistentes que ouviram vários “não é autismo”, até que um dia um profissional pôde confirmar. As coisas podem andar e evoluir sem o diagnóstico, já que as dificuldades pontuais ficam visíveis. Mas a confirmação do diagnóstico, precoce ou mesmo tardio, muda tudo.
Para muitos, chega a ser uma confirmação da própria identidade, uma explicação para a própria história – visto que muitos autistas adultos vão em busca de respostas sozinhos. Na vida dos mais novos, ainda sob o controle dos pais, é uma porta para usufruir de programas sociais importantes que só são válidos com o laudo.
Para a sociedade, no geral, cada novo diagnóstico também ajuda a ampliar o alcance do tema, ajuda as propostas de melhorias nos espaços compartilhados e a consciência de que a época de autistas como “estranhos” ou “invisíveis” ficou para trás.
No campo familiar, o diagnóstico é uma resposta capaz de tirar dúvidas e diminuir a tensão daquela pergunta que todos os pais, em algum momento, fazem: o que fazer?
E se você chegou por aqui pela primeira vez e está buscando mais informações sobre o autismo, está no lugar certo. Nosso blog está cheio de conteúdos revisados por profissionais com conhecimento do TEA, só que escritos numa linguagem acessível e esclarecedora.
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Muito obrigado pela leitura e até a próxima! 🙂
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1. ABS Kids – 22/11/2022
2. Priory Group – 22/11/2022
3. CDC – 22/11/2022
4. Science Direct – 22/11/2022
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