Diagnóstico de autismo em adulto: Qual o melhor caminho?


Postado por Autismo em Dia em 18/ago/2023 - 28 Comentários

O processo de diagnóstico de autismo em adulto tem algumas particularidades. Pode ser que você ache que está no espectro do autismo ou conheça alguém em busca de diagnóstico já na fase adulta.  Então, este artigo pode ser muito útil para entender alguns caminhos possíveis para quem está suspeitando ser autista. 

Afinal, existem diversos motivos para uma pessoa não ser avaliada e diagnosticada mais cedo, que podem ser:

  • Você e as pessoas do seu convívio não sabem os sinais mais comuns
  • A pessoa aprendeu como camuflar alguns sinais e desenvolveu estratégias que mascararam o autismo até então
  • Recebeu outro diagnóstico que acaba explicando algumas características 
  • A pessoa não vê benefício em ir atrás de um diagnóstico formal
  • A pessoa simplesmente não quer receber o diagnóstico 

Mas e quando a pessoa desconfia ou pensa estar certa sobre ter algo a ser avaliado?

Conviver com a incerteza sobre ter um transtorno ou não pode não fazer diferença para algumas pessoas. Porém, existem pessoas que começam a avaliar algo e percebem que podem estar no espectro do autismo. Algo que também não é incomum é que pessoas com TEA tenham alguma comorbidade associada. Então, descobrir se fazem parte do espectro, de fato, pode servir como um norte para a pessoa investir em tratamentos corretos e conseguir ter uma qualidade de vida melhor. 

Índice

Quais seriam as possibilidades mais frequentes para responder uma suspeita de autismo?

O diagnóstico do autismo em adultos vai acontecer depois de uma série de avaliações. Alguns caminhos possíveis para iniciar o processo serão apresentados, mas eles podem acontecer de formas diferentes, pois cada pessoa é única, inclusive nesse processo de iniciar a descoberta.

As características de autismo em adultos vão variar de acordo com o comprometimento funcional que ele apresenta.

Quando é um autista de nível 1, geralmente o indivíduo terá que lidar com questões relacionadas ao mercado de trabalho, às dificuldade para concluir um curso superior, ou para manter um relacionamento amoroso

Já um autista nível severo, na fase adulta, vai ter comprometimento com a fala, por exemplo, necessitando de um suporte maior para cumprir atividades básicas do dia a dia. 

Vamos aos possíveis caminhos?

Fonte: Envato/ Dimaberlin

Através da terapia

Pode ser que uma pessoa com autismo comece a perceber os sinais após iniciar a terapia. À medida que vai avançando no processo terapêutico, ao comentar em sessão algumas dificuldades, pode ser levantada a hipótese do autismo. Nesse caso, é comum que o próprio profissional da psicologia faça o encaminhamento para as avaliações necessárias.

Através do tratamento com psiquiatra

Também pode acontecer de uma pessoa ter iniciado um tratamento com psiquiatra e, no decorrer do processo, chegue às características próprias do autismo, descartando algum outro transtorno avaliado inicialmente. Ou, ainda, até somando como uma comorbidade ao autismo. Portanto, é importante que, para ser feita uma avaliação correta, o ideal seria o psiquiatra ser especialista em autismo ou a pessoa ser encaminhada para alguma instituição com acesso a essa especialidade.

Diagnóstico de autismo em adulto após avaliação neuropsicológica

Há também a possibilidade de um(a) neurologista iniciar a investigação. Isso acontece principalmente nos casos em que a pessoa tem quase certeza do diagnóstico ou nos casos que já  tenham passado por uma avaliação com um(a) neuropsicólogo (a) e, a partir disso, começam a fazer mais testes complementares para fechar o diagnóstico. Com isso, poderá receber o laudo que vai permitir não apenas um tratamento adequado como acesso a uma série de direitos dos autistas.

A busca direta por um(a) neuropsicólogo pode acontecer depois que uma pessoa ler sobre os sinais e já se identificar com alguns. Por isso, muitos pacientes já chegam direto solicitando uma avaliação.

Todo adulto que suspeita de autismo deve ir em busca de um diagnóstico?

Essa resposta é muito pessoal. Quem suspeitar do transtorno sempre deve primeiro fazer a seguinte reflexão: “que sentido terá um diagnóstico nessa fase da minha vida? Estou em busca de respostas pessoais ou em busca de ajuda?” Caso perceba mais prós do que contras, vale pensar sim em iniciar uma investigação.

No entanto, podemos listar algumas hipóteses dos benefícios do diagnóstico de autismo em um adulto:

  • Um diagnóstico profissional pode ajudar a pessoa a ir atrás de qualquer benefício que possa ter direito para melhorar o seu dia a dia;
  • Vai ajudar as pessoas do convívio a entenderem melhor o seu funcionamento e pode beneficiar muito as relações mais próximas;
  • Você pode compreender melhor todo o espectro, gerando um senso de identificação;
  • Pode ajudar a ter uma compreensão melhor de acontecimentos da sua infância e adolescência;
  • Pode impactar na sua confiança, sabendo que faz parte de um grupo maior de adultos que fazem parte do espectro, gerando um senso de pertencimento;
Diagnóstico

Fonte: Envato/ drazenphoto

Autismo em adulto: o que fazer após o diagnóstico?

Caso você tenha descoberto o autismo em sua vida, provavelmente vai desejar aprender mais sobre o assunto. Você também pode se interessar em acessar serviços, locais de apoio e até participar de grupos para se sentir mais inserido e acolhido.

Após fechar o laudo, busque todos os suportes clínicos e sociais que estiverem ao seu alcance. Isso será de grande importância para ajudar no desenvolvimento de traços que você entende que podem estar prejudicando alguma área na sua vida. Lembrando que, para cada pessoa, o tratamento vai ser individualizado, necessitando de focos diferentes. Os caminhos possíveis são:

  • Terapia ocupacional: para ajudar com questões sensoriais e também de relacionamento;
  • Psicologia comportamental: importante para desenvolver habilidades comportamentais;
  • Psiquiatria: muitas vezes vai ser necessário fazer o tratamento medicamentoso junto com as outras terapias;
  • Acompanhamento com neurologista: pode ser importante por um período ir em consultas com o neurologista, para tirar dúvidas e dar um direcionamento para o tratamento;

Em muitos casos, o tratamento vai ser multidisciplinar, o importante vai ser avaliar quais os sinais precisam de atenção, para tornar o processo mais alinhado com cada dificuldade.

Durante todo esse texto falamos bastante do diagnóstico em adultos com sinais leves, ou seja, o autismo de nível 1. Mas pode acontecer também de uma pessoa com autismo Nível 2 ou Nível 3 receber o diagnóstico na fase adulta. Porém o mais comum não é isso acontecer, já que os sinais mais graves ficam mais evidentes e exigem uma tomada de decisão mais urgente.

Se você gostou deste artigo, recomendamos, também, a leitura de sintomas do autismo em adultos.

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Referências Bibliográficas:

1- The Spectrum – acesso em 20/06/2023

 

 

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28 respostas para “Diagnóstico de autismo em adulto: Qual o melhor caminho?”

  1. Ana Nascimento disse:

    boas informações as pessoas precisa de conteúdo assim.
    pra saber mais de autismo na face adulta gostei muito das informações

  2. Sandra Eliana Roos disse:

    Atendo autistas adultos diagnosticados tardiamente e vejo muitos benefícios na descoberta, diagnóstico e entendimento do tema, vale muito a pena investir nessa descoberta / confirmação a fim de se entender melhor, se respeitar e exigir o respeito dos outros, esclarecer e dar uma “explicação” para os problemas que isso trouxe no passado, perceber que sua “diferença” tem um motivo, que seu cérebro funciona de uma maneira particularmente diferente mas que também pode ser muito POSITIVA, enfim, o que ouço da maioria absoluta > O DIAGNÓSTICO TARDIO É LIBERTADOR !!!

  3. Luciene disse:

    meu filho tem 21 desde 16 anos que ele passa vivo em maior parte em um quarto conversando porém em computador mesmo assim ele é muito inteligente a tocar piano sozinho e fala inglês fluentemente já terminei a escola mas você não tem vontade nenhuma de trabalhar é noite dia de um computador dorme de um dia para outro amanhecer acordado estou desesperada Será que ele tem autismo mas ele conversa também muito inteligente

    • Autismo em Dia disse:

      Oi Luciene, não tem como afirmar se o isolamento dele é algo relacionado a autismo. Somente com uma avaliação é possível ter um diagnóstico. Indico procurar um neurologista ou psicólogo comportamental para ajudá-la. Um abraço 💙

  4. Luciene Carvalho de Oliveira disse:

    estou a procura de um possível diagnóstico de autismo.
    achei muito interessante esse site.

  5. Márcia souza disse:

    contar ou não para as pessoas sobre ser autista na fase da adolescência, ‘tudo parece ser normal ‘ pode acabar virando um processo de exclusão e ser rotulada realmente e o melhor caminho? muitas perguntas

    • Autismo em dia disse:

      Oi, Márcia. Essa é uma escolha muito particular de cada família, mas acredita-se que as pessoas saberem sobre o diagnóstico de autismo ajuda na auto aceitação, não é algo para se esconder, embora a sociedade em geral precise avançar muito em ações mais inclusiva. Um abraço e muita força por aí. 💙

  6. T. disse:

    Oi essa frase me deixou pensativo “que sentido terá um diagnóstico nessa fase da minha vida? Estou em busca de respostas pessoais ou em busca de ajuda?” Acho que no meu caso, seria respostas pessoais, pois muitas vezes me pego pensando “será que sou ?”

    • Juliana Canavese disse:

      Olá, T. E talvez ter a resposta seja algo muito importante para sua vida e desenvolvimento pessoal. Força e um abraço!💙

  7. Autismo em Dia disse:

    Olaaaaa gostei muito desse assunto com excelentes explicações.

  8. Nathalia Lopes disse:

    Procuro ajuda pra fazer testes pra descobrir se sou autista , pois estou desempregada e o processo até o diagnóstico é muito caro ! Tenho tanta dificuldade com a sociedade , pensamentos rígidos demais , não gosto de mudanças , dificuldades em relacionamentos! Alguém sabe como fazer testes para encaminhamento do diagnóstico gratuito ou em preços acessíveis ?

    • Juliana Canavese disse:

      Olá Nathalia, pode ser que nos Caps (Centro de Atenção Psicossocial) você encontre um caminho para um diagnóstico de forma mais acessível. Um abraço!

  9. Luiz Antonio R Silva disse:

    Gostaria muito de indicação sobre uma Instituição de excelência para diagnóstico de meu filho, 29 anos. Ele está sofrendo muito, pois já tentou duas clínicas mas o processo em ambas foi muito difícil, por questões administrativas, culminando com a troca dos profissionais que estavam conduzindo a avaliação. Aceitamos dicas em todo Brasil. Luiz (21) 98240-2426. Muito obrigado. Ele está sofrendo muito, e todos nós.

    • Autismo em Dia disse:

      Oi Luiz, infelizmente não temos um local específico para indicar. Precisa buscar nas redes sociais e através da rede de sua cidade. Um abraço! 💙

  10. Camille Cristine disse:

    Me chamo Camille e tenho 18 anos e desde criança eu me sinto como se fosse estranha/diferente de um jeito ruim (sou considerada fria pelas pessoas por as vezes não conseguir entender oque deixa a pessoa chateada ou brava ,quando me perguntam algo e eu respondo de forma sincera ou acham engraçado/burro por eu não entender que existia um outro sentido ou se chateiam pq respondi de forma direta e não falei oque a pessoa gostaria de ouvir porém eu não sei identificar coisas que não são claras).Tenho muito problema com mudanças da rotina mesmo que sejam para coisas boas e não gosto que me encostem ,eu odeio abraços me forço a abraçar as pessoas para não parecer rude mas é algo que adio o máximo possível pois me sinto invadida(eu não abraço nem a minha família)e sou constantemente vista como antissocial pois prefiro fazer as coisas sozinha e isso também chateia as pessoas .
    E sinto que tudo isso me prejudica muito em relacionamentos sinto que tenho sempre que fingir que sou de certa forma, sempre estou me forçando a fazer coisas que não gosto para parecer “normal”.
    Vcs acham que devo ir atrás de um diagnóstico, fazer teste?Pois quando comento essa possibilidade dizem ser besteira pois sempre fui MUITO bem com a escola e os estudos, nunca tive problemas em relação a isso e não sou igual a um autista que se mechem de forma repetitiva e dão aqueles super surtos.

    • Autismo em Dia disse:

      Oi, Camille. Acho importante sim buscar uma avaliação profissional, alguns sinais que você relatou podem estar relacionados com o TEA. Boa sorte em sua caminhada, um abraço!

  11. Mirian disse:

    Olá, meu filho está caminhando para um diagóstico positivo para o Espectro nível 1 de suporte. Desde o início da busca pelo diagnóstico dele fico me perguntando, será que eu sou? Pois ele é muito parecido comigo…

    • Autismo em Dia disse:

      Oi, Mirian. Esse momento da chegada do diagnóstico é muito importante, vai dar tudo certo. Com o tempo e as intervenções necessárias ele vai começar a entender melhor o espectro e desenvolverá autoconhecimento também, não deixe de buscar ajuda psicológica para ele. Um forte abraço!💙

  12. Cristianne Oliveira disse:

    descobri o autismo a pouco tempo com meus 34 anos, hoje as pessoas que conviverem e convivem comigo agora entendendo algumas das minhas atitudes comportamental desde minha infância até a vida adulta. só que descobrir o autismo na vida adulta é muito difícil. me trato com psicóloga e ela me indicou fazer on teste neuropsicologico. mas ao levar esse laudo no neuro ou psiquiatra eles não levam a sério, pois eles dizem que levamos a vida até agora normalmente. com isso eles nao querem os diagnosticar com TEA, não querem dar o laudo para gente poder ter um tratamento digno.

    • Autismo em Dia disse:

      Oi! Entendo o quão difícil deve ser lidar com essa situação. Receber o diagnóstico de autismo na vida adulta pode ser desafiador, especialmente quando o reconhecimento por parte dos profissionais de saúde não é imediato. É importante continuar buscando apoio, seja com outro especialista ou através de grupos de apoio para pessoas autistas. O diagnóstico é um direito seu, e você merece o cuidado e o tratamento adequados. Não desista de procurar o acolhimento e o reconhecimento que você precisa! 💙

  13. Sheron de Moraes disse:

    Boa tarde!
    Eu me chamo Sheron, e mora na cidade de Taubaté desde que nasci. Quando eu era criança era paciente do neuropediatra Dr. Alexandre Serafim.
    Fiz acompanhamento psicológico, com fonodiologa, terapia ocupacional quando era criança. Desde os 8 anos de idade até os 12 anos.
    Estudei em classe especial por quê naquela época, não se falava de inclusão, sofri buling dentro e fora de casa por causa da ignorância das pessoas e a ausência de um laudo fechado.
    Eu tinha uma carteirinha e cartão especial da qual sempre tive muita vergonha, pq a minha mãe adorava dizer para os outros que eu era retardada.
    Hoje sou mãe, meu filho de 7 anos foi diagnosticado com autismo leve aos 5 anos e aí iniciamos uma jornada bem árdua atrás de tratamento.
    O fato é que o Dr. Vicente José Assencio neuro pediatra que trata dele, e diagnósticou ele com autismo leve me garantiu que com certeza ele herdou isso de mim.
    Desde então vi uma luz no fim do túnel, tô cansada de me sentir frito um Alienígena sabe, estranha e durante a minha busca por respostas, através de pesquisas descobri que não sou a única que não teve diagnóstico na infancia, e que muitos pais acabam obtendo a suspeita através do diagnóstico dos filhos, assim como aconteceu comigo e sigo sozinha nessa luta, em busca de respostas…
    Que acredito que se confirmado o TEA mesmo que tardio, para mim será algo libertador, assim como muitos outros adultos na mesma situação que a minha tbm relataram.
    Vou me sentir aliviada de saber que não estou sozinha, que não sou um Alienígena e muito menos incapaz como tentaram me fazer acreditar a minha vida inteira e ainda fazem.

    • Juliana Canavese disse:

      Olá, Sheron. Sem dúvida, o diagnóstico, mesmo que tardio, pode ser muito importante para trazer alívio e mais autoconhecimento. Recomendo que busque apoio profissional para enfrentar essa nova jornada. Um forte abraço e obrigada pelo seu comentário!

  14. Paulo Sergio Bonfin disse:

    Boa tarde
    Após minha filha que tem 21 anos ser diagnosticada com TEA procurei a mesma profissional que a diagnosticou e também passei pela avaliação, o resultado também foi positivo para TEA e TDHA, tenho 56 anos sempre fui uma pessoa isolada, mas ainda tenho dúvidas se realmente o diagnóstico está correto. Seria interessante procurar outra profissional e refazer a avaliação? Ou devo aceitar o diagnóstico? Estou perdido, bem confuso. Obrigado

    • Autismo em Dia disse:

      Imagino como esse momento deve estar sendo confuso para você. É normal ter dúvidas após um diagnóstico, principalmente em uma fase da vida mais avançada. Buscar uma segunda opinião pode ser uma boa ideia se isso trouxer mais clareza e tranquilidade para você. O mais importante é respeitar seu tempo para processar essa informação e entender melhor o que isso significa para sua vida. Lembre-se de que o diagnóstico pode ser um caminho para mais autocompreensão e para encontrar estratégias que ajudem no seu bem-estar.💙

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