Depressão e autismo: proTEA Lívia conta sua história!


Postado por Autismo em Dia em 01/jul/2024 - 4 Comentários

Essa é a história de Lusivânia Santos Andrade, 44 anos. Ela está em processo de alteração do seu primeiro nome para Lívia. Decidiu entrar com pedido de mudança de nome devido sua história de vida, por seu passado causar muita angústia e dor. Lívia é mãe de 3 filhos, uma menina de 21 anos, um menino de 12 anos e outro menino de 4 anos, ambos também encontram-se no espectro. Esse texto é um relato de como a depressão e autismo estão presentes no dia a dia de Lívia e o que ela faz para lidar.

Lívia trabalha como técnica de radiologia e também é psicóloga, formada desde 2023 . Decidiu cursar psicologia devido a história dela e dos filhos com o autismo.

Vamos conhecer melhor a história dela?

Índice

A depressão na vida de Lívia

Em 2017, foi afastada do trabalho devido a um quadro de depressão. Foi então que decidiu buscar mais respostas para seu sofrimento, pois ela não acreditava que era somente depressão.

Lívia é filha adotiva. Relatou que não teve um ambiente familiar muito favorável. Complementa: ” Eu sempre era diagnosticada com depressão. Sempre tive dificuldade de localização, me perdia nos lugares. Ia para diversos médicos, sempre fui muito curiosa, muito esperta. Eu sabia que tinha alguma coisa errada comigo. Ao longo dos anos eu desenvolvi a depressão.”

Foi na faculdade de psicologia, em uma aula de psicopatologia que ela se identificou com características do TDAH. Meu filho na época estava com 7 anos e tive certeza que ele também tinha TDAH, pois o achava igual a ela. Tinha algumas características que ela ficava em dúvida com relação ao autismo, foi quando buscou uma amiga psicóloga pedindo para indicar um psiquiatra para o filho dela, porque estava com vergonha de dizer que era pra ela.

” Foi quando eu fui para a consulta, de início tive o diagnóstico de TDAH e somente na terceira sessão ele deu o diagnóstico de autismo. Achava que eu ia receber o diagnóstico tranquilamente, mas quando ele falou eu fiquei em choque. Passei um tempo pra poder digerir tudo isso, tive um período de negação. Mas ao mesmo tempo eu tinha alívio e medo também pela rejeição da sociedade.”

Fonte: Arquivo Pessoal – Cedida por Lívia

A convivência de Lívia com o autismo

Lívia relatou vários episódios onde sofreu abuso em sua trajetória de vida, inclusive na infância. Na vida adulta passou por um relacionamento abusivo, onde permaneceu casada por 15 anos.

Depois de 1 an0 e mei0 que se separou conheceu o seu atual marido, faz 14 anos que estão casados e tiveram 2 filhos meninos.

Lívia começou o tratamento psicológico somente depois do diagnóstico, em 2021, durante a faculdade de psicologia. Teve várias crises nesse período, pois também descobriu o autismo nos dois filhos. Na faculdade se aprofundou bastante em autismo, acabou sendo o seu hiperfoco. Ficava de 10 a 12 horas estudando. Nesse período estava medicada tanto para o TDAH, quanto para a depressão.

“Eu trabalho em um hospital universitário. Na época eu tinha passado em um concurso público em Natal, onde morei por 8 anos. Depois que eu soube do diagnóstico e tive a redução de carga horária, passei a ser perseguida pelos colegas de trabalho. Chegavam a dizer que eu tinha frescura, por questões sensoriais e por crises de ansiedade eu não conseguia ficar no centro cirúrgico. Nunca tive amizade no trabalho. Eu queria ter amizade, eu chorava pro meu esposo. Eu me perguntava: O que eu faço que as pessoas não querem ter uma amizade comigo. Isso gerava mais sofrimento. Os sintomas foram se agravando e foi então que pedi a transferência. Eu sofria muita discriminação e isso foi me adoecendo mais.”

Faz 1 ano que Lívia mudou para Florianópolis, pediu transferência no trabalho. Fez essa mudança para melhorar sua qualidade de vida, pois acredita que em Florianópolis a cultura é diferente, inclusive com relação a forma que as pessoas enxergam o autismo.

A falta de rede de apoio ocasionava em Lívia uma sobrecarga muito grande, mas reforçou que os medicamentos corretos foram divisores de água em sua vida.

O encontro com a ACT

Atualmente Lívia faz terapia na abordagem Terapia de aceitação e compromisso (ACT)  que compõem as terapias contextual comportamentais.

“Passei por várias abordagens durante 3 anos, mas hoje estou com a abordagem da Aceitação e Compromisso.  Foi essa abordagem que fez total diferença na minha vida. É preciso entender o autismo, “aceitar”, mas não de forma passiva , aceitar  é entender que experiências dolorosas também fazem parte da vida, e tentar controlar ou se livrar da dor apenas a intensifica. É entender que tenho e o que eu vou fazer com isso. Foi essa virada de chave, de começar a perceber quais são os sintomas, começar a usar mindfulness pra me acalmar nos lugares que eu estava. Saber o que foi que ocasionou uma crise de raiva, a depressão voltar. Foi todo esse trabalho com minha psicóloga dentro da ACT que me fez sair do estado de depressão intensa e de muitos sintomas. Aprender a me perceber foi muito importante pra mim.”

Lívia finaliza com uma mensagem cheia de otimismo: “Finalizo enfatizando a importância do diagnóstico, mesmo que tardio é fundamental para o processo do autoconhecimento e com orientação adequada pode ser libertador além de tornar a vida mais leve e significativa.”

Essa foi a história que nos mostra o quanto a depressão e autismo podem estar relacionados, é preciso ir atrás de informação e de autoconhecimento para entender a fundo o que pode estar causando quadros inexplicáveis de depressão e ansiedade. Não deixe de buscar ajuda caso você esteja passando por algo parecido!

Continue navegando por nosso Blog para conhecer mais histórias inspiradoras como essa.

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4 respostas para “Depressão e autismo: proTEA Lívia conta sua história!”

  1. Charles disse:

    Olá, a parte que destaco é “a importância do diagnóstico, mesmo que tardio é fundamental para o processo do autoconhecimento”. Acabei vendo o título da matéria, e vi um espelho de algumas coisas. Mesmo que o “diagnóstico recente”, que finalizei, é a primeira barreira que a própria pessoa precisa superar. No meu caso, tea moderado + depressão moderada + altas habilidades. Mas descobrir que algumas coisas estranhas que você sentia / vivia não era frescura, afeta em um primeiro momento.
    Parabéns pelos conteúdos e iniciativa de trazer um pouco de “normalidade” as pessoas que estão nessa parte do espectro.

  2. Gisele Gislaine do Nascimento Anchau disse:

    linda história… na minha casa eu, meus dois filhos, minha neta , minha mãe , minha irmã e minha sobrinha já temos o diagnóstico de autismo , minha filha está em investigação e meu marido também foi indicado para investigar … Não é fácil, só com a ajuda de Jesus , remédios e terapias pra ficar um pouco mais leve a vida …

    • Juliana Canavese disse:

      Olá, Gisele. Obrigada por compartilhar um pouco da história de vocês com o TEA. Boa sorte em sua caminhada!

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