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Postado por Autismo em Dia em 31/ago/2023 - 7 Comentários
Muitas mães de crianças autistas já passaram por aqui, mas poucas podem contar sobre uma experiência como a da Polli Abade, nossa proTEAgonista da vez. Afinal, a chef de cozinha curitibana é mãe não de um, nem dois, mas três crianças no TEA: o menino Francisco, de 5 anos, e as gêmeas Glória e Catarina, com 4.
Logo, você pode imaginar o tamanho do desafio. Porém, quem vê hoje Polli equilibrando vida pessoal, uma carreira de sucesso e a tripla maternidade, mal pode imaginar que, há não muito tempo, era ela, as crianças e apenas 50 reais no bolso.
Essa é a história da rainha das sopas, como ela mesma se define. E você confere, então, tudo a seguir.
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Os três irmãos tiveram o autismo descobertos muito cedo. Primeiro foi Francisco, que não concentrava o olhar. Polli chegou a desconfiar de algo, mas, como ela conta, diziam que ela estava louca. E como o pai do menino também tinha um problema na visão, de início uma suposta herança genética fazia mais sentido como resposta. Porém, com o tempo, o diagnóstico de autismo foi confirmado.
Já com as meninas, primeiro foi com Glória. Mas como a irmã acompanhava sua gêmea nas terapias, logo viu-se que seus comportamentos não eram mero espelho da convivência com outros dois autistas.
A essa altura, Polli conta, “eu já esperava. Não foi nenhuma grande surpresa, nem um susto. Mas eu tive certeza que seria um pouco mais difícil que o normal”.
Muito se fala sobre a importância da rotina, mas Polli conta que a rotina é, provavelmente, muito mais importante para ela.
“A nossa rotina é fazer tudo igual todos os dias. E a rotina serve mais pra mim, pra eu conseguir organizar os três, do que pra eles. Porque, quando a gente sai da rotina, é bem complicado. Outro dia nós fomos na casa da minha avó e, quando voltamos, foram duas horas de choro porque desregulou tudo. Seria até mais fácil se os três fossem iguais, mas eles são bem diferentes um do outro, cada um com seu jeito.”
E por falar em diferenças, um dos comportamentos autistas pro qual Polli mais chama atenção é a seletividade alimentar de Francisco. E ela define como uma característica “sinistra”, em suas próprias palavras.
“Ele muda de tempos em tempos. Na semana passada, ele estava comendo só mortadela. Comia quase 1 quilo de mortadela por dia. Antes disso, no entanto, teve a fase do pão de queijo, teve a fase da uva Thompson, entre outras”, conta.
Apesar de não ser possível prever como Francisco vai demonstrar tamanha seletividade, Polli faz de tudo para manter todo o resto organizado, como uma rígida hora de dormir, por exemplo.
Como as coisas têm funcionado, isso tem facilitado para Polli uma participação maior de seus filhos na sua vida fora de casa. Já comentamos que ela é uma chef famosa por suas sopas, mas ainda vamos chegar lá.
Fora a paixão pela culinária, Polli ainda administra um salão de beleza em sua casa.
“Agora, já estamos com a rotina meio que no automático. Eu já consigo trabalhar no salão com eles juntos. O Chico, na terapia, vem se desenvolvendo. As meninas estão crescendo e tendo um entendimento maior. É uma fase que eu não considero mais fácil, mas sim uma fase diferente. Porque, meu Deus, que fase! É birra de manhã, de tarde e à noite.”, conta Polli.
Algo que é visível na trajetória de Polli é que seu compromisso de mãe foi, sem dúvida, impulsionado pelo seu trabalho, e vice-versa. Sua história, que ficou famosa em Curitiba depois de sair em um famoso portal de notícias local, é mais ou menos assim.
Ela, que cuida sozinha dos três, precisava comprar alimentos pros filhos. No entanto, teve um dia em que ela tinha apenas 50 reais. Polli lembrou de seu talento como cozinheira nas vezes em que fez gente que sequer gostava de sopa passar a apreciar o prato. Com os 50 reais, comprou o suficiente para fazer algumas unidades, que venderam rapidamente. Com o lucro, comprou o leite das crianças e novos ingredientes e, desde então, nunca mais parou.
Hoje, a venda de sopas não é mais tão amadora quanto no começo e a Sopas Gloriosa é a empresa que Polli pretende expandir e onde quer, inclusive, gerar oportunidade para mulheres desempregadas e sem profissão.
Polli é consciente da correlação entre a maternidade e o trabalho no contexto da sua vida.
“A maternidade me fez empreendedora. Eu sempre trabalhei fora. Eu trabalhava no salão, engravidei do Chico, mas voltei depois da licença maternidade. Quando ele tinha 8 meses, descobri a gravidez das meninas, que seria uma gestação de risco e eu não pude mais trabalhar. Eu ensinei o Chico a andar deitada no sofá. O restante é a história dos 50 reais”.
Agora, Polli conta que, até o final do ano, tem planos de encerrar as atividades do seu salão para dar lugar à fábrica de sopas. O empreendimento já conta com um projeto profissional feito pelo SEBRAE, mas ainda precisa de um investimento. Polli tem total confiança de que as coisas vão dar certo: “eu acordo 4 horas da manhã todos os dias pra isso”, explica, com orgulho.
E se você tem interesse em ser parceiro da Polli, pode entrar em contato com ela aqui.
“Eu acho que rola um abandono geral de mães, não só para as mães de autista. Muitas mulheres abrem mão da carreira pra cuidar dos filhos. E, infelizmente nem todas tem a aptidão do empreendedorismo. É muito difícil para uma mãe criar os filhos e ainda organizar essa parte da vida. Ainda mais se ela for solo, aí não tem outra saída. Esta semana mesmo eu recebi uma mensagem de uma mãe que disse que eu a inspiro muito e que ela vai começar a fazer os caldos na cidade dela inspirada nas minhas receitas pra ajudar a pagar as terapias do filho. Eu achei isso sensacional!
Assim como me ajudaram, eu tento fazer a mesma coisa com outras mães que estão por aí. Eu tento ensinar o caminho das pedras. E o grande projeto da Sopas Gloriosa também é isso: glorificar mulheres que precisam ser glorificadas. Mas sei que elas precisam também de apoio terapêutico porque eu sei da importância disso. Às vezes eu acho que vou surtar, vou pirar, aí eu respiro, e passa. E gostaria que as outras mães também passassem a acreditar mais no processo de evolução, sem culpa, ainda que pareça que tudo está dando errado. A culpa não é de vocês e nem de seus filhos”, completa.
***
A história de Polli é, sem dúvida inspiradora. E se você também tem uma história pra contar no universo do autismo, entre em contato pelo nosso Instagram ou Facebook. Por lá, você pode bater um papo com a gente e ter acesso a diversos conteúdos que vão ajudar na sua caminhada.
Muito obrigado pela leitura e até a próxima! =)
“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”
este exemplo tem que ser divulgado aos montes para dar forças a pessoas com problemas e não acham solução, quandotemos grandes desafios a tendência é esmorecer e paralisar exemplos assim motiva enormente
oiiiiiiiiiiiii
,,,,,,,,,,,,,
Um depoimento de história de vida emocionante e de grande exemplo motivador. Parabéns ao blog e a essa mãe.
💙
como faço para adquirir as sopas de vc Polli. Amo sopas.
Olá, Elainde. Entre em contato diretamente com ela. Um abraço!