Como ajudar um autista nas festas de final de ano?


Como ajudar um autista nas festas de fim de ano

Postado por Autismo em Dia em 18/nov/2021 - 8 Comentários

Como ajudar um autista durante as festas de final de ano? Sabemos que este período pode ser desconfortável para muitos. Isso porque as festividades exigem do autista uma disposição muito maior para o convívio social. E isso acontece com autistas de todas as idades.

Assim, as oportunidades de comemorações e encontros são diversos. Tem a festa da empresa, o amigo secreto, o natal, a festa de ano novo. Sem falar na lotação das lojas e na maior disposição das pessoas, no geral, para as interações afetivas.

Os autistas mais sensíveis a barulhos ou que tem uma dificuldade de absorver a socialização à maneira dos neurotípicos, provavelmente podem achar essa época um pouco estressante.

Por isso, preparamos para você uma série de dicas que podem te ajudar a preparar o autista para algumas ocasiões. Assim, você reduz as chances de estresse, sem deixar de lado o seu momento com as pessoas queridas.

como cuidar da sensibilidade do autista nas festas

Índice

Como ajudar um autista nos problemas sensoriais

Festas de final de ano tem muito mais luzes, mais cheiros, mais sabores e mais gente. E todas essas coisas estão totalmente ligadas com a maioria das questões sensoriais dos autistas que sofrem mais com esse tipo de coisas. Sendo assim, nossas primeiras dicas são sobre como ajudar um autista nos problemas sensoriais.

Em resumo:

  • Evite colocá-los em situações que provoquem irritações em suas áreas sensíveis.
  • Prefira as opções que, sensorialmente, dê prazer ao autista ou seja, digamos, mais neutra.
  • Planeje-se para o caso de alguma coisa dar errado.

Mas como você pode fazer essas coisas?

Primeiro, se pergunte se é realmente necessário levar o autista para determinada ocasião. Pense na questão das compras, por exemplo. Nesta época, os shoppings, as lojas, os mercados e os lugares de entretenimento estão mais cheios e mais barulhentos. Hoje em dia é muito mais fácil optar pela compra em outros formatos. Você pode, por exemplo, comprar nos sites ou encomendar por meio de mensagem ou aplicativos de celular, optando pela entrega em casa. Há também as opções de drive-thru, opção de entrega direto no carro que cresceu bastante durante a pandemia.

Porém, digamos que no meio de tudo isso você quer manter a magia do natal, mas seu filho ou filha autista tem sensibilidade a luzes fortes. Os enfeites de natal da casa deverão ser adaptados. Assim, você estará optando por luzes que são sensorialmente mais amigáveis. Nas lojas de equipamentos de luzes hoje em dia você encontra aparelhos muito mais inteligentes, onde é possível controlar não só a intensidade, como também as cores dessas luzes. E se a criança insistir muito que quer encontrar presencialmente o Papai Noel, considere combinar com alguém de ir fantasiado à sua casa.

Claro que essa sobrecarga sensorial não se aplica a todos os autistas. Pode ser, por exemplo, que sua criança até consiga ir tranquilamente a esses locais mais agitados sem sofrer estresse. Outras já conseguem ir, mas sempre chega o momento em que aquilo fica demais para elas. Por isso, é importante ter um plano B, caso você precise sair do lugar. Se estiverem só você e sua criança, é simples, basta ir embora. Mas se o passeio envolver outros adultos e crianças, já deixe combinado desde o início quem vai tirar a criança autista do local enquanto a outra pessoa termina a atividade.

Como ajudar um autista com as mudanças de rotina do final do ano

Como ajudar na quebra da rotina?

É bastante comum que pessoas no espectro do autismo se sintam mais confortáveis quando são tempos de rotina estabelecida e é possível prever o próximo dia com algum nível de precisão. Mas, por conta das férias, dos feriados, e dos recessos acumulados, essa época é tudo, menos rotineira e previsível. De repente, há visitas recorrentes na sua casa, as aulas param de vez e tudo fica diferente. Mas ainda é possível ajudar um autista a aproveitar esses momentos festivos com você. E tudo feito de forma leve e agradável.

Em resumo:

  • Aproveite tudo que você já conhece do seu filho ou filha e use isso a favor das suas escolhas.
  • Pratique e “ensaie” as situações com certa antecedência.
  • Não tenha medo de dizer “não, obrigado”, sempre que for necessário. O bem-estar do seu filho e o clima de paz na relação com sua criança autista vale muito mais.

Como fazer?

Algo que provavelmente você já sabe é que ninguém conhece seu filho como você. E essa é uma boa hora de usar esse conhecimento para fazer as escolhas com o máximo de acerto possível. Por isso, evite fazer as escolhas de modo automático. Pense em cada decisão.

A questão aqui é que vão existir crianças autistas que vão saber lidar com uma ou outra mudança na rotina. Porém, se a gente muda e interrompe a rotina totalmente, como é o caso desse período entre dezembro e janeiro, isso vai ser um pouco mais difícil. Mas, conhecendo a sua criança, você saberá fazer escolhas como: preparar todo o seu clima de natal em casa e não sair. Ou mesmo viajar, mas levar parte do universo confortável da sua criança junto – como por exemplo os brinquedos favoritos e playlists de filmes que ela gosta. No fundo, é simplesmente um acordo em família sobre em qual lado ceder.

Caso queira levar seu filho num evento, local ou experiência, é importante fazer uma espécie de ensaio, uma visita guiada fora do horário naquele local. Como assim? É comum, por exemplo, cerimônias religiosas em comemorações às festividades. Experimente levar seu filho antes ao local com ele já preparado, mas sem as pessoas – se possível. Tente descobrir e explicar à criança o que vai acontecer de diferente naquele lugar, em que ordem a programação vai acontecer. Se você conseguir prever, por exemplo, que em determinado momento haverá um show de luzes ou uma música mais evidente, você pode aproveitar para fazer uma pausa quando essa hora chegar.

“Não, obrigado!”

E por mais que nessa época do ano a maioria das pessoas procure estar de coração aberto, não tenha medo de dizer não. Se você explicar bem, as pessoas vão entender. Aqueles convites para mega reuniões de família, que costumam ser barulhentas e agitadas; ou aquele evento que vai até tarde e vai passar da hora do seu filho ir dormir, talvez você precise pensar duas vezes antes de topar. Mas, se você for, não se esqueça do que já falamos: tenha seu plano B.

como lidar com autista em eventos que saem da rotina

Como ajudar um autista nas reuniões de família

Toda família tem suas próprias expectativas e seu jeito de fazer as coisas. E como a maioria das pessoas é neurotípica, nem todas as famílias vão pensar nas necessidades de uma criança especial na hora de juntar todo mundo. Aquele molho que uma avó preparou com carinho de repente vai ser rejeitado pelo seu filho se ele tiver sensibilidades no paladar. Ou aquele tio que juntou todo mundo para ver vídeos do time da família ficará chateado porque seu filho simplesmente não quer ficar por perto.

Ou, um exemplo ainda mais recorrente, a criança autista – que muitas vezes é a única – não quer brincar nem socializar com os primos. E pode acontecer de as pessoas mais velhas começarem a forçar certos comportamentos. Isso quando elas não resolvem julgar a educação que você tem dado ao seu filho, sem se dar conta de todos os pormenores envolvidos. O que já está estressante para sua criança começa, assim, a ser chato para os pais.

Como lidar com isso?

  • Explique as coisas à sua família e não ceda quando eles insistirem que o que você decidiu fazer com seu filho deve ser diferente.
  • Certifique-se de que as pessoas realmente entenderam a sua realidade
  • Não espere que os outros atendam às suas necessidades. Lembre-se que as necessidades particulares de uma criança especial deve ser provida pelos responsáveis.
  • Crie um clima colaborativo em que as pessoas também te ajudem.

Trabalhe pelas melhores soluções

Você, como adulto, já está há mais tempo na família para prever como a festa será. E como responsável pela criança, conhece-a o suficiente para saber o quanto daquilo vai estressá-la. Assim, consideramos que a melhor forma de lidar com isso é planejar um pouco mais aquele momento. Por exemplo, a hora que o seu filho vai dormir – ainda que a festa ainda esteja rolando e você decida continuar. Ou mesmo se, em vez de passar a noite no local não será melhor voltar para casa ou ficar em um hotel. É bem provável que as outras pessoas, de boa intenção, queiram te convencer do contrário. Mas quando menos concessões você fizer, menor é a chance de você ter que lidar com um pico de estresse da criança.

Além disso, se vai sair de casa, lembre-se que o que seu filho precisa tem que estar nos seus pertences. Ele se acalma vendo um filme específico? Leve um aparelho eletrônico para reproduzi-lo. A única sobremesa que ele come é feita com frutas? Leve essa sobremesa para a festa. Ele precisa de objetos de efeito calmante ou de fones de ouvido para reduzir o barulho? Tenha tudo isso na bolsa.

E mais: você pode dar dicas à sua família de como agir não só para entender a situação. Se bem informados, eles podem conseguir incluí-lo e fazê-lo gostar de verdade de estar nesse local. Se ele quer muito um presente, por exemplo, quem vai dar deve saber o presente exato e do jeito que a criança gostaria de ganhar. Ou aquela televisão ligada apenas de fundo na sala pode, de repente, estar ligada numa programação que a criança já goste. Além de você, todos os outros também podem aprender como ajudar um autista em situações assim.

festas de natal e ano novo para autistas

Dicas extras de como ajudar um autista – e a si mesmo – nas férias

  • Crie suas próprias tradições – se os autistas gostam de coisas que se repetem e rotinas confiáveis, porque não criar para seu núcleo familiar as próprias tradições? Assim, seu filho autista vai se sentir incluído e até esperar por esse momento do ano.
  • Reduza as expectativas – este é um momento em que todos têm mais tempo para ficar em casa. Quem sabe isso não se torna um momento de todos desacelerarem e passarem mais tempo em família.
  • Não se esqueça que a família é um todo – Se você tem outros filhos além do que é autista, talvez você precise fazer algum malabarismo para agradar a todos. Mas, certamente, isso vai criar um clima de satisfação em todos da casa.
  • E, claro, não se esqueça de você – você provavelmente vive muito para cuidar da criança especial, mas ainda tem suas próprias vontades e necessidades. Compartilhe isso com as outras pessoas e peça para elas te ajudarem a fazer algo por você mesmo quando precisar.

Muito obrigado!

Nós, do Autismo em Dia, desejamos a você e à sua família um ótimo período de festas. Não foi um ano fácil e, para quem cuida de um autista, foi particularmente desafiador. Ainda assim, você pôde contar com a gente para levar informação de confiança e nós pudemos contar com você, leitora e leitor, que colaborou para fortalecer a comunidade. Você que contou sua história ou apenas leu nossos textos. Você que nos compartilhou com seus amigos, deixou um comentário aqui no blog, e você que seguiu nossas redes sociais. E também você que acabou de nos conhecer.

Esperamos que essas dicas te ajudem a criar um ambiente melhor para um autista e, consequentemente, um mundo melhor. Até mais! =)

O artigo que você acabou de ler foi inspirado e adaptado do artigo “16 Tips for Enjoying the Holidays With an Autistic Child”, do renomado portal médico internacional Verywell Health. 


Última atualização: 18/11/2021

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8 respostas para “Como ajudar um autista nas festas de final de ano?”

  1. Mauro José De Oliveira Silva disse:

    Tenho filho. Com Tea e estou desempregado,gostaria de ajuda pra manter ele,Com uma vida saudável e gostaria de contar com vcs pra me ajudar nos medicamentos , ele era um autista severo e hj é um autista moderado . Graças ao medicamento que vcs fornecem ou fornecia amostra grátis . Resperidon 2mg . Gostaria de pedir a vcs que lerem essa msg me ajudassem a custiar o tratamento do meu filho Miguel . Estou desesperado e pedindo ajuda. Desde já obrigado.

    • Autismo em Dia disse:

      Oi Mauro, te mandamos um e-mail hoje sobre isso 🙂 Confere sua caixa de entrada e caixa de spam também, ta bom? Avise-nos se recebeu!

      Um abraço.

  2. FRANCISCO AURICLECIO QUARIGUASI FROTA disse:

    Parabéns pelo artigo, muito esclarecedor.
    Um ano atípico e um novo ano sem muitas definições.

    • Autismo em Dia disse:

      Oi Francisco, obrigada 🙂 Ficamos felizes de saber que gostou do texto. Realmente tem sido um exercício de resiliência passar por essa pandemia. Fazemos votos que 2021 seja mais leve ?

  3. Sandra furquim disse:

    Meu filho de 20 anos trata de depressão a 4 anos e só piora nos fim de ano com crises d toque barulho pessoas irritabilidade isolamento crise de ansiedade pânico tenho certeza q ele é autista nível 1 por ter todos os sintomas
    Mas ninguém me ouve nem mesmo o psiquiatra só passa medicamento forte rispiridona clorpromasina velanfaxina litio não sei mais onde correr ou pedir ajuda
    Amanhã tenho uma nova consulta com um novo psiquiatra q deus nos ajude
    Desde já agradeço se me derem uma luz ou por onde seguir estou bem perdida

    • Autismo em Dia disse:

      Oi Sandra, lamentamos que estejam passando por isso. Além do tratamento medicamentoso indicado, a terapia com um psicólogo comportamental pode contribuir muito com a melhora na qualidade de vida do paciente e família. Desejamos forças e deixamos um abraço corajoso!

  4. Rozana disse:

    Boa tarde, meu afilhado tem dificuldade de entrar em ambientes fechados que ele na conhece, seja salas de escritório, médico etc… mais principalmente em ambientes onde está decorada para festinha de aniversário, festa escolar, isso mesmo já mostrando com antecedência o local e explicando, com muito tentar ele entra e depois parace se aliviar quando sente- se seguro poderia me dizer porque isso acontece? E o que posso fazer? Ele quer ir mais trava e sofre com o bloqueio.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Rozana! Sabemos que não é fácil, mas para saber os motivos de ele ter essas dificuldades, ele precisará passar por atendimento com especialistas e fazer todos os tratamentos indicados. Indicamos que ele seja atendido por um neuropediatra ou um psiquiatra para começar a investigar isso.
      Um abraço.

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