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Postado por Autismo em Dia em 29/set/2020 - 12 Comentários
Posicionar autistas no mercado de trabalho é uma coisa que ainda é muito nova, tanto no Brasil como no mundo. Quanto mais o autismo é debatido na sociedade – e nós sabemos que isso vem acontecendo há pouquíssimo tempo – mais as pessoas dentro do espectro vão encontrando seus lugares nas esferas sociais. Por isso, assim como já abordamos outras questões sobre a entrada dos autistas nas diferentes vagas de emprego, hoje vamos falar diretamente com quem é empregador.
Independente do tamanho o da sua empresa, é bem possível que exista alguma vaga que possa ser preenchida por um autista. E você pode conferir aqui algumas das melhores oportunidades para inseri-los, de acordo com cada tipo de habilidade. A nossa intenção aqui é desmistificar o que, popularmente, é atribuído à capacidade dos autistas de serem produtivos.
Assim, as dicas que vamos dar hoje vão te ajudar a reconhecer tudo aquilo que pode atrapalhar ou estimular a produtividade de um colaborador autista no ambiente de trabalho. Além disso, esperamos que as dicas abaixo também tenham a função de ser um guia solucionador.
Este artigo foi construído de acordo com um extenso material publicado pelo Wales TUC Cymru, que é o órgão regulador de sindicatos do País de Gales. O link para o material original está no final da página. ¹
Índice
Os adultos com autismo estão sendo subrepresentados no mercado de trabalho. Mas isso, como acreditamos e defendemos, é porque muitos empregadores ainda desconhecem os pontos fortes de contratar alguém dentro do espectro.
MAS ATENÇÃO: o autismo tem graus diferentes e isso influencia tanto o grau de aprendizado como o de dependência. Veja aqui quais são os graus de autismo. É bem provável que, autistas de grau leve e moderado estejam mais aptos para entrar no mercado de trabalho. Entretanto, isso não impede de um autista severo saiba executar uma função que gere renda.
Aliás, temos um ótimo exemplo disso: é o Gabriel Bussade, um autista já adulto, de 20 anos, do Rio de Janeiro. Ele é severo e tem um nível enorme de dependência da família. Nunca terminou o estudo regular de primeiro e segundo grau. Apesar disso, tem um negócio próprio de produção de bótons bastante incentivado por sua mãe, Andréa Bussade, cuja história a gente já contou e você pode conferir aqui.
Quanto maior for a sua empresa, maiores são as chances de que existem pessoas que ainda não conhecem bem o que é o autismo. Num ambiente assim, há boas chances de que circulem ideias que são nada mais que mitos. Por isso, listamos a seguir alguns equívocos que você pode transformar na cultura da sua empresa.
Não. O autismo não é uma condição da moda. Inclusive, pessoas que se utilizam desse termo sem que haja um diagnóstico, está prejudicando a condição e a aceitação de quem realmente está no espectro.
O que chamam, neste caso, de mau comportamento, é apenas algo incomum ou mesmo excêntrico que, na maioria das vezes, não prejudica ninguém. Mas esse comportamento que causa estranheza é, muitas vezes, fruto de alguma angústia, sobrecarga sensorial, mudança na rotina e até comentários desagradáveis.
O autismo não é uma deficiência de aprendizado, mas pode vir acompanhado de uma dificuldade de aprender. Por ser um espectro, não se trata de apenas um tipo de inteligência. Mas de vários. O quociente de inteligência dos autistas pode ir de muito baixo a muito alto.
Inclusive, muitas pessoas acham que, pelo contrário, todos os autistas são gênios, como o protagonista do filme Rain Man. E, claramente, isso não é uma realidade. E chega a ser injusto esperar que os autistas apareçam com super habilidades como se fosse mágicos de festa infantil.
É claro que a descoberta do autismo causa certo desconforto e traz grandes desafios na vida de muitas famílias. Mas tratar a existência do transtorno como algo muito tão ruim como uma tragédia pode desmotivar essas pessoas a atingirem seu potencial de desenvolvimento.
É muito mais correto dizer que a empatia demonstrada pelos autistas é diferente da maneira como fazem as pessoas neurotípicas. Uma teoria é que os autistas não tem aquela empatia cognitiva, que tem a capacidade de prever a intenção dos outros. Mas, sim, a empatia afetiva – compartilhando o sentimento dos outros – e a compassiva, cujo desejo é de ajudar os outros.
Antes de tudo, você precisa se certificar de que realmente entende o que é o autismo. O autismo não é algo que se compreende do dia para a noite e existem muitas variáveis do transtorno, que vão variar de pessoa para pessoa. Diante das situações que listaremos a seguir, você pode ter novas ideias para adaptar o que for preciso no espaço coletivo.
Entretanto, vamos a uma explicação básica de como os autistas se diferenciam das pessoas neurotípicas em alguns aspectos bem específicos.
As coisas que fazem parte do ambiente também podem interferir na forma como o autista se sente. Essa alta sensibilidade pode estar ligada a coisas como:
Os autistas podem ter um desempenho diferente nestas tarefas que testem sua capacidade de detectar os padrões. Igualmente, isso vale para as que pedem para se concentrar nos detalhes.
Veja, por exemplo, a imagem a seguir. Os autistas podem demorar mais a entender que animal está na imagem, sendo que alguns nem vão ver. Provavelmente, eles vão se concentrar nas linhas individuais que compõem o padrão, e não na forma geral.
Ao inserir autistas no mercado de trabalho, é muito importante, entretanto, entender que outras condições clínicas podem ocorrer paralelo ao autismo. São condições que não são parte do autismo em si. Porém, pessoas autistas possuem, estatisticamente, mais chances de desenvolverem as comorbidades a seguir:
ATENÇÃO: em especial, a dificuldade da dispraxia pode ter consequências diretamente relacionadas ao trabalho em si. A pessoa pode ter dificuldade, por exemplo, em utilizar o mouse. Eles também tem mais risco de desenvolver lesão por esforço repetitivo ou dores nas costas. Também podem se desequilibrar e cair com mais facilidade. Portanto, ainda que a pessoa faça muito bem uma função, é imprescindível verificar o tempo de exposição à tarefa e que riscos os espaços de circulação da empresa estão oferecendo.
Administrar uma empresa e um time forte de funcionários envolve muitas obrigações. Mas, entre o cumprimento das leis trabalhistas e determinações de sindicatos, o empregador pode tomar a frente em algumas situações. A ideia principal é fazer com que toda a equipe que, até então, era apenas de pessoas neurotípicas, vire aliada na construção de práticas de inclusão de pessoas autistas.
E, com as dicas a seguir, certamente um ambiente ainda melhor será construído na empresa, o que vai melhorar a situação dos autistas no mercado de trabalho.
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Gostou deste artigo? Nós, do Autismo em Dia, esperamos que isto ajude muitas pessoas bem intencionadas a transformar a vida das pessoas ao seu redor, em especial daqueles que nasceram e estão crescendo dentro do espectro.
E pra saber mais sobre mercado de trabalho, saúde e histórias emocionantes sobre o autismo, salve o site entre os seus favoritos e siga a gente nas redes sociais. Tem atualização todo dia no Facebook e no Instagram. Te esperamos por lá! =)
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1. Autism awareness in the workplace – 27/09/2020
“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”
Gostei desse artigo sobre autista e mercado de trabalho ,aqui somos prova vida de que o mercado de trabalho existe para o autista, eu fiz uma carreira tranquila ,hoje já estou aposentada mas vivo recebendo proposta de trabalho.
Oi Lúcia, que depoimento valioso, muito obrigada por dividir sua experiência conosco, temos certeza que vai apoiar muitas pessoas! Volte mais vezes aqui no blog!
Adorei essa matéria,falar de muitas vantagens que terá a empresa que contratar um autista e tirar muitos preconceitos de que não são capazes fico muito aliviada com os esclarecimentos de vcs muito obrigado Deus abençoe grandemente vcs ?
Oi Gildete, obrigada pelo comentário, isso nos incentiva muito! Esperamos vê-la outras vezes por aqui ?
Tenho um filho autista com 28 anos e a angústia dele é muito grande, pelo fato de não trabalhar. Gostaria muito de encontrar uma empresa que lhe pudesse oferecer um trabalho. Ele gosta muito de leitura. Tentamos deixar seu currículo numa livraria, mas não tivemos resposta.
Oi Maria Madalena, como vai tudo bem? Realmente trabalhar é uma parte muito importante da vida e certamente estar ativo no mercado de trabalho é uma oportunidade para os autistas exercerem sua cidadania, desenvolverem seus talentos e também de terem mais autonomia e qualidade de vida! Estamos torcendo para que seu filho consiga uma oportunidade 🙂 Um abraço carinhoso de toda equipe do Autismo em Dia!
Olá muito bom dia, acabei me deparando com este artigo e achei muito interessante, parabéns ao trabalho de todos os envolvidos nesse artigo! Mas ainda sim, sendo irmão de uma pessoa autista ainda existe uma duvida que não foi sanada, como são as entrevistas com pessoas com esse aspecto? Há uma pessoa “especial” (formada/qualificada) junto do empregador na hora da entrevista?
Agradeço desde já pelo artigo que li e agradeço também por lerem meu comentário.
Oi Gabriel, obrigada pelo comentário.
Bem, Não existe uma regra muito clara nesse caso. Isso vai depender muito da política da empresa que está contratando.
olá eu sou autista e queria encontrar um trabalho que as pessoas não abusem de mim no meu serviço anterior não me deixavam fazer pausas pra me recompor da sobrecarga sensorial me fazia ficar de pé o dia todo e me xingavam tenho o diagnóstico laudo tudo e é muito triste que a gente esteja nessa situação vulnerável a trabalho explorado
Oi Lucas, sentimos muito por isso. Porém, existem muitas empresas acolhedoras e respeitosas com quem está no espectro, não desista de encontrar alguma empresa melhor para trabalhar. 💙
Autismo não tem grau, quando se aborda dessa maneira é uma fala capacitisma e de deseinformação. A pessoas autista ela vai ter nivéis de suporte que é classificados: Nível de Suporte 1, Nível de Suporte 2, Nível de Suporte 3. Nenhum desses níveis é mais ou menos autista do que outro. Não existe autsimo clássico e nem sindrome de asperg. Inclusive Asperger, foi um nazista que em sua época mandou matar todos as crianças autistas que não erá asperg. Para identificar o nível de suporte só passando por avaliação clínica com médico que se debruça estudar neurodesenvolvimento, que inclusive são rarissimos. Autismo não tem condições de gravidade e nem é um Transtorno pois não é doença. A pessoa autista nasce autista não se adiquire autismo, por tanto não gravidade e nem patologisação.
Olá, Marcela. Acredito que ao falar de grau de autismo queriam falar sobre nível de suporte como você mencionou. Sobre as outras considerações, realmente, o termo Asperger não se usa mais. Um abraço 💙