Autismo Regressivo: A Jornada de Adryan no espectro autista


Postado por Autismo em Dia em 28/out/2024 - Sem Comentários

Hoje vamos conhecer a história da proTEA Manoela, 30 anos, publicitária em formação, mora em Extrema-MG. Ela é casada há 11 anos e mãe de Adryan, um menino de 5 anos com autismo, nível de suporte 2. Além de cuidar de Adryan, Manoela também assumiu a responsabilidade de criar seus dois irmãos, Rayane, de 17 anos, e José Artur, de 13, que está em investigação para o transtorno do espectro autista (TEA). Ela carinhosamente se refere a si mesma como “irmãe”, misturando os papéis de irmã e mãe. Ao longo do texto vamos ver como foi o caso do autismo regressivo de Adryan e como passou do nível 3 para nível 2 de suporte.

Índice

O Desenvolvimento de Adryan e os Primeiros Sinais

Adryan nasceu e apresentou um desenvolvimento típico nos primeiros meses de vida. Ele sentou, engatinhou e balbuciou dentro das fases esperadas, até mesmo pronunciando palavras simples como “mamãe” e “vovó”. No entanto, por volta de 1 ano e 2 meses, Manoela começou a notar uma regressão em seu desenvolvimento.

Na época, enquanto cursava pedagogia, Manoela observou que Adryan havia parado de progredir e até mesmo regredido em algumas áreas. Ela inicialmente atribuiu essa mudança às restrições da pandemia, que haviam limitado a socialização e interação de Adryan. Sem muita informação sobre o autismo, o casal ficou em dúvida sobre o que estava acontecendo.

Ela comenta: “No momento em que observei a defasagem eu assimilei que poderia ser devido a pandemia, na época precisou ficar em casa com aulas remotas, ele era muito novinho, não tinha uma socialização, uma interação. Na época eu era muito leiga sobre o autismo, não tinha muitas informações a respeito. Com o passar do tempo toda a investigação foi auxiliada com a escola, com mais ou menos 2 anos de idade, o Adryan recebeu o primeiro laudo.”

A Jornada para o Diagnóstico de autismo regressivo

Aos 2 anos, com o apoio da escola e de profissionais da área da saúde, Adryan recebeu seu primeiro laudo de autismo regressivo. Manoela e seu marido passaram por um período de negação, o que é comum em muitos pais, especialmente devido à falta de conhecimento sobre o espectro autista. Com o tempo, porém, eles foram buscando mais informações e, com o apoio de neurologistas e profissionais da rede municipal, o diagnóstico de Adryan foi confirmado: ele estava no espectro autista, inicialmente com nível de suporte 3.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedida por Manoela

Terapias e a Evolução de Adryan

Após o diagnóstico, Adryan iniciou uma série de terapias, incluindo acompanhamento na APAE e sessões de fonoaudiologia oferecidas pelo município. O apoio de terapeutas ocupacionais e da igreja onde a família congrega também foi essencial no processo. Com o tempo, Adryan passou do nível de suporte 3 para o nível de suporte 2, graças às intervenções que recebeu.

Manoela compartilha que, no início, Adryan era bastante agressivo, tinha rigidez cognitiva elevada e enfrentava desafios sensoriais, especialmente com barulhos repentinos. Hoje, ele já interage socialmente, consegue ir ao cinema e até ao circo, algo inimaginável há alguns anos.

“Hoje o Adryan já passou por mais de 4 neuropediatras, depois do primeiro laudo, passaram por mais dois neuropediatras que tiveram o mesmo parecer. Indicaram terapias, recomendação de fono. O Adryan é autista não falante, no início era nível de suporte 3, mas devido a evolução com as terapias, passou a ser nível de suporte 2. No início da investigação ele era bastante nervoso, rigidez cognitiva muito alta, problemas sensoriais com barulhos que aconteciam de repente, assustava com muita facilidade. Ele é verbal porque emite sons, recebe comandos e assente aos comandos dados a ele, mas ele é não falante. Ele não tem interação social, mas consegue falar.”

Um Cotidiano Cheio de Desafios e Conquistas

Adryan ainda é uma criança não falante, mas se comunica através de sons e gestos. Ele já responde a comandos e olha nos olhos, algo que não fazia antes. Sua evolução com as terapias foi significativa, e a família continua trabalhando na socialização e verbalização.

Atualmente, Adryan está no Pré 2 e recebe atendimento no Atendimento Educacional Especializado (AEE), além de fazer natação pela APAE. A família busca constantemente novos recursos e instituições para apoiar o desenvolvimento dele, especialmente durante essa fase crucial da primeira infância.

Fonte Arquivo Pessoal – cedida por Manoela

O Mundo Sensorial de Adryan

Como muitas crianças no espectro, Adryan tem preferências sensoriais bem definidas. Ele adora blocos de montar, desenvolver sua motricidade fina com lápis e tintas, e é fascinado por atividades que envolvem água, como brincar com bexigas cheias de água. Essas atividades são formas de autorregulação para ele.

Ele também ajuda a preparar alimentos em casa, mas sua seletividade alimentar é um desafio. Adryan prefere alimentos secos, como feijão com farinha e cuscuz com manteiga, e evita carne e arroz. Quando a família sai para comer fora, Manoela sempre leva uma refeição preparada especialmente para ele.

A Transformação Através do Autismo

Para Manoela, o autismo trouxe uma nova perspectiva sobre a vida. “O diagnóstico nos deu novas lentes para enxergar o mundo”, reflete ela. Apesar das dificuldades, a família passou a desacelerar e a valorizar momentos de empatia e respeito mútuo. O autismo trouxe um desejo constante de aprender mais, e Manoela acredita que, por mais desafiadora que seja a vida de pais atípicos, ela também brilha de uma forma única e sensível.

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