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Postado por Autismo em Dia em 28/set/2022 - 9 Comentários
Trazer o autismo para o contexto da sala de aula é, sem dúvida, um assunto urgente. E quanto mais autistas fazem parte de uma turma regular, mais é necessário trabalhar a inclusão. Porém, não existe uma receita pronta para abordar o autismo na educação infantil. Para muitas famílias, a escola é o único recurso para seus filhos autistas se desenvolverem, e isso exige que os ambientes escolares sejam cada vez mais preparados para acolherem as pessoas que estão no TEA.
O que trazemos hoje, no entanto, são algumas diretrizes que podem ser muito úteis no apoio a esses alunos. Os educadores comprometidos com estratégias de aprendizagem, habilidades sociais e comunicação, sem dúvida vão conseguir desenvolver melhor os alunos que estão no espectro.
Índice
Muitas vezes, os professores têm acesso a relatórios sobre o aluno autista. Principalmente quando ele vem de outra escola ou mesmo de relatórios clínicos. Essa estruturação da informação é, sem dúvida, muito importante ao longo do tempo. Porém, a melhor maneira de conhecer um aluno é se relacionando com ele.
Na prática nem sempre é fácil, afinal, muitos têm dificuldade de comunicação. Mas ganhar a confiança não apenas do aluno, mas também da família, pode levar a entendê-lo de forma mais profunda. O professor aprende as técnicas, mas é na prática com o aluno que essas teorias são testadas e repensadas de acordo com as individualidades.
Os pais também são uma ótima fonte de informação, já que é bem provável que eles tenham seus próprios métodos em casa para reforçar o aprendizado.
Toda criança possui interesses únicos que provavelmente vão levar naturalmente ao desenvolvimento de algumas habilidades. E isso pode, com certeza, ser uma ferramenta de ensino. Alguns interesses vão levar a criança a compreender melhor habilidades matemáticas, enquanto outros aprimoram práticas de leitura ou geram interesse mais histórico e científico.
Alguns interesses, inclusive, se tornam hiperfoco, um assunto do qual já falamos por aqui. Nesses casos, pode ser tanto uma oportunidade de ensino quanto um obstáculo, já que pode ser bem difícil fazer a criança focar em outras coisas que também são necessárias.
Em uma sala de aula, é comum que exista um grupo de alunos muito falantes e extrovertidos. Esses, ainda que involuntariamente, podem desestimular alunos mais introspectivos a se expressarem. Isto porque os alunos mais quietos podem se sentir excluídos daquele grupo e daquele estilo, ainda que tenham algo a dizer.
Mas é muito importante estimular o aluno a falar para que ele sempre sinta que pode se expressar sem julgamento. Faça-os trocar ideias, fazer e responder perguntas. Encoraje-os, também, a conversar com outras pessoas, ouvirem e serem ouvidos de maneira mais individual.
Muitas vezes, estimular um aluno a falar não quer dizer, necessariamente, que o professor deve fazer perguntas diretas ou pedidos óbvios de oratória. Veja, por exemplo, a diferença entre essas duas frases:
“Quem pode dizer o nome de uma capital?”
“Levante-se quem acha que consegue apontar o nome de uma capital?”
Na primeira, a intenção era totalmente sobre falar. Na segunda, sobre ter algo a dizer. Lembre-se que, nem sempre, comunicar é o mesmo que falar. Muitos alunos autistas, por exemplo, não são mudos nem surdos, apenas não falam. Ou seja, são autistas não-verbais.
Dar escolhas é permitir que os alunos tenham a sensação de controle sobre suas vidas. Além disso, são uma oportunidade de eles aprenderem mais sobre si mesmos.
Para alunos no espectro do autismo, escolhas podem ser especialmente úteis para quem tem necessidades especiais em ambientes de aprendizagem. Sempre que possível, apresente a ele opções de quais avaliações devem ser concluídas primeiro, qual tarefa assumir em uma atividade em grupo, entre outras situações do dia a dia escolar.
Algumas corriqueiras incluem:
A escrita manual é, muitas vezes, uma tensão e uma luta constante para alunos com autismo. Exige concentração, conhecimento linguístico e coordenação motora. Mas como esta é, sem dúvida, uma habilidade útil, você deve apoiar e encorajar formas de escrita.
Fonte: Envato – IrynaKhabliuk
Enquanto alguns alunos no autismo são super organizados, outros precisam de apoio para se organizar em meio ao caos escolar. Coisas simples como encontrar seus materiais, manter suas mesas arrumadas, organizar seus deveres de casa, nem sempre são simples para quem está no espectro.
Algumas práticas como ensinar a guardar materiais e limpar os espaços de trabalho podem ser desenvolvidas juntas, com toda a turma. Nesse momento, o professor pode, inclusive, trabalhar habilidades específicas como priorizar tarefas e criar listas.
O desconforto dos momentos de transição para muitos autistas é enorme. Pode ser que esse aluno apresente dificuldades em mudar de ambiente, de turma, ou mesmo entre atividades diferentes. E isso pode, de fato, causar estresse e desorientação.
Algumas opções que o professor pode oferecer, nesses casos, incluem:
Aqui no Autismo em Dia, recentemente, nós contamos uma história de um aluno autista não-verbal que tinha como seu objeto de apego uma boneca. Através dessa boneca ele podia se expressar. Clicando aqui, você pode conferir como a escola e seus colegas de classe lidaram na transição de um ano para o outro numa situação em que, além de uma nova fase da turma, a boneca original teve que ser substituída.
Muitas vezes, trabalhar o autismo na educação infantil pode ser um desafio por questões simples de conforto. Os alunos podem não ir bem nas disciplinas porque se sentem inseguros, desconfortáveis ou com medo nesse ambiente escolar.
Os autistas precisam de um lugar confortável para que possam associar essa sensação de relaxamento ao desenvolvimento de suas habilidades.
Experimente:
Falando em salas opcionais, como em algumas escolas que têm uma sala de recursos pedagógicos, é importante permitir que a criança faça essas pausas. E sempre que ela precisar. Afinal, é ela quem sabe quando isso será necessário.
Você pode permitir, também, que a criança saia para caminhadas no pátio fora dos horários regulares ou simplesmente pare de fazer uma tarefa que todos estão fazendo. Talvez, nesse momento, você perceba que esse aluno age de forma incomum, como ficar circulando o mesmo caminho várias vezes ou ter movimentos atípicos. Este é o momento de regulação dele. Só interfira se algo oferecer perigo.
Para que os alunos aprendam o que são comportamentos apropriados para a sala de aula e quais não são, eles precisam ver e ouvir como seus outros colegas típicos agem no dia a dia. A prática da verdadeira inclusão inclui a participação de todos e um estímulo à socialização saudável.
Uma sala de aula regular e inclusiva vai mostrar aos professores quais são os caminhos necessários para o sucesso acadêmico daquele aluno. Para autistas de nível leve ou moderado é perfeitamente possível estudar junto com alunos neurotípicos, ainda que os pais possam optar por uma escola 100% voltada para alunos com necessidades especiais.
Se todos nós aprendemos, na maior parte, fazendo, então está bem claro que a melhor maneira de apoiar alunos autistas é incluindo-os em todas as atividades.
Quando o assunto é autismo na educação infantil, tomamos esse tema como prioridade. E aqui no blog do Autismo em Dia temos vários outros artigos que abordam este tema. São aspectos diversos que falam sobre o aluno, sobre os pais e sobre a escola. Vale a pena conferir.
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Muito obrigado pela leitura e até a próxima!
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Este artigo foi adaptado do original em língua inglesa, Supporting Students with Autism: 10 Ideas for Inclusive Classrooms, de Paula Kluth, no portal Reading Rockets.
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Boa noite
Eu amei a página de vocês!
Teriam APP ou somente site, blog….?
Olá, Sirlene. Você também pode nos encontrar no Instagram e Facebook. @autismoemdia
Um abraço. 💙
Amei, ter maus conhecimentos sobre esse transtorno e sempre enriquecer para o nosso trabalho na sala de aula!!
Olá boa noite, muito interessante essa matéria, tbm gostaria de saber na hora da alimentação, como proceder se a criança não fica sentada junto com os outros alunos??
Olá, Rosana! Sugerimos tentar entender a razão pela qual a criança não gosta de sentar-se com os outros. No autismo, é comum haver dificuldades sociais e sensoriais que tornam esse tipo de ambiente difícil de suportar. Pode ser uma boa ideia permitir que a alimentação seja realizada em um local mais calmo e livre de tantos estímulos. Você também pode conversar com os pais ou responsáveis para descobrir se a criança faz acompanhamento terapêutico e se fizer, pedir o contato do terapeuta para que juntos vocês possam encontrar uma solução que esteja alinhada com as abordagens aplicadas no consultório.
Obrigado por deixar seu comentário!
Muito bom o material acho que vai me ajudar bastante na instituição que trabalho conhecida como IPREDE no novo projeto intitulado VINCULAR pra crianças acometidas com TEA , gostaria de saber se vocês tem sugestões de atividades relacionadas ao tema de ARTES pode ser OFICINAS , atividades artísticas ok
ATENCIOSAMENTE
Antonio Lopes Prof, de ARTES e artista visual
FORTALEZA CE 26/04/2024
Olá, Antônio. As atividades estão descritas em nosso textos. Um abraço 💙
Estou trabalhando com uma criança do espectro autista e hiperativo. A dificuldade é fazer com que ele se mantenha concentrado, . Podem me ajudar com alguma dica para que eu possa ajudar meu aluno?
Oi! Trabalhar com uma criança autista e hiperativa pode ser desafiador, mas também muito gratificante. Uma dica é tentar incorporar atividades sensoriais ou pausas curtas durante as tarefas, para ajudar a canalizar a energia dele e melhorar a concentração. Outra estratégia é usar interesses específicos da criança como parte do aprendizado, tornando as atividades mais envolventes. Lembre-se de que a paciência e a consistência fazem toda a diferença. Você está fazendo um trabalho incrível ao buscar maneiras de apoiá-lo!