Autismo e tecnologia: conexão que ajuda pessoas com TEA


Postado por Autismo em Dia em 16/nov/2020 - 8 Comentários

Hoje o nosso assunto é autismo e tecnologia. Você chegou até nosso site por meio de um computador, de um tablet ou de um celular, portanto, já deve estar por dentro de quantas mudanças têm acontecido no mundo por causa dos avanços tecnológicos.

Igualmente, cada vez surgem mais recursos com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos autistas. Por causa disso, eles ajudam pais, professores e profissionais a conhecerem melhor os autistas.

Algumas são muito novas, como, por exemplo, descobrir o autismo enquanto a criança assiste filmes. Já outras, por sua vez, são versões de coisas que já existiam, mas não tinham sido pensadas para atender quem está no espectro do autismo.

De todo modo, é muito bom ver que autistas podem, cada vez mais, contar com recursos modernos e adaptados.

Então, continue com a gente e saiba em que pé anda a união de autismo e tecnologia.

Fonte: Envato – Foto de mstandret

Índice

Descobrir o autismo enquanto a criança vê filmes? Sim, é isso mesmo!

Nosso primeiro exemplo é uma das coisas mais interessantes e que promete ganhar espaço nos próximos anos. Como está no título, talvez num futuro próximo, seja possível descobrir o autismo colocando a criança para assistir filmes. Mas como assim?

Essa é a grande aposta de um núcleo de pesquisa sobre autismo da Universidade Ben-Gurion do Negev, em Israel. A ideia é medir os padrões do olhar das crianças enquanto assistem a filmes que tenham interações sociais. Segundo eles, essa é uma maneira confiável de identificar com precisão quase metade dos casos de TEA. ¹

Uma criança neurotípica, em geral, entende as mensagens desses filmes de maneira prática e previsível. Porém, os primeiros resultados desse estudo apontam que as crianças autistas com quem a tecnologia foi testada apresentaram padrões de olhar bem diferentes e únicos

Esse método pode ser uma ajuda para diagnosticar o transtorno.

O que esperar desse sistema?

Esse sistema ainda está sendo testado, mas é, de fato, bastante promissor na visão de um dos pesquisadores envolvidos:

“O rastreamento ocular deverá ser uma das primeiras tecnologias que serão incorporadas ao uso clínico para avaliação dos sintomas do TEA. Porém, precisa ser otimizado para identificar e quantificar sintomas específicos de autismo, explica o professor Ilan Dinstein, diretor do Centro Nacional de Pesquisa do Autismo de Israel.

“Este novo estudo dá um primeiro passo importante nessa direção. Usa a tecnologia de rastreamento ocular para comparar diferentes filmes e medidas dentro do mesmo grupo de crianças”. ¹

Ilan ainda explica que isso pode ajudar na descoberta precoce do autismo tanto quanto na avaliação de como os autistas respondem aos tratamentos e fazem seus quadros clínicos evoluírem ou retrocederem.

“Essas medidas, que medem de forma objetiva os sintomas estão em falta nos ensaios clínicos atuais de tratamentos para autismo”, conclui. ¹

garoto negro usando óculos de realidade virtual

Fonte: Envato – Foto de AnnaStills

Autismo e tecnologia assistiva

Você já ouviu o termo tecnologia assistiva? Pois saiba que esse é um conceito dos mais interessantes e democráticos na união de autismo e tecnologia. Tecnologia assistiva é, na prática, todo tipo de produto ou sistema que sejam otimizados para pessoas com algum déficit. Assim, esses equipamentos aprimoram o aprendizado, o trabalho e a vida diária dessas pessoas. Por isso, o objetivo é sempre aumentar, manter ou melhoras as capacidades funcionais. ²

Mas como isso pode ajudar quem está no espectro do autismo?

Imagine todas as habilidades que o autista que você conhece, seja criança, adolescente ou adulto, vem se esforçando para aprender. A tecnologia pode ajudar para que tarefas escolares, sociais e vocacionais sejam feitas com mais independência. ²

As tecnologias assistivas nem sempre têm a ver, por exemplo, com telas e softwares. Às vezes elas se encontram no formato de ajustes de coisas do dia a dia. Por isso, elas se dividem em ferramentas de baixa, média e alta tecnologia. Vamos explicar a seguir. ²

Quais os níveis da tecnologia assistiva

  • Baixa tecnologia

As ferramentas de baixa tecnologia são aquelas que não precisam de bateria ou eletricidade para funcionar. Por exemplo, numa sala adaptada para alunos com TEA, é possível ver exemplos como: empunhadura de lápis, quadros inclinados, programações visuais, uso de ícones, etc. ²

  • Média tecnologia

Essas já exigem um pouco mais de conhecimento para utilizar, pois podem depender de energia ou até mesmo aprendizado. Aqui se encontram dispositivos sonoros, audiolivros, projetores, etc. ²

  • Alta tecnologia

Precisam de mais treinamento, pois são muito especializados e personalizados de acordo com cada necessidade individual. Programas de computador e dispositivos móveis e cadeiras de rodas motorizadas são apenas alguns exemplos. ²

Formas de tecnologia assistiva que podem ajudar os autistas

  • Aquelas que auxiliam na vida diária, em tarefas como comer, se vestir, tomar banho, entre outros. Não se esqueça, contudo, que os autistas vão crescer e se tornar adultos que, em algum momento, talvez não tenham mais a ajuda dos pais. ³
  • Recursos de comunicação aumentativa. Estes podem ou não ser digitais e, em geral, ajudam autistas que não têm uma comunicação funcional a expressarem, portanto, o que querem e o que sentem. Temos uma matéria sobre isso, é só clicar aqui. ³
  • Recursos digitas de acessibilidade. Quando falamos de acessibilidade, não é só para pessoas cegas ou deficientes físicos. Autistas de grau mais grave têm, muitas vezes, dificuldades motoras. E eles podem precisar, por exemplo, de teclados adaptados ou mesmo softwares que atendam outras necessidades. ³
tecnologia e autismo

Fonte: Envato – Foto de seventyfourimages

Exemplos práticos de tecnologia assistiva

Muitos cientistas e empresas já vêm, portanto, trabalhando para solucionar problemas que afetam de forma negativa muitos autistas. Pense, por exemplo, simples ato de escrever. Talvez um autista com dificuldades de coordenação motora nas mãos sonhe muito em trabalhar escrevendo. Como fica isso?

A empresa Don Johnston, uma gigante dos Estados Unidos em tecnologias de aprendizado, tem desenvolvido suportes para que autistas possam se envolver com a escrita, mesmo que eles não consigam segurar um lápis ou soletrar  palavras. ²

Exemplos de tecnologia assistiva para a escrita incluem:

  • Digitação por voz
  • Papel adaptado
  • Punhos para lápis
  • Previsão de palavras
  • Bancos de palavras e frases
  • Ferramentas de mapeamento mental
  • Organizadores gráficos
  • Apresentação digital multissensorial

E se sua criança autista precisar aprender matemática?

As ferramentas multissensoriais para aprender matemática envolvem diferentes sistemas sensoriais para ensinar a matéria. Se seu filho é um aluno visual, por exemplo, existem aplicativos e programas matemáticos que usam modelagem de vídeo e apresentação visual variada de materiais. Isso tudo para envolver os alunos além de atividades de rotina com lápis e papel. ²

Igualmente, a matemática ensina conceitos de tempo, organização financeira e medição. Todas essas habilidades se relacionam com coisas de uso profissional e diário. E essa tem sido uma grande preocupação nas empresas que trabalham nessa área. ²

dia a dia autista: close de tenis

Fonte: Envato – Foto de stockcentral

Autismo e tecnologia assistiva no dia a dia

No dia a dia, aquelas tarefas que sua criança autista trabalha na terapia ocupacional também são beneficiadas com esse recurso. Dessa forma, estamos falando de comer, vestir, apertar botões, entre outras coisas. Por exemplo, trocar dos cadarços por velcro. Isso também é uma tecnologia! E existem várias outras voltadas para essas adaptações motoras. ²

Autismo e tecnologia para executar tarefas

Planejar, organizar, ter atenção, concluir tarefas… Todas essas coisas podem, de fato, limitar a independência de uma criança autista. O que se faz hoje para dar suporte a isso, são recursos voltados para levar essas tarefas à potência máxima, acomodando, assim, as dificuldades. ²

Alguns exemplos:

  • Agendamentos visuais
  • Cronômetros
  • Suporte de tecnologia vestível
  • Assistentes virtuais – assim como a Siri, a Alexa ou Google Assistente

Essas são apenas algumas que ajudam a diminuir a necessidade de um adulto supervisionando a tarefa.

Tecnologia para melhorar a leitura

Ler é, de fato, uma tarefa que mistura várias habilidades. É preciso segurar o livro ou qualquer objeto onde esteja sendo feita a leitura. Também observar de modo visual o texto e as imagens. O aluno também precisa ler e compreender o que é lido. ²

Para esses alunos, as tecnologias assistivas envolvem:

  • Mesa inclinada para sustentar o livro.
  • Programas que leem o texto em voz alta.
  • Audiolivros
  • Janelas de leituras simplificadas, a fim de tirar as distrações.

Aliás, como todas essas são tecnologias já disponíveis, tem algo que é muito importante! Como responsável, você pode analisar se há disponível na escola do seu filho. Nós também temos uma matéria que tem tudo a ver com esse assunto. Clique aqui.

Esse tema, certamente, ainda vai render muito. Do ponto de vista médico, do cuidador, da família e do próprio autista, os avanços vem somando muitas coisas boas. E você, conhece alguma tecnologia nova que pode melhorar a qualidade de vida do autista? Deixe um comentário aqui e, assim, nos ajude a ampliar esse assunto.

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Até a próxima!

 

Referências bibliográficas e a data de acesso:

1. Medical Xpress – 05/11/2020

2. Autism Parenting Magazine – 05/11/2020

3. Assistiva.com – 05/11/2020

 

 

“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”

8 respostas para “Autismo e tecnologia: conexão que ajuda pessoas com TEA”

  1. Deize Teixeira Pimenta disse:

    Boa tarde,
    Achei muito interessante e esclarecer esse site. Não tenho filho autista, mas sou professor e percebo que muitos alunos têm apresentado esse sintoma. Então importante ter conhecimento para poder elaborar aula que atenda a criança que apresenta esse diagnóstico.

  2. Maria Fernanda disse:

    Como posso citar seu texto em uma atividade escolar minha? Aliás, muito esclarecedor, muito obrigada!

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Maria Fernanda. Pode utilizar o texto e falar do nosso Blog, obrigada pelo interesse em compartilhar com mais pessoas!

  3. Mônica fogaça da Silva disse:

    Bom dia. Sou professora no Distrito Federal e a escola em que atuo temos muitos estudantes com TEA. Por esta razão, resolvi estudar mais a respeito. Tive acesso a este blog com a indicação da minha formadora no curso que estou fazendo. Gostei do material porque tem uma linguagem clara, objetiva e com possibilidades de serem aplicadas.

  4. ELISABETE NASCIMENTO SOBRINHO disse:

    Bom dia! Estou recolhendo material para auxiliar no meu TCC, cujo o tema é “Teconologia como aliada à criança com TEA na educação infantil” achei esse blog muito enriquecedor. Parabens à equipe pela dedicação.

  5. Nelson Victor bastos neto disse:

    Bom dia!! Gostaria de trazer o método para meu município sou diretor de governança digital em Lorena/SP

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