Autismo e puberdade: 6 dicas de como preparar a criança para esta fase

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Postado por Autismo em Dia em 18/fev/2021 - 26 Comentários

Para muitos pais e mães, a união do autismo com a puberdade é um grande desafio, sem dúvida. Um desafio ainda maior do que em casos de crianças que não são autistas. Essa fase que começa no fim da infância e vai até o meio da adolescência traz muitas mudanças: no corpo e no comportamento. A voz muda, crescem pelos por toda parte, surgem os interesses sexuais, alguns adolescentes se tornam mais estressados e também começam a buscar independência.

Mas como preparar sua criança autista para entender o que é a puberdade e o que pode acontecer dali para frente? É disso que nós vamos falar hoje.

Nós preparamos 6 dicas que certamente vão ajudar pais, mães, avós, irmãos e qualquer pessoa que tenha responsabilidade sobre uma criança autista.

1 – Os pais precisam entender a lacuna do desenvolvimento

Uma das grandes questões de quando o autista alcança a adolescência é que não só ele, como também todas as outras crianças que cresceram próximas, começam a perceber algumas coisas que antes só os pais sabiam. No caso do autista, por exemplo, ele vai tendo mais consciência que, em vários aspectos, não é como as outras crianças. E as outras crianças também percebem que o autista tem algo diferente.

Você sabe como esse autista na puberdade vai reagir, por exemplo, quando for para uma escola maior e perceber que todos os outros adolescentes estão num outro ritmo? Você sabe como orientá-lo sobre as pressões para namorar, sair com os amigos, mostrar alguma personalidade?

É nesse momento que os responsáveis precisam, mais do que nunca, estar abertos para ouvir seus filhos. Além disso, é preciso minimizar os impactos dessa super diferença de perspectiva, mas sem fazer com que a condição do autismo pareça errada. Pode acabar sendo muito frustrante se seu filho(a) tentar se anular e se comparar com os neurotípicos o tempo todo.

2 – Esteja um passo à frente das mudanças do corpo

A maior parte das mudanças físicas que ocorrem durante a puberdade são bem fáceis de perceber: voz, cabelos, seios, pernas e braços ficam maiores e um tanto atrapalhados. Mas as que provavelmente serão as mudanças mais profundas muitos adolescentes vão preferir guardar para si.

Nas meninas, a menstruação é um grande acontecimento. Nos meninos, é a primeira ejaculação. Essas novidades abrem portas para uma série de descobertas sobre a própria existência. Como você pode guiá-los nessa nova jornada?

Uma das formas de você fazer isso é com a orientação médica e psicológica para apoiá-los a entender quais são os melhores métodos para os adolescentes que não capazes de gerenciar sozinhas o autocuidado. Lembrando que existem graus diferentes de autismo e alguns, mesmo quando já forem adultos, serão dependentes de outra pessoa mesmo para coisas básicas, como ir ao banheiro, por exemplo.

Algumas mudanças vão surgir, literalmente, de uma hora para outra. Assim, você, como responsável, precisa se antecipar a tudo isso, acompanhando a compra de roupas íntimas, ciclos menstruais e atividades que o autista esteja fazendo longe do seu olhar.

3 – A nova higiene

Outra coisa que fica muito diferente durante a puberdade é a higiene. Para os autistas que conseguem aprender e fazer isso sozinhos, esse vai ser outro grande ponto de virada.

Eles precisam entender a importância de uma rotina de tomar banho, usar desodorante, escovar os dentes, pentear os cabelos, fazer a barba. Só que, agora, de forma muito mais independente e sem o controle dos pais.

Os outros adolescentes podem acabar sendo bem cruéis se o seu filho algum dia chegar cheirando mal na escola. Isso de fato pode gerar algum apelido ou uma fama imerecida, causando consequências numa já fragilizada entrada social.

Um lembrete para quando você for ensinar seu filho ou filha sobre isso: é importante dar uma boa definição do que é “demais” e o que é ” de menos” em cada situação. Por exemplo, usar menos sabonete é preferível do que perfume demais, principalmente se for uma criança autista com algum problema sensorial em relação a cheiros.

4 – Como lidar com o excesso de fome?

Autismo e puberdade também jogam luz para outra coisa bem importante: adolescentes sentem muita, mas muita fome.

Antes, você controlava rigidamente a alimentação e pode até ser que você tenha passado por algum período de seletividade alimentar. Agora, com seu filho esticando a cada dia, você precisa lidar de forma inteligente com esses novos horários de fome.

Mas isso também pode ser uma forma de você trabalhar a independência do seu filho, ensinando-o a como preparar a própria comida. Comece com coisas fáceis, como preparos de micro-ondas. Você pode comprar algumas coisas no mercado ou preparar alimentos que possam ser congelados.

Se a sua condição financeira permitir, você também pode deixar um valor para que esse adolescente peça a própria comida por aplicativos, enquanto você testa a capacidade dele de administrar os próprios recursos e também de ser capaz de escolher opções saudáveis e nutritivas. Além do mais, isso pode ser muito confortável para autistas que não se sintam bem em restaurantes ou almoços de família.

Lembrando que muitos autistas têm dificuldades de entender conceitos como risco e perigo. Então, faça uma boa análise do comportamento da criança antes de deixar na mão dela o fogão ou o seu cartão de crédito.

5 – Autismo e puberdade: os assuntos que podem causar vergonha

Pare agora e pense se você está realmente pronto para falar com seu filho sobre os seguintes assuntos: sexo, masturbação, identidade de gênero, relacionamentos amorosos.  Bem, ninguém disse que autismo e puberdade seria um assunto fácil.

Mas esses assuntos de fato vão gerar curiosidade nessa fase da vida. Alguns conceitos, mesmo que pareçam óbvios para você ou para qualquer outro adolescente, podem não ser para um autista.

Você precisa estar pronto para falar de:

• Quais são as regras básicas de uma relação sexual.
• Quando é e quando não é apropriado fazer, insinuar ou falar qualquer coisa sobre esses assuntos.
• Quais são os locais mais adequados para ele explorar a própria intimidade.
• Todos os limites quando isso envolve uma outra pessoa e o que é consentimento.
• O que as pessoas ao redor normalmente pensam sobre certos assuntos, ainda que eles não sejam exatamente algo errado.

Para autistas mais severos, isso não vai ser fácil. Muitos pais e mães relatam frequentemente sobre seus filhos, por exemplo, tirarem a roupa em público. Muitas pessoas não vão pensar duas vezes antes de julgar que você, como responsável, está criando uma criança pervertida. Quando, na verdade, apenas falta capacidade de diferenciação àquele autista.

Assim, por conta de muitos autistas não entenderem algumas convenções da sociedade, existe uma probabilidade ele seguirem algumas situações de uma forma que não é nada benéfica.

Você pode trabalhar para ter mais controle sobre como esse tipo de conhecimento chega ao seu filho e em qual momento.

6 – Não se assuste! A puberdade no autismo é só questão de biologia

Se você chegou até aqui, provavelmente já é um pai ou uma mãe acostumada a lidar com a parte mais difícil, que é o próprio autismo. Tudo que virá na puberdade com o autismo, é só uma questão biológica pelas quais você já passou também. E a última coisa que a gente quer é dizer a você como educar o seu filho, afinal, muita gente já deve ter feito isso quando não entendeu que seu filho é autista. Até porque não existe um manual.

Mas não se assuste. Em muitos momentos, a pessoa mais desconfortável vai ser você mesmo. Mas é muito melhor que o desconforto aconteça dentro de casa, onde você têm algum controle, do que fora dela. Muitas pessoas lá fora não estão preparadas para absorver as condições do seu filho e vão tentar passar como um trator por cima disso.

Tudo que é puramente biológico, você já pode prever e usar isso como uma forma alternativa de trabalhar diversas outras questões.

E sabe o que mais pode te ajudar a lidar com todas as mudanças de fase de um autista? Ficar bem informado. Aqui no Autismo em Dia trazemos toda semana artigos variados e experiências reais de quem, assim como você, vive diariamente os desafios do TEA.

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Até a próxima! =)

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Este artigo foi livremente baseado no texto “6 Ways to Prepare for Autism and Puberty”, do portal internacional Healthline.