Categorias
Posts Recentes
Postado por Autismo em Dia em 24/fev/2023 - 2 Comentários
Dificuldades alimentares são problemas comuns em crianças com o transtorno do espectro do autismo (TEA). Especialmente na infância, a alimentação pode ser muito estressante para a criança e para a família. Ajudar seu filho a superar os problemas de alimentação pode ser uma jornada longa, mas vale a pena a recompensa de uma melhor saúde e flexibilidade alimentar.
A alimentação pode ser um desafio significativo para crianças com TEA. Atrasos na linguagem, por exemplo, podem limitar a capacidade da criança de relatar dor e desconforto que possam estar interferindo na alimentação.
Este texto, baseado no material “Parent’s Guide to Feeding Behavior in Children with Autism” disponibilizado no site Autism Speaks, foi desenvolvido para ajudar as famílias afetadas pelo TEA a entender os comportamentos alimentares, fornecer orientação sobre como lidar com problemas de alimentação e responder algumas perguntas comuns que as famílias têm sobre dificuldades alimentares.
Continue a leitura para saber mais sobre o tema.
Índice
Acredite ou não, a alimentação é um comportamento humano complicado. O comportamento alimentar depende do estado de desenvolvimento de uma pessoa, questões médicas, habilidades motoras etc. O gosto, o cheiro e a sensação dos alimentos (questões sensoriais) e nossas experiências relacionadas aos alimentos também afetam a alimentação. Quando todas essas áreas funcionam bem, a alimentação vai bem. Se houver problemas em uma dessas áreas, o comportamento alimentar pode ser afetado.
A alimentação envolve todos os sentidos sensoriais (tato, visão, paladar, olfato e audição). Muitas pessoas com TEA têm dificuldades com o processamento sensorial e isso pode tornar a ingestão de certos alimentos um desafio para elas. Autistas também podem desenvolver problemas comportamentais na hora das refeições. Por exemplo, as crianças podem aprender que podem sair da mesa e brincar depois de recusarem um alimento de que não gostam.
Problemas de alimentação em qualquer criança podem ser estressantes tanto para os pequenos quanto para os pais. Afinal, as crianças precisam de nutrientes e calorias adequados para manter uma boa saúde e padrões de crescimento adequados. Justamente por isso, quando os problemas de alimentação de seu filho tiverem consequências significativas, você deve procurar ajuda profissional, sendo ideal buscar por fonoaudiólogos especializados em dificuldades alimentares, por exemplo.
Não comer bem nem ter um cardápio que supra todas as necessidades nutricionais é sempre preocupante. Mas é claro que existem alguns sinais de alerta mais sérios. Por exemplo:
Nesses casos, é sempre indicado buscar ajuda médica e terapêutica para lidar com o problema nutricional de forma adequada.
De fato, existem diversas condições (além dos aspectos relacionados ao autismo em si) que podem afetar a alimentação. Vamos saber mais sobre isso?
A dificuldade alimentar pode ser uma reação a dores de estômago ou outros tipos de dores nas regiões relacionadas à alimentação, como dentes, músculos faciais, garganta, etc. Não comer pode então ser uma maneira de evitar dores.
A constipação também pode causar cólicas estomacais que resultam na recusa alimentar. Além disso, problemas como refluxo podem fazer com que a criança não queira comer. Infelizmente, a dificuldade em comunicar esses problemas pode torná-los mais difíceis de resolver. Uma avaliação médica é importante nesse sentido, pois um profissional pode identificar mais facilmente problemas assim.
Se você notar que um alimento que a criança come regularmente causa desconforto gastrointestinal, erupção cutânea ou outros sintomas, pode haver uma alergia alimentar. Você, junto com o médico pediatra, podem decidir se é necessário consultar um especialista, como um alergista ou gastroenterologista para uma avaliação mais detalhada.
Dificuldades comportamentais podem aumentar os obstáculos na hora da alimentação da criança com autismo. Um comportamento alimentar negativo pode ter sido acidentalmente reforçado. Por exemplo: se a criança aprender com o tempo que ficar chateado ou com raiva o leva a sair de uma situação desconfortável, como sair da mesa e ir brincar depois de recusar a comida, pode tornar mais provável que ela recuse novamente para poder ir brincar. Interromper esse ciclo sozinho pode ser difícil, mas você pode pedir ajuda a um psicólogo especializado no tratamento de crianças autistas, como aplicadores da terapia ABA, por exemplo.
Outra possibilidade que envolve a área comportamental é quando a criança tem dificuldade em prestar atenção, seguir regras ou obedecer comandos, o que resulta problemas para entender o que você espera dela na hora das refeições e consequentemente, em dificuldades alimentares. Igualmente, o tratamento terapêutico é uma ferramenta muito interessante para lidar com isso.
Se uma criança não come bem apesar dos esforços dos cuidadores, existem algumas recomendações importantes a se seguir:
Agora que falamos um pouco sobre as causas e tratamentos das dificuldades alimentares, vamos deixar algumas dicas que podem ser usadas para buscar tornar a alimentação um pouco mais fácil. Cada criança é diferente, então as famílias precisam ser criativas ao usar essas dicas.
Essas estratégias têm se mostrado eficazes em muitos dos casos de problemas de alimentação. Juntamente com o apoio e orientação do médico e equipe terapêutica, essas ações podem ajudar no processo de melhorar os problemas de alimentação a médio e longo prazo.
Manter o mesmo horário, local e uma rotina pré e pós alimentação (como lavar as mãos antes e escovar os dentes depois) ajuda a criança a saber o que acontecerá durante as refeições e o que você deseja que ele faça durante elas.
Ingerir pequenas quantidades de alimentos fora dos horários de comer, incluindo balas, doces, salgadinhos etc. diminui o apetite, a vontade de experimentar novos alimentos e o número total de calorias ingeridas durante o dia. Separe cinco ou seis refeições programadas por dia e limite o quanto seu filho “belisca” em outros horários. Outros membros da família também precisam colaborar tendo hábitos alimentares mais regrados, pois as crianças reproduzem esses comportamentos.
Coloque seu filho em uma cadeira alta, com reforço ou em uma mesa de tamanho infantil para que ele possa sentar-se com uma postura ereta, sem se inclinar, balançar o tronco ou balançar os pés. Um banquinho ou caixote podem ser usados como apoio para os pés. Essa estabilidade física promove bons comportamentos de alimentação e reduz os comportamentos de distração, permitindo que a criança se sinta mais segura.
Distrações como a TV, tablet, celular etc. podem tirar o foco da comida e da tarefa em mãos. Crie o hábito de fazer as refeições sem esse tipo de distração, fazendo com que a criança fique alerta e atenta no momento presente.
Permita que o seu filho ajude na seleção dos alimentos e preparação das refeições, mesmo que não prove o produto final. Envolver seu filho permite que ele explore e brinque com diferentes alimentos, sem a expectativa de que ele tenha que comê-los.
As crianças aprendem observando. Durante as refeições em família, os pais e outras crianças podem ensinar um bom comportamento alimentar para a criança autista. Torne a hora das refeições divertida e evite reforçar momentos estressantes, pois isso pode piorar a dificuldade alimentar.
Evite insistir, chantagear ou punir a criança no horário das refeições. Ao invés disso, o melhor é fazer escolhas alimentares saudáveis para toda a família, pois você mostra ao seu filho o esperado sem tornar a experiência de alimentação desagradável.
Elogie quando a criança se aproximar ou experimentar novos alimentos. Recompensas imediatas como elogios e até mesmo adesivos ou outros tipos de agrados podem ser úteis para estimular novos comportamentos alimentares. Lembre-se de que recompensar bons comportamentos durante as refeições aumentará a probabilidade de que eles aconteçam novamente.
Quando possível, ignore quando a criança estiver fazendo coisas como cuspir, jogar ou recusar comida. Lembre-se de que você não deseja encorajar esses comportamentos prestando atenção neles. O manejo adequado desses comportamentos, quando graves, pode exigir a consulta de um especialista.
É importante oferecer alimentos que a criança já gosta, assim como alimentos que ela ainda não gosta. Uma boa forma de fazer isso é oferecer apenas três alimentos por vez. Inclua um ou dois alimentos que seu filho já gosta e um alimento que ele ainda não gosta. Se a criança não tolerar a nova comida no prato, coloque a nova comida perto dele em um prato separado para ajudá-lo a se acostumar com o novo alimento.
Este foi o texto sobre autismo e alimentação. Por ser um assunto tão relevante, temos outros materiais sobre o tema que você pode conferir:
Se você gostou do texto, então deixe um comentário logo abaixo e nos siga nas redes sociais para acompanhar mais conteúdos como o que você acabou de ler.
Até a próxima. 💙
O texto que você acabou de ler foi inspirado e adaptado do material “Parent’s Guide to Feeding Behavior in Children with Autism” publicado pelo site Autism Speaks.
“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”
muito potentes essas informações.
💙