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Postado por Autismo em Dia em 20/ago/2024 - 2 Comentários
Relacionar arte e autismo é, sem dúvida, um caminho de transformação e inclusão que gera excelentes resultados na forma da pessoa autista interagir, se perceber e se relacionar com o mundo.
Nesse texto, vamos conhecer a história da carioca e artista plástica Priscila Assis Lima, 36 anos, conhecida como Pri Artte e seu sobrinho Felipe, de 4 anos de idade.
Priscila trabalhou 14 anos como bancária. Sempre gostou de arte, então no final de 2020, após perder seu pai para o Covid, começou a estudar desenho e a se dedicar mais ao mundo artístico. Se envolveu mais com grafite e arte de rua. Gosta de coisas bem coloridas, cores fortes. Sempre tenta levar a arte para outras pessoas, para crianças. Criou um personagem que se chama Nube, para se comunicar com o público infantil, uma nuvem azul. Grafita ele nas ruas, para chamar atenção das crianças. Carrega com ela uma frase chave para comunicar através da sua arte: “Mais amor, mais arte”!
Em 2022, decidiu sair do banco e está vivendo de arte, até então. “Comecei a vender meus quadros, fiz feiras, fui para São Paulo, pintei rua, fiz live painting e foi assim que eu fui indo, tentando me conectar mais no meio da arte e das pessoas que trabalhavam com isso.”
Índice
Felipe tem 4 para 5 anos. Ele é autista nível 1 de suporte. Foi Priscila que desconfiou do autismo. “Qualquer coisinha que ele se irritava ele batia a cabeça na parede.” Comentou com a irmã que não achava isso “normal”. A irmã falou que achava que ele era autista. Priscila complementa: “A gente chamava ele e ele não olhava, não fixava o olhar, brincava só na dele…”
Começaram a pesquisar mais sobre autismo. Ele foi fazer todos os exames. Ela conta: “O Felipe não se comunicava, ele tinha dificuldade na fala e de interação com outras crianças. Com adultos ele até interagia. Não falava nada, só apontava ou levava a gente até o que ele queria.”
Felipe estava com quase 1 ano de idade, quando o diagnóstico veio através de um neuro e de um psicólogo. Desde que descobriu ele faz terapias para auxiliar em seu desenvolvimento.
Hoje Felipe faz acompanhamento com terapeuta ocupacional, psicólogo, psicopedagogia e fonoaudiologia.
Desde que descobriram o autismo ele começou a fazer e não parou. “Ele melhorou muito, o Felipe fala pelos cotovelos, interage com outras crianças, ele ama brincar… ele gosta de brincar, tem os amiguinhos dele. Só não lida bem com a frustração. Se ele perde, é mais complicado, fica nervoso, estressado, mas é um trabalho constante, tem que conversar sempre.”
Desde pequeninho Felipe gostava muito de pintar, então começaram a incentivar ele. ‘Como eu já gosto de desenhar, eu tentava ensinar ele. Os presentes que ganhava de aniversário era tela para pintura, tinta guache, pincel, porque o pessoal sabia que ele gostava muito de pintar. Quando comecei a pintar na rua, eu nunca tinha levado ele, mas aí falei: Vou te levar pra você ver a tia Pri pintando. Ele fica muito ansioso, doido pra ir pra rua pra pintar comigo. Sempre quando dá, eu levo ele. Ele vai e quer pintar comigo…”
“Agora, um dos hiper focos de Felipe é o personagem Sonic. Aí ele queria pintar o Sonic na parede da casa dele, aí escrevi o seu nome, grafitei o nome dele e desenhei o Sonic … Peguei o rolinho de tinta, ensinei ele a mexer com a tinta.”
Então, ela sempre tenta incentivar ele ao máximo e ele diz que quer ser artista como ela.
A arte desempenha um papel fundamental na vida das pessoas com autismo, proporcionando uma série de benefícios que vão além da simples expressão criativa. Para muitas pessoas no espectro do autismo, a arte se torna uma forma de comunicação poderosa e uma ferramenta para o autoconhecimento.
Na opinião de Pri Artte, a arte auxilia a mostrar que pessoas autistas são capazes de fazer , de realizar. “O Felipe se sente à vontade pintando, ele tá pintando e tá alí mostrando, faz ele interagir mais com as pessoas e mostra que ele é capaz de fazer qualquer coisa. Ele é uma pessoa normal como qualquer outra, tem as suas dificuldades, mas que não impedem ele de fazer nada. Também dele estar mostrando as emoções dele, o que ele gosta, das cores… ele escolhe as cores dele. Ele tem as cores que ele mais gosta.”
Outra coisa interessante que ela observou em Felipe com relação ao pintar é que ele quer ir pra rua pintar. Conta: “Ele quer ir pra rua grafitar comigo e ele já tem a noção que ele quer pintar para as pessoas verem que ele está fazendo aquilo.”
Priscila sempre teve uma relação muito próxima com o sobrinho Felipe, ela assistiu o parto dele. Ela conta: “Depois do diagnóstico eu o amo dez vez mais do que amava já. Eu tenho muita paciência com ele e aprendi a ter mais paciência ainda… eu tenho mais paciência de sentar com ele e conversar . Aprendi a entender um pouco do que é o autismo, eu consigo ver as outras pessoas, outras mães que têm filhos autistas lidar com isso. Aprendi a olhar para uma crise e compreender que não adianta gritar. Também aprendi a não limitar. Acredito que ele pode ser um grande artista, mas se ele mudar de ideia quando crescer também, vou apoiar no que ele fizer, mas enquanto ele estiver gostando de arte, de grafite eu vou estar ajudando ele, apoiando ele nessa caminhada.”
A arte tem o poder de transformar vidas, e isso é especialmente verdadeiro para pessoas com autismo. Através da expressão criativa, elas têm a oportunidade de se comunicar, se expressar e se conectar com o mundo de uma forma única e significativa. A arte oferece uma voz para aqueles que muitas vezes são silenciados pela dificuldade na comunicação verbal. Além disso, a arte promove a inclusão e o respeito pela diversidade, ao revelar a beleza e a originalidade que existem em cada pessoa, independentemente de suas diferenças.
À medida que mais pessoas se conscientizam do poder da arte para pessoas com autismo, mais oportunidades de inclusão e apoio surgem. Através da arte, podemos construir um mundo mais empático, compreensivo e acolhedor para todas as pessoas, independentemente de sua neurodiversidade. Portanto, encorajamos a todos a valorizar e apoiar a expressão criativa de pessoas com autismo, reconhecendo a beleza e a importância de sua contribuição artística para a sociedade.
Pri Artte, além de tia do Felipe que nos contou essa linda história, foi uma das artistas que participaram da Jaguar Parede. É um movimento artístico com o propósito de arrecadar fundos e conscientizar pessoas sobre a preservação das onças-pintadas e seu habitat. Isso acontece através de uma grande exposição das obras que são posicionadas em locais com grande movimentação. Ao final do período de exposição as peças serão leiloadas e 100% do valor líquido arrecadado será repassado para projetos de conservação da onça-pintada. Conheça mais sobre Pri Artte e seu trabalho aqui!
Esse foi nosso texto da vez, unindo arte e autismo. Gostou? Não deixe de continuar navegando pelo Blog e pelo nosso Instagram.
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Linda história dessa tia apaixonada.
Oi Ana, linda mesmo. 💙