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Postado por Autismo em Dia em 26/maio/2023 - 7 Comentários
Em geral, sendo uma forma de comunicação não verbal, o encontro dos olhares pode indicar que uma pessoa está muito interessada na outra pessoa ou no assunto. Porém, o contato visual no autismo – neste caso, a falta dele – é algo muitas vezes visto como um sintoma bastante evidente do TEA. Afinal, muitas pessoas no espectro do autismo têm dificuldade em olhar outras pessoas nos olhos.
A diferença é que, no caso de alguém com o diagnóstico, há duas coisas a considerar. Primeiro que nem sempre a dificuldade de olhar nos olhos atentamente significa que uma pessoa é autista. E, segundo, no caso do autista, nem sempre significa desinteresse.
A seguir, você vai entender melhor porque o contato visual é diferente em pessoas autistas e por que elas podem evitar fazê-lo.
Índice
A falta do contato visual é, de fato, um dos critérios mais reconhecíveis utilizados pelos médicos para diagnosticar o TEA. Já que não existem exames físicos, o diagnóstico é baseado em um espectro de comportamentos.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), um dos sintomas evidentes do autismo é o prejuízo em comportamentos não verbais, tais como:
No entanto, o DSM-5 ainda inclui outros critérios para o diagnóstico a partir da persistência em outros contextos, assim como:
Entre outros tópicos.
Uma criança que não faz contato visual, mas ainda consegue interagir socialmente, usar a outras formas de comunicação não verbal e construir laços, provavelmente não será diagnosticada como autista.
Pesquisas recentes mostram que pessoas no autismo respondem de forma diferente ao contato visual, comparado com pessoas neurotípicas.
Cientistas da Universidade de Yale usaram varreduras cerebrais para comparar reações a troca de olhares entre neurotípicos e autistas. Os resultados do estudo dão conta de que o contato visual estimula atividade em áreas diferentes do cérebro em indivíduos no TEA.
Enquanto isso, outro estudo pesquisou os mesmos tipos de atividade cerebral a partir de um eletroencefalograma. Logo, descobriram que crianças com desenvolvimento típico , respondem de forma mais forte a um olhar direto do que a um olhar abatido. Já as crianças autistas avaliadas fizeram exatamente o contrário. Responderam com mais intensidade aos olhares abatidos.
E, de acordo com os responsáveis por esta última pesquisa citada, os achados podem indicar as seguintes hipóteses:
Algumas pesquisas adicionais sobre o assunto mostram que em adultos a troca de olhares pode causar até mesmo um desconforto físico.
Os sintomas negativos relacionados ao contato visual em adultos no TEA, incluem:
Esses estudos também revelaram que muitas pessoas autistas consideram o contato visual algo invasivo, confuso e perturbador. As pessoas avaliadas tendiam a entender que alguns contatos visuais deveriam ser reservados para relacionamentos mais íntimos com pessoas em que elas confiam.
Além disso, observou-se que adultos autistas geralmente acham mais difícil processar informações verbais enquanto fazem contato visual. Ou seja, elas abrem mão do contato visual justamente para conseguirem prestar atenção ao que está sendo dito por outra pessoa. Ao contrário do que muitos pensariam ser a verdade ao conversar com um autista.
E, para finalizar, a maior parte dos autistas adultos estudados disse entender que a sociedade considera importante o contato visual. Mas que, no entanto, elas ainda se sentem confusas sobre quando é ou não apropriado fazer essa troca concentrada de olhares. Algumas, inclusive, utilizam a técnica de olhar pouco acima dos olhos para parecer estar fazendo contato da maneira esperada pelo outro.
Nem sempre, como já dissemos no início, a falta do contato visual quer dizer que uma criança é autista. Existem outros motivos pelos quais ela pode evitar o contato. Isso pode acontecer porque:
Por fim, se você está diante de um caso de falta de contato visual, talvez esteja se perguntando se pode ser autismo ou não. A falta dessa troca, por si só, nunca deve ser considerada para diagnosticar autismo. Em especial nos bebês, que às vezes viram a cabeça na direção do som da fala em vez de literalmente olharem nos olhos.
No entanto, tenha atenção se, além do lapso do olhar, você reconhece alguma dessas outras variações:
Se você respondeu sim para alguma dessas hipóteses, fale, primeiramente, com o(a) pediatra da criança.
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O texto que você acabou de ler foi adaptado do original, em inglês, do portal Verywell Health, com acesso em 22/02/2023
“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”
Texto muito relevante.
💙
minha bebe so tem 2 sintomas, essa Falta de contato visual e não falar
Olá, Vitor. Indicamos que a criança seja atendida por um neuropediatra especializado em autismo para uma avaliação.
Um abraço!
Eu tenho 55 anos e passei minha vida tentando não ter contato visual direto e físico, talvez para poder evitar o olhar.Quando esforço pra olhar para alguém enquanto fala, não consigo e tento disfarçar olhando para cima.Isso causa um desconforto ainda maior em saber que o outro está percebendo ou “será que essa pessoa é louca”, então fica difícil de ter o contato e ouvir e entender o que o outro está transmitindo.É COMO PERDER O FOCO,fico vermelha.Até a leitura, não olho..não sei explicar como funciona, mas leio muito bem, sem olhar direto.
Como fica a vida sexual de um adolescente de 16 anos?
A sexualidade na adolescência é uma fase de descobertas para todos, incluindo os jovens autistas. Cada pessoa tem seu próprio ritmo e forma de vivenciar essa etapa, e é importante que receba orientações sobre relacionamentos e limites de forma clara e respeitosa. Com apoio adequado, ele pode desenvolver uma compreensão saudável sobre o tema. 💙