Conheça Estela, uma autista de nível 1 que mudou a vida de sua família


autista nível 1

Postado por Autismo em Dia em 20/jan/2022 - 20 Comentários

Hoje vamos conhecer a Estela, nossa #proTEAgonista da vez! Ela tem 5 anos, é autista de nível 1 e filha de Silvia, que foi quem conversou com a gente para contar sobre a experiência delas com o autismo.

Vamos conhecer a história de Estela e aprender um pouco sobre autismo através da vivência dessa família? Continue a leitura e saiba mais!

Índice

Como era Estela quando bebê

Silvia conta que ela e o marido, João Francisco, sempre souberam que havia algo de diferente na Estela. Para eles era muito fácil perceber isso, já que ambos tinham filhos mais velhos de relacionamentos anteriores. A mãe conta que a menina estranhava muito qualquer tipo de passeio e não gostava de mudanças ou visitas em casa.

“Quando chegava alguém em casa, a gente percebia que ela ficava totalmente desestabilizada. Qualquer tipo de mudança de rotina era um problema. Quando saíamos com ela para ir ao mercado, por exemplo, era sempre cansativo, porque ela ficava muito agitada e não parava nem por um minuto.

A gente se perguntava o motivo de ela ser tão diferente, mas autismo nem passava pela nossa cabeça.”

Descobrindo a possibilidade

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Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Silvia R. Santos.

Tudo começou quando Estela tinha um ano e seis meses e foi para a escolinha pela primeira vez. Silvia conta que a menina demorou muito para se adaptar à escolinha. Todo dia ela chorava, e todo dia era como se fosse o primeiro dia, conforme diz a mãe. Isso durou aproximadamente seis meses, até que ela finalmente se adaptou.

Mas a investigação de autismo começou só algum tempo depois. Estela já estava frequentando o local há alguns meses, até que em certo dia a professora chamou Silvia para conversar. Veja o que a mãe relembra sobre esse momento:

“Eu fui buscá-la e a professora me viu e me chamou pra conversar. Ela disse que a Estela agia de forma bem diferente na sala de aula, que não interagia com os colegas, se incomodava com os barulhos e sempre ficava sozinha num canto da sala. 
Essa professora tinha um aluno em outra escola, já mais velho, que era autista. Então, ela disse que tinha percebido alguns traços de autismo nela e orientou que eu investigasse.

Eu sei que a intenção da professora foi a melhor, e que ela fez isso para ajudar e por ser necessário, mas eu sai da escolinha sem chão. Lembro de chegar no trabalho aquele dia e logo mandar uma mensagem contando para o pai dela o que tinha acontecido, mas nesse primeiro momento ele não aceitou que isso pudesse ser real.”

O diagnóstico

Ainda que estivesse abalada com a conversa que tivera com a professora, Silvia não perdeu tempo. Ela marcou com o pediatra da menina logo no dia seguinte, e ele prontamente orientou que Estela fosse atendida por um neuropediatra e indicou alguns especialistas que poderiam ajudar nessa investigação.

“Como moramos no interior, na época só tinha neuropediatra na cidade vizinha. O pediatra tinha nos passado 3 indicações, e como a gente não conhecia nenhum, escolhemos aleatoriamente, e foi uma boa escolha, pois até hoje ela faz acompanhamento com ele. Ele avaliou ela e confirmou que haviam sinais, mas que gostaria que ela passasse por algumas terapias antes de emitir um diagnóstico formal. Na verdade, desde esse momento até ter o laudo, passou mais ou menos um ano.

Descobrindo um novo mundo

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Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Silvia R. Santos.

O neuropediatra de Estela orientou que os pais levassem a menina para as terapias mais recomendadas no tratamento do TEA: fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicopedagogia.

“Saindo do neuropediatra, eu me permiti ter o meu momento de “luto” na viagem de volta para casa, que durava uma hora e meia. Eu já estava convencida de que era isso mesmo, mas o pai dela só foi aceitar depois do laudo, que apontou que ela era autista de nível 1, quase um ano depois.

Quando a gente entra nesse mundo, somos pegos de surpresa, não só na parte psicológica e emocional, mas também na financeira. Logo no dia seguinte eu já corri atrás das terapias que o neuropediatra tinha pedido, e consegui muita coisa através da APAE aqui da nossa cidade, eles concederam mesmo sem o laudo. Aceitaram ela só com o encaminhamento, foram muito bons. Outras terapias ela fez de forma particular.

Hoje em dia ela só faz acompanhamento com a psicopedagoga e também frequenta a sala de recursos da escola.”

Curiosidades sobre a família

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Silvia R. Santos.

Silvia conta que ela e o marido costumam dizer que Estela é a “cereja do bolo” da família. Ela tem uma filha mais velha de 20 anos de um casamento anterior, que mora com eles, e ele tem duas filhas de 20 e 24 anos, também de um casamento anterior. Mas o curioso é que eles já tinham sido namorados antes desses casamentos, há 25 anos atrás, quando tinham 16 anos.

“Nós fomos o primeiro namoro um do outro, mas cada um foi para o seu lado na época. Aí, seis anos atrás, a gente se reencontrou. Ele morava em outra cidade, e eu também, mas coincidiu de os dois voltarem para a mesma cidade e estarem divorciados. Começamos a namorar de novo, fomos morar juntos e tivemos a Estela. Ele está sempre com a gente, é um bom marido e um bom pai. Somos muito unidos.”

Conheça mais sobre Estela

Silvia descreve a filha como uma menina de personalidade forte e muito esperta. Apesar de ter tido atrasos na fala, ela surpreendeu os pais, pois ao começar a falar, eles descobriram que ela não só sabia português, mas também inglês. Além disso, a fala da menina se desenvolveu tão bem desde que ela completou quatro anos que a mãe conta que ela usa palavras difíceis, que nem fazem parte do vocabulário da família, o que é curioso.

“Hoje ela gosta de conversar e interagir, mas não tem filtro, sempre fala com pessoas desconhecidas na rua. Ela também prefere brincar com as crianças mais velhas. Gosta de ver desenhos, assistir vídeos no YouTube e agora está entrando no mundo dos jogos no celular. Estamos em uma batalha para tentar diminuir um pouco as telas, mas não dá pra negar que muitas vezes precisamos usar isso como um plano B para conseguirmos fazer outras coisas enquanto ela se distrai. Ela é muito agitada e o neuropediatra disse que quando ela entrar na idade escolar vai ser mais fácil avaliar se ela também é hiperativa.

Os aprendizados que o TEA trouxe

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Silvia R. Santos.

É inegável que o autismo muda a vida de todas as famílias que recebem um diagnóstico. Veja como foi para Silvia:

“Muita coisa mudou, mas sobre mim, como pessoa, vejo que o autismo fez com que eu me tornasse uma pessoa mais paciente e menos preconceituosa. Hoje sou mais compreensiva, tanto com as pessoas típicas quanto com as atípicas. Acredito que me faz uma pessoa melhor a cada dia. Não estou romantizando o autismo, porque muitas vezes, não é fácil. Mas a gente entra nessa luta e aprende com ela.

Um dos momentos mais marcantes disso tudo pra mim foi quando saí do consultório do médico com o laudo de autismo na mão. Outro, foi a primeira vez que fui com ela para a APAE. Eu cresci em uma família muito preconceituosa, então entrar com a minha filha lá, foi impactante pra mim. Mas eu ergui a cabeça e fui em frente, e lá eu encontrei um dos maiores acolhimentos que já tive. Hoje em dia ela não frequenta mais a APAE, mas eu sou muito grata a eles.”

No contexto familiar, Silvia conta que ela e o marido se tornaram mais humanos com a chegada de Estela e a descoberta de que ela é autista. Além disso, os aprendizados são constantes. Além de tudo aquilo que a vida ensina conforme os dias vão passando e os desafios vão surgindo, existe o aprendizado que vem através das leituras que ela faz para entender melhor sobre o autismo.

Um conselho de mãe

Como de costume, pedimos para Silvia deixar um conselho para outras mães e pais que estejam descobrindo agora esse universo particular que é o autismo. Veja o que ela disse:

“O conselho que eu dou é: não se desespere, nem fique se perguntando o porquê. Eu sei que não é fácil, acredito que não seja pra ninguém. Mas seguir em frente é importante, assim como passar pelas fases que chamamos de “luto.

Nos tornamos muito mais fortes enquanto pais e mães de um autista. É claro que sempre vão existir altos e baixos, é normal. Por isso também é importante cuidar da nossa saúde mental. Temos que nos dedicar aos nossos filhos, mas não podemos esquecer de nós mesmos. Eles precisam de nós, e para cuidar deles, precisamos estar bem, então não podemos nos esquecer que nossa saúde mental também importa.”

**

Essa foi a história da Estela, uma autista de nível 1 de 5 anos que mudou a vida da sua família para melhor. Gostou de conhecer mais essa história? Nós adoramos contar ela para vocês, e como sempre, foi muito especial! ?

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20 respostas para “Conheça Estela, uma autista de nível 1 que mudou a vida de sua família”

  1. Debora disse:

    Que linda a história da Estela e de vocês. Ter a consciência tranquila que o diagnóstico e o acompanhamento feito de forma precoce tornou a vida dela e a de vocês muito mais fácil. Acho muito importante o exemplo e o esclarecimento para novas mães e pais tenham mais informação.

  2. João Francisco de Oliveira disse:

    Amo a Estela ,amo a Sílvia as nossas filhas a nossa família.A Estela nós ensina muitas coisas,Deus aje em nossas vidas de várias formas e acredito muito ,uma dessas formas foi a Estela em nossas vidas!!!

  3. Miriane disse:

    Stela é uma menina admirável e a família sempre muito envolvida em oportunizar o melhor a ela. Saudades…

  4. Maria Helenita Nascimento Bernál disse:

    A Estela foi uma das minhas pacientes de Musicoterapia! E depois, aluna de Educação Musical! Poderia acrescentar nas suas características, a sua musicalidade! Adora cantar, tocar e dançar! Através da música, conseguia controlar sua hiperatividade, sua hipersensibilidade determinados sons e interagia muito bem com os colegas. Além de ser uma bonequinha, é muito inteligente, alegre, esperta e muito musical!

  5. Marta Solange da Rosa Ramos disse:

    EU conheço outras crianças com autismo,,mas a ESTELA é uma criança diferenciada, porque ela é AMADA, amorosa, conosco, ela está crescendo é muito inteligente, e esperta, nos amamos muito a ESTELA é sua família linda bjão nossos

  6. Itatiane amandio da silveira disse:

    Uma linda história foi escrita por vocês.Parabens

  7. Rafael Bissacotti disse:

    É assim que o TEA vai ganhando mais visibilidade e menos preconceito. E consecutivamente as pessoas vão entendendo que isso não é um problema.
    Parabéns pela história linda ??

  8. Paulo Décio Santos disse:

    Gostei Estela eu vc temos algo a mais desde BB vc não sabe eu fiz vc dormir no colo e por isso que eu e vc temos toda está ligação tão grande , pena não posso te levar pra praça com a minha neguinha tenho certeza que as duas me deixariam maluco beijo no teu coração anjinho dos olhos azuis

  9. Patrícia Figueiredo disse:

    Estela é uma boneca linda, cheia de energia.
    Parabéns por sua linda história, que sua vida seja cheia de alegrias e conquistas ?

  10. Cláudia Lima disse:

    A Estela é realmente uma criança encantadora, esperta e com características ímpares.
    Convivo com a Sílvia e sei o quanto ela e a família se empenham em dar toda a assistência e carinho possível.
    Parabéns a eles e também a este Blog que, com certeza, transmite muitos esclarecimentos a tantas famílias.

  11. Rita de Cássia Dorneles Souza disse:

    Estela é uma criança adorável, carinhosa e curiosa o normal de toda criança. O que me fascina é que ela está sempre disposta a participar das atividades que lhe são oferecidas no Atendimento Educacional Especializado com muito entusiasmo e desenvoltura, pede para participar das aulas de educação física com outros estudantes onde conquistou muitos amigos, como ela costuma dizer.
    Graças a família de Estela que nunca deixou de medir esforços, buscando todas as informações possíveis sobre TEA, como lidar com o Transtorno, como incluir de fato Estela numa sociedade onde vemos ainda inúmeras barreiras e preconceitos. Estela me encanta e me surpreende a cada atendimento, pois, ela emana sabedoria e isso faz com que eu evolua cada vez mais como profissional e ser humano.
    Obrigada Estela!
    Gratidão família, por eu fazer parte da vida escolar da Estela ?

  12. Edy de Vargas disse:

    Não conheço a Estela pessoalmente mas da pra percebe que ela é um amorzinho ?
    Eu acredito que deus escolhe os pais mais especias do mundo pra essas crianças lindas.

  13. Clara Freitas disse:

    A Estela transformou o mundo de todos a volta dela, até que não conhece se encanta com tanta inteligência, as vezes fala até oque não deve kkk Ter uma irmã aos 19 anos foi uma das melhores experiências da minha vida, poder acompanhar tudo e ajudar foi maravilhoso, sempre vai ser. O diagnóstico do Autismo só me fez querer saber mais sobre o assunto, saber mais sobre ela, e assim entendê-la, ter mais paciência e querer cada dia mais que ela seja feliz!
    Estela a mana te ama muito ❤️

  14. James vieira disse:

    Conheci a mãe da Estela e sei que sempre foi guerreira, seu depoimento só comprova isto. Parabéns pela linda família.

  15. Marcia A.da Rosa Zanetti disse:

    A Estela e um amor, muito linda e amável, e inteligente.
    E o que falar desses pais se resume em uma palavra AMOR. Eu admiro muito esse casal.

  16. Camila De Araújo Capricha disse:

    Olá, meu nome é Camila e sou professora de uma aluna autista chamada Estela, você teria materiais para me enviar que fizestes para a sua filha, ficarei muito agradecida. Meu email é camilacapricha@prof.educacao.sp.gov.br. Muito obrigada. Que Deus abençoe a sua família sempre.

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