Conheça Anna e saiba mais sobre o desenvolvimento autista


Postado por Autismo em Dia em 23/dez/2021 - 2 Comentários

Sabemos que a maternidade é um sonho para muitas mulheres. Não foi diferente com Kelly, nossa entrevistada de hoje. Ela conta que sempre sonhou ser mãe, e esse desejo se realizou há 6 anos atrás, quando ela adotou a pequena Anna. Ela é a nossa #proTEAgonista da vez: uma autista de grau I que, depois de enfrentar vários obstáculos, conseguiu ter um ótimo desenvolvimento durante a infância.

Segundo a mãe, a menina chegou trazendo diversos ensinamentos para a vida da família. Ficou curioso para saber mais sobre a história de Anna e seus pais? Então, continue a leitura e conheça mais uma história real, linda e especial contada aqui no Autismo em Dia.

Índice

A adoção de Anna

Anna Alicya Oliveira tem 6 anos de idade. Ela tinha 3 meses de vida quando conheceu os pais, Kelly Cristina Oliveira  e Paulo Oliveira. A mãe da menina sempre sonhou com o momento da vida em que se tornaria mãe. No entanto, houveram dificuldades que a impediram de engravidar.

Kelly conta que sofreu com uma menopausa precoce aos 34 anos. Ela fez diversos tratamentos, como inseminação e fertilização, mas não conseguiu engravidar. Então, ela e o marido decidiram adotar uma criança. Veja como ela descreve essa época:

“Eu gosto muito de contar essa história. Muitas pessoas dizem que foi um gesto lindo eu e meu marido adotarmos uma criança. Mas eu sempre digo que a Anna fez muito mais por nós do que nós por ela. Ela realmente transformou a minha vida, não só a minha como a do meu marido e toda a família.

Como eu sempre tive vontade de ser mãe, eu sentia que faltava algo na minha vida. Tinha um buraco que eu não conseguia preencher. Foi um período muito difícil na minha vida. Passar pelos tratamentos, não conseguir gerar e pensar que talvez nunca fosse ter uma criança, isso tudo foi muito dolorido pra mim. Mas a verdade é que, apesar de nunca ter pensado em adoção até então, ter essa opção me confortou. Em dezembro de 2015 eu e meu marido conversamos sobre isso e decidimos que iríamos adotar. Então, demos entrada no processo.”

Kelly recebe a ligação que mudaria a sua vida

desenvolvimento autista

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Kelly

Em fevereiro de 2016, Kelly recebeu a ligação que mudaria a sua vida. Informaram o casal que uma bebê de 3 meses estava esperando por uma família. Eles prontamente aceitaram e passaram então por diversas entrevistas, até finalmente conhecer a filha.

“Na hora eu vi ela, aquele buraco que existia dentro de mim foi totalmente preenchido. O amor foi instantâneo. Eu até me emociono de lembrar desse dia. Depois de conhecê-la, tivemos uma semana para nos organizar para recebe-la. Ela chegou no dia 12 de fevereiro de 2016, e foi uma festa! O primeiro dia foi mais difícil, afinal, ela não nos conhecia e a gente também não sabia como lidar com ela. Era tudo novo. Mas a partir do segundo dia, tudo começou a fluir melhor.”

Os primeiros sinais de autismo

Kelly conta que a filha teve um desenvolvimento normal nos primeiros meses de vida e que não notava nenhum sinal de que a menina pudesse ser autista. A única preocupação era sobre o sono de Anna. Ela não dormia bem. Acordava diversas vezes durante a noite.

Ela acordava umas 15, 20 vezes por noite. Às vezes, depois de despertar, ela demorava até dormir de novo, e chorava bastante. Fora isso, notei também que, por volta dos 6 ou 7 meses, mais ou menos, ela nem sempre respondia quando a gente chamava o nome dela.” 

A mãe também recorda que, quando a menina tinha 1 ano e 3 meses, ela a colocou na escolinha. A decisão foi pensada com o propósito de estimular mais o desenvolvimento da menina antes mesmo de saber que ela era autista, já que ela ainda não falava nenhuma palavrinha. Hoje, a menina tem seletividade alimentar. No entanto, nessa época, Anna comia de tudo: frutas, verduras, legumes, etc. Mas conforme conta a mãe, a questão do sono foi piorando. Ela passou a acordar muito mais durante a noite e a ter crises de choro muito intensas. 

“As vezes ela ficava chorando por uma, duas horas… Era bem desesperador. Foi aí que eu comecei a levar ela para consultas médicas. Como a gente não sabia informações sobre como foi a gestação dela e coisas do tipo, eu tinha medo de ela ter alguma dor, alguma complicação que a gente não sabia. Mas não foi encontrado nada.”

Depois disso, Anna passou a recusar alguns alimentos, e as crises de choro continuavam acontecendo. Ela também parecia ter um pensamento distante, já que não olhava para os pais quando era chamada. Kelly conta, ainda, que não deixava a menina assistir muita televisão, pois percebia que ela ficava muito vidrada na tela. 

Investigando mais a fundo

Kelly não fazia ideia de que o desenvolvimento da filha demonstrava sinais de que ela era autista. Ainda assim, ela sabia que algo de diferente estava acontecendo. Mesmo que as idas ao médico não tivessem dado em nada, ela continuou investigando. Dessa vez, levou a menina para consultas com profissionais da área da psicologia.

“Busquei atendimento psicológico para ela. Eu queria que ela superasse essas crises de choro e também precisava de ajuda para aprender a lidar com isso. Era desesperador ver ela chorando sem parar. Eu tinha a impressão que ela me pedia ajuda, porque ela erguia as mãozinhas na minha direção. Mas quando eu pegava ela, ou tentava acalmar ela de alguma forma, ela chorava ainda mais e se jogava pra trás. Dava até medo dela acabar batendo a cabeça e se machucando.

Foi durante o acompanhamento psicológico, com a análise do desenvolvimento dela, que eu soube que ela poderia ser autista. A psicóloga disse que ela tinha alguns traços e indicou que eu levasse a Anna para uma consulta com uma psicopedagoga que trabalha com musicoterapia. Essa profissional fazia um trabalho investigativo, então eu comecei a levar ela para as consultas. Ela passou a ter um tratamento multidisciplinar com a psicóloga, psicopedagoga e musicoterapeuta, e durante três meses a profissional elaborou um relatório apontando quais eram as dificuldades da Anna frente a determinados estímulos.”

O diagnóstico

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Kelly

Com o relatório da psicopedagoga apontando para os sinais de autismo, e um encaminhamento para uma neurologista em mãos, Kelly deu o próximo passo em busca de respostas. A menina tinha 1 ano e 8 meses quando se consultou com uma neurologista pela primeira vez.

A médica disse que a menina tinha sim alguns traços, conforme apontado pelo relatório. Mas ela não formalizou o diagnóstico, pois considerou que ainda era muito cedo para saber ao certo. Ela orientou a mãe a continuar levando Anna às terapias regularmente, e pediu para que ela retornasse com a menina para uma consulta dentro de um ano.

“A partir daí, comecei a levar a Anna em todas as terapias indicadas pela neurologista: fonoaudióloga, terapia ocupacional, psicologia, musicoterapia, psicopedagogia… Só que ela não melhorava, e na verdade, os sintomas começaram a piorar muito conforme ela crescia. O sono continuava ruim, e ela ficou muito mais restritiva na alimentação. Só aceitava arroz e feijão. Não bebe nem suco de fruta, algo que antes ela gostava. Exceto suco de uva integral, que é o único que ela aceita até hoje.

Eu não conseguia sair com ela para lugar nenhum, porque ela chorava muito. Fui aprendendo na raça a lidar com essas situações. Ir ao shopping com ela, por exemplo, era impossível. Na verdade, qualquer lugar que tivesse muita gente era um problema.”

Levando em consideração o agravamento dos sinais, Kelly decidiu, então, buscar outra neurologista. Essa segunda profissional, por sua vez, fechou o diagnóstico de autismo quando a menina tinha dois anos e meio.

O desenvolvimento da menina autista

Depois de um bom tempo frequentando as terapias, e com uma dieta pensada especialmente para as necessidades dela, Anna finalmente começou a melhorar. Os sintomas difíceis como as crises de choro e os problemas com o sono diminuíram significativamente. Logo, a menina passou a falar, e teve um ótimo desenvolvimento em todos os aspectos.

“O avanço dela foi tão grande, que eu nem consigo explicar. Ela evoluiu de uma forma muito positiva. Lógico, ela tem as particularidades dela, principalmente no que se diz respeito à interação social. Ela não brinca das mesmas brincadeiras que as meninas da idade dela costumam brincar, como faz de contas, por exemplo. Na verdade, ela prefere brincar com as crianças menores.

Como o autismo mudou a vida da família

desenvolvimento autista

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Kelly

Kelly conta que a descoberta do autismo de Anna deu para ela um propósito maior de vida.

“Eu descobri o meu propósito. Aprendi a desacelerar e a aproveitar cada momento, comemorar cada pequena vitória. Minha filha vive o momento, vive o hoje. E isso é algo que eu aprendi a fazer graças a ela.

Acredito que a gente precisa ensinar a sociedade sobre o autismo. Ensinar que ter um filho autista não é o fim do mundo, não é um problema. Não falo isso querendo romantizar a situação, porque é claro que vão ter desafios, vão existir obstáculos. Mas a gente não pode viver um luto eterno, e nem precisa.

Eu sou uma pessoa melhor com ela. A Anna muda o ambiente em que ela está, quem conhece ela sabe. Ela ama os animais, e sempre diz que vai ser “médica de animais” quando crescer. Ama tudo que é relacionado a música, faz balé e ama dançar.

É muito amorosa, tem um coração puro, livre de qualquer tipo de preconceito. Ela não faz distinção entre as pessoas. Já aconteceu de eu estar andando com ela na rua e ela parar e querer abraçar uma pessoa que estava em situação de rua, sentada no chão. Ela tem um olhar puro para as coisas, um olhar de amor. Esse jeitinho dela mudou também o nosso olhar: foi possível parar a correria e olhar o mundo através dos olhos dela.

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Essa foi a história de Anna e sua família. Emocionante, não é mesmo? Aproveite para seguir Kelly nas redes sociais para continuar acompanhando o desenvolvimento dessa autista incrível, clique aqui!

Além do perfil pessoal, você também pode seguir o seu perfil comercial de Kelly. Ela começou recentemente um empreendimento muito legal, produzindo docinhos livres de açúcar, leite e glúten. Como esse tipo de dieta faz muito bem para Anna, ela decidiu ajudar a adoçar a vida das pessoas com dietas similares e/ou com seletividade ou alergias alimentares. Confira o trabalho dela clicando aqui!

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2 respostas para “Conheça Anna e saiba mais sobre o desenvolvimento autista”

  1. Marcos Upton disse:

    Que história linda e inspiradora , parabéns aos pais da Ana, essa criança tão linda e amada por eles.

  2. Cassia Alves Ferreira disse:

    Que família linda, amei.

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