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Postado por Autismo em Dia em 21/maio/2021 - 21 Comentários
Hoje contaremos a história única de mais um proTEAgonista muito especial. ? O nome dele é Vinicios, ele tem 8 anos de idade e tem autismo e síndrome de Down.
Quem conversou conosco foi Berenice da Silva, mãe do menino. Eles moram em Imbé, no Rio Grande do Sul, e têm muito para nos ensinar, e principalmente, inspirar.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essa família? Vem com a gente!
Índice
Berenice conta que descobriu que o filho tinha síndrome de Down depois do menino nascer. De fato, na maioria dos casos é possível saber da existência da condição durante a gravidez. No entanto, não foi assim no caso deles.
“Assim que o ele nasceu, a médica me disse que ele tinha características da síndrome de Down. A princípio eu fiquei com muita dúvida, pois fiz o pré natal certinho, todo mês fazia ecografia, inclusive a ecografia morfológica, que geralmente mostra quando a criança tem Down.
A estrutura óssea dele parecia normal nos exames, não apareceu o encurtamento do pescoço, que é uma característica bem comum. No momento que a médica disse isso, eu ainda estava meio sedada, então acabei não tendo muita reação.
No dia seguinte, eu conversei com a médica novamente, e me informei sobre como confirmar esse diagnóstico.
Apesar da surpresa e das dúvidas, eu estava feliz. Olhava meu filho, que era a coisa mais linda do mundo, com a pele que parecia um algodão, e naquele momento, para mim realmente não fazia diferença se ele era Down ou não.
Passamos a nos consultar com a pediatra e pedimos o exame cariótipo, que é feito para identificar a síndrome de Down em bebês. A pediatra estava relutante em me dar o resultado, imagino que por medo de como eu iria reagir, pois muitas mães têm dificuldade em aceitar o diagnóstico, mas eu disse que ela precisava me dizer, que eu era a mãe dele, então, ela confirmou.
É claro, na hora foi um baque pra mim. Mas não de tristeza ou negatividade, e sim preocupação, pois eu não tinha muita noção sobre como isso afetaria a vida dele e o que aconteceria dali pra frente. Assim que cheguei em casa, comecei a pesquisar e me informar sobre o Down.”
Vinicios tinha 4 anos de idade quando a suspeita de autismo surgiu na vida da família. Berenice conta que, por já estar acostumada com o fato de ter um filho neurodiverso, ela não enfrentou o mesmo tipo de conflito interno que ocorreu quanto ao Down. Inclusive, foi assim até mesmo depois da suspeita se confirmar.
“Eu morava em Curitiba na época, pois lá o atendimento médico era mais completo, e ele precisava de acompanhamento, naturalmente. Matriculei o Vinicios em uma escola regular, e então, a moça que recebeu ele pela primeira vez na escola me perguntou se ele era autista.
Eu respondi que não, que ele tinha síndrome de Down. Ela, por sua vez, disse que achava que ele era também autista, pois ele apresentava estereotipias, como ficar balançando a cabeça e as mãos, algo que não é comum em crianças que tem apenas o Down. Falei pra ela que até então, nenhum médico tinha levantado essa possiblidade, mas que ia procurar saber mais sobre isso.
Marquei uma consulta pra ele em um grande hospital da cidade, e logo na primeira consulta, já tive a confirmação de que ele também é autista.”
Infelizmente, é muito comum que as famílias com pessoas neurodiversas tenham muita dificuldade para conseguir os tratamentos essenciais para o TEA. Essa é uma história que se repete entre os entrevistados do Autismo em Dia com frequência, e certamente, esse é apenas o reflexo da realidade da maioria das pessoas que precisam desses profissionais.
“Atualmente o Vinicios não está fazendo nenhum tipo de tratamento com os terapeutas que ele precisa. Aqui no município nós temos acesso apenas ao terapeuta ocupacional e ao psicólogo, mas já que o meu filho não para muito tempo com a máscara no rosto, desde o início da pandemia eles não aceitam atender ele, mesmo que a lei teoricamente garanta esse direito. Eu estou entrando na justiça pra tentar fazer essa lei funcionar. Não é fácil ver meu filho em casa há um ano sem ser atendido por nenhum profissional.
Ele também está esperando para conseguir atendimento com um fonoaudiólogo. Além disso, meu filho precisa de fisioterapia, pois ele tem dificuldade para andar e precisa usar uma bota ortopédica, que ainda não tivemos acesso.”
A mãe conta que Vinicios tem um grau leve de autismo, e é bastante agitado. Ele tem dificuldade para dormir, precisando de medicação para pegar no sono durante a noite.
“Ele é sempre elétrico, fica 24 horas por dia agitado, sem parar. Não conseguimos encontrar um medicamento que acalme ele durante o dia. É de fato uma criança muito inteligente. Toma banho sozinho, vai ao banheiro sozinho, tudo que ensinamos, ele aprende.
A coordenação motora dele está prejudicada, e como ele está sem terapeuta ocupacional, eu tento ajudar ele como posso, estimulando as habilidades dele em casa. Tentei massinha de modelar, mas ele não se adaptou muito bem. Agora estou incluindo nas brincadeiras uma varinha de pescar, para que ele trabalhe a coordenação motora fina.
A dificuldade motora acaba atrapalhando ele nas atividades da escola. Então, estou tentando estimular ele a pintar, para quem sabe assim dar o próximo passo, que é a escrita. Ele ainda não escreve, mas sabe todas as vogais e consoantes. Sabe todas as cores, tem uma ótima memória e também fala muito bem.”
Vinicios gosta de desafios, e segundo a mãe, a mente dele não para, ele está constantemente buscando aprender algo novo.
Berenice conta que o filho está em uma fase bastante rebelde, e fica extremamente bravo quando é contrariado ou quando recebe um não como resposta. Apesar disso, a mãe conta que o menino é muito amoroso, gosta de abraçar e beijar o tempo todo, e é carinhoso de forma muito espontânea.
Como muitos autistas, Vinicios costuma ter comportamentos repetitivos, sendo que o principal é pegar duas varetinhas e ficar batendo uma na outra.
“Ele fica o dia inteiro batendo o par de varetinhas numa esponjinha, e não há quem tire isso dele. Eu cheguei a dar uma bateria pra ele, pra ver se ele se interessava, mas não. O que acalma ele é o bater das varetinhas. Se deixar, ele fica o dia inteiro fazendo isso.
Gosta de ver sempre o mesmo desenho, e agora voltou a ver um desenho que ele via muito quando era menorzinho. Só tem dois desenhos que ele realmente assiste atualmente, se não for um deles, ele não quer nem saber. Mas são fases, já teve época que ele assistia vários outros, até que ele perdeu o interesse.”
A mãe relata que a interação social nunca foi um problema para o menino, e na verdade, ele sempre gostou e teve facilidade em fazer amiguinhos. Apesar disso, ele gosta muito de ficar em casa, não é muito fã de dar passeios.
“Na escola, ele sempre fez amiguinhos e sempre gostou de interagir. Não tem comportamento agressivo com as outras crianças, a não ser que sejam agressivos com ele primeiro. Gosta de dividir os brinquedos, de dar carinho para os coleguinhas… É muito querido, e sempre se envolveu com os amiguinhos de uma forma muito legal.”
Berenice conta sobre seus sentimentos e preocupações enquanto mãe de uma criança neurodiversa:
“Para mim, o maior desafio enquanto mãe é preparar o meu filho para ser independente. É lutar pelos direitos dele, tentar fazer com ele seja uma criança alfabetizada e que tenha acesso aos profissionais que ele precisa para conseguir caminhar com as próprias pernas. Toda mãe de criança especial tem muito medo do que vai ser do filho quando ela não estiver mais aqui. É por isso que eu luto pra ele que ele consiga ter uma vida boa mesmo se um dia eu não puder mais estar com ele.
Além desse desafio, que é o principal, tem os desafios do dia a dia. Não é fácil lutar sozinha. Sou só eu que luto por ele, que estou presente pra correr com ele pro médico se precisar… Meu filho tá comigo pra tudo. Onde eu precisar ir, eu tenho que levar ele, seja no médico, no mercado, qualquer lugar. É um desafio gigante lutar sozinha, ainda mais sem ter a ajuda dos profissionais que deveriam estar me auxiliando nessa missão de ajudar o Vinicios a superar as dificuldades dele.”
“Apesar de todas as lutas diárias, eu sou muito feliz por ter o meu filho comigo, e eu nem imagino minha vida sem ele. Cada obstáculo que eu enfrento com ele me deixa mais forte. A cada porta que me fecham, eu ganho mais forças para lutar por ele, pois eu sei que o meu filho é capaz.
Tudo que eu ensinei pra ele até aqui, ele aprendeu, e cada coisa que ele aprende é motivo de muito orgulho para mim. Eu bato palmas e comemoro com ele cada conquista. Eu tenho fé que nós ainda vamos chegar muito longe.
Meu filho vai ser capaz de fazer muita coisa. Ele vai trabalhar, vai estudar e certamente ainda vai me dar muito orgulho. Eu acredito nele, acredito de verdade.”
E então, gostou de conhecer um pouco mais da história do Vinicios e da Berenice? Nós adoramos a oportunidade de contar essa história tão doce e inspiradora. Deixe um comentário contando pra nós quais reflexões essa família te proporcionou.
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Obrigado pela leitura, até a próxima! ✨
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Mãe guerreira, família maravilhosa, prestativa, e não deixa faltar nada para o Vini , corre muito pelos atendimentos adequados para seu filho.uma mãe Verdadeira MÃE
???
Sua história e muito parecida com a minha , também tenho um filho com sindrome de down que descobri só após o nascimenro.
Agora ele tem três anos e tem suspeita de autismo,seu realto me ajudou muitíssimo.
?
Parabéns Berenice tenho certeza que vai conseguir tudo que deseja para o Vinícius pois vocês está sempre correndo atrás e com muita muita força e fé ele vai ir além dos limites.
Esse guri me fez amar a Educação Especial, ainda vou lutar muito por eles! O Vini é um encanto, carinhoso, suuper beijoqueiro, atencioso, esperto que só ele, gratidão por ter conhecido e dado aula para uma criança tão abençoada, lembro dele sempre, tenho uma ligação muito forte com ele, e onde eu estou ele me reconhece isso é muito gratificante. E sobre essa mãe 100% dedicada, ama e luta muito pelo seu filho, parabéns Berenice, tu é um ser iluminado, o Vini tem muita sorte de te ter como mãe, tenho certeza que ele se orgulha muito de ti.
E ler está reportagem também me deixou extremamente REVOLTADA com esses profissionais que se negam a atender uma criança por ela não conseguir ficar com a máscara muito tempo em seu rosto, por favor é só o profissional usar a sua máscara, agora negar atendimento a uma criança que precisa de atendimento isso é lamentável, revoltante, ainda se dizem amar a profissão, só pode que estão em um lugar errado!
Minha filha é SD e não enterage com outras crianças não fala é aqui no RJ não tem pelo sus as terapias pra ela a APAE tá acabando só tem oficina fico muito triste e incapaz por não ter condições financeiras pra ajudar minha pequena
Olá, Marcela. Sugerimos procurar instituições que façam atendimentos sociais na sua região. Não desista. Um abraço!
amei teu depoimento me edentifiquei muito minha Lavínia também tem síndrome de Down e agora com 4 anos descobrimos o autismo vou lutar por ela bravamente para minha filha poder também ser independente e viver uma vida feliz 🙏🙏
💙
Olá Berenice,minha menina tbem tem Down descobrir só depois que nasceu,assim como vc fa ia todos os exames uma eco por mês e mesmo assim só soube após o nascimento, mas sou muito feliz com a minha filha e agora aos 12anos de idade descobrimos que ela tbem e autista, sabemos que está luta é constante com médicos e direitos que nossos filhos têm, mas você não está sozinha,de uma coisa temos certeza enquanto pudermos vamos lutar com unhas e dentes para que nossos filhos tudo que eles mereçam para poder levar uma vida normal e se inteirar na sociedade que ainda muito preconceituosa .minha filha se chama Emmanuelle é a minha razão de viver.
SOU SIMONE LANCETTI, TENHO UMA SOBRINHA(MELISSA) COM SÍNDROME DE DOWN E AUTISMO.
A DEUS AGRADEÇO TODOS OS DIAS POR ESSE ANJINHO QUE NOS ENSINA A CADA DIA.
GRATIDÃO A DEUS E APAE!
BERENICE VOCÊ É ABENÇOADA POR DEUS.
💙
precisava muito ler sobre isso…tenho um filho portador da sindrome de Down …se chama Erick ele vai completar 17 anos esse mês…e eu percebo dificuldade nas fala …pass com fono mais não está adiantando muito …ele faz coisas repetitivas …assisti a chuiquititas a 3 anos direto sem parar rsrsrs…coloca os carrinhos enfileirados…tem um cabide que vive rodando e ninguém tira dele e tem que ser o cabide vermelho…são várias coisas …depois de ler sua postagem sua história e de seu Príncipe decidi procurar um médico para tirar essa dúvida…obrigado por ajudar com sua história
💙
Também tenho um Vinícius com síndrome de down e autismo, mais ele é gêmeo, e o outro não tem síndrome de down, só o autismo. É muito difícil conseguir o tratamento necessário, meus filhos aqui na cidade onde moro ( Itanhaém) é bastante procurado e a cidade não tem muitos recursos, as vezes tenho que ir pra São Paulo passar em algum médico. mais continuo lutando por meus anjinhos azuis.
💙
tenho uma sobrinha com síndrome Down e altíssimo assim como seu filho aprendi muito pra poder passar pra minha irmã vc mãe é uma guerreira seu filho é lindo
💙
Boa noite também tenho um filho com down ele sempre gostou de ter as duas mãos ocupadas sempre com brinquedos iguais depois de adolescente ficou agitado tem vez que fica batendo nas mãos como se fosse uma do bem outra do mal é bem nervoso estou passando com ele na psicóloga pra ver se ele também tem autismo mas até agora não me relatou nada ele também ficou muitos anos sem Fono ele fala pouco e as vezes fala coisas que não entendo retomou com a Fono a pouco tempo hoje ele está com 18 anos mais é muito amoroso carinhoso mais tem vezes que muda o comportamento sua história também me ajudou
Oi, Márcia. Obrigada pelo seu comentário. 💙