Avaliação neuropsicológica: especialista tira dúvidas sobre como funciona


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Postado por Autismo em Dia em 22/maio/2023 - 3 Comentários

Hoje vamos falar sobre um assunto muito importante e que certamente é do interesse de muitos dos nossos leitores: a avaliação neuropsicológica. Ela é parte importante do diagnóstico de autismo, TDAH, altas habilidades e outros diagnósticos relacionados, sendo essencial para muitos casos.

Para falar sobre o assunto com propriedade, contamos com a colaboração da neuropsicóloga Taline Behling, que respondeu a algumas perguntas sobre a avaliação neuropsicológica, especialmente nos casos de suspeita de autismo.

Taline é natural de Jaraguá do Sul-SC, mas mora em Curitiba há cinco anos. Formou-se em psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2009 e fez uma pós-graduação em neuropsicologia clínica em 2014.

Ela conta que atualmente trabalha principalmente com avaliação neuropsicológica de crianças em investigação de TDAH, altas habilidades e TEA, mas também atende adolescentes e adultos.

Continue a leitura e confira as perguntas que fizemos e as respostas da profissional.

Índice

Quem precisa fazer uma avaliação neuropsicológica e como é o primeiro contato?

“Geralmente, minhas demandas já vem com um encaminhamento de um pediatra, neurologista, psiquiatra etc. São pessoas que já desconfiam de um diagnóstico.

Eu tento acolher a pessoa e a família, no caso das crianças. Explico o que é a avaliação, porque é importante, reforço que o objetivo não é rotular a criança, mas sim para entender as necessidades, afinal, quanto antes a gente intervir em qualquer tipo de dificuldade que a criança tenha, independente de qualquer diagnóstico, melhores os resultados que vamos obter.

Sempre que eu entrego um laudo, eu me me coloco à disposição para tirar quaisquer dúvidas, seja no momento que eu entrego esse laudo ou depois. No caso das crianças, também faço o encaminhamento para que os pais façam sessões de orientação psicológica para aprender a lidar, tanto com as próprias emoções e as consequências de se ter uma criança com um diagnóstico, quanto para entender melhor o que aquele diagnóstico significa e para saber lidar melhor com essa criança e com a neurodiversidade.” 

Como é uma avaliação neuropsicológica na prática?

O primeiro passo da avaliação neuropsicológica é uma conversa que chamamos de anamnese, no caso das crianças, essa conversa acontece com os pais. É quando eu procuro saber todo o histórico da criança, desde a gestação, como foram os primeiros meses, amamentação, marcos de desenvolvimento, histórico médico, comportamentos, como é em casa, como é na escola… Enfim, é uma anamnese bem completa. Então, finalizando, eu planejo a avaliação. Não tem como ter um padrão de avaliação porque acontece de uma criança vir com um encaminhamento para investigar TDAH mas, na anamnese, eu percebo que tem mais coisas para investigar. Então é muito individualizado.

A quantidade de sessões varia muito de acordo com a quantidade de testes que precisam ser realizados e da idade da criança. Se for uma criança na idade escolar eu converso com a instituição de ensino, em alguns casos chego a fazer uma observação direta do comportamento dessa criança na instituição ou até mesmo em casa, dependendo do que eu preciso observar.”

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Fonte: Arquivo pessoal – cedido por Taline.

Existe idade mínima para uma criança fazer uma avaliação?

Depende muito do caso, mas em geral, para avaliar altas habilidades, à partir de 5 anos, TDAH à partir de 6, e autismo é possível avaliar antes, mas depende muito do nível. Por exemplo, quando vem um caso de suspeita de TEA nível 1, a gente tem um pouco mais de dificuldade de fazer um diagnóstico se for em uma criança muito nova. Porque muitas vezes as expressões dos sintomas se confundem muito com o desenvolvimento natural da criança. Então fica mais difícil fechar um diagnóstico de autismo nível um abaixo dos 4 anos, por exemplo. Mas ainda assim a avaliação é muito importante, porque mesmo que a gente não consiga fechar um diagnóstico, já é possível identificar algumas questões para fazer intervenções. Por exemplo: atraso de fala, já encaminhamos para a fonoaudióloga, alguma questão motora ou sensorial: encaminhamos para terapia ocupacional, etc.

Qual a importância da avaliação neuropsicológica?

“Acredito que a melhor forma de responder essa pergunta seja falando sobre os relatos daqueles pacientes que receberam um diagnóstico, principalmente dos adultos, e até das mães, muitas vezes. O alívio, o “eu sabia que tinha alguma coisa.”. Eu vejo que ficar em dúvida é algo muito ruim, seja no caso dos pais ou dos adultos.

Para os pais, existe ainda a vantagem de ter na mão algo para lutar pelos direitos dos filhos, algo que os diagnósticos proporcionam. Infelizmente ainda é necessário lutar por esses direitos, e eu vejo que facilita muito.

Dos adultos eu recebo muitos relatos como: “com esse diagnóstico, eu sinto que tenho a permissão de me respeitar”. Eu vejo que esses adultos passam muitos anos tentando se encaixar na forma como as pessoas ditas “neurotípicas” se comportam. Tentando se encaixar, se forçando a ir em eventos sociais que os deixam desconfortáveis por exemplo. Mas quando eles entendem que existe uma forma diferente do cérebro deles de processar as informações, os estímulos, e que isso não depende de força de vontade, eles começam a se respeitar mais. Claro, em alguns casos eles vão precisar trabalhar para melhorar a qualidade de vida, fazer treinos de habilidades sociais. Mas em muitos casos eles podem e devem respeitar essas características.

Como você se sente realizando esse trabalho?

“É muito gratificante. Claro que sempre é difícil dar um diagnóstico, mas ao mesmo tempo eu fico feliz quando consigo mostrar para a família a importância de uma avaliação, que é muito mais que um diagnóstico, que é importante entender que todos nós somos diferentes e entender o funcionamento único daquela criança. Entender como eles podem estimular aquela criança para que ela possa crescer e se desenvolver e ser feliz, que é o mais importante.

É um trabalho que me deixa muito emocionada e grata por fazer uma uma diferença, pequena que seja, na vida de uma pessoa ou uma família. Fora isso, eu adoro investigar, porque cada caso é um caso, cada avaliação é única, e eu gosto muito desse processo. Mas o resultado final, que é poder ajudar aquela criança, aquela família, é o mais gratificante.

Fonte: Arquivo pessoal – cedido por Taline.

Obrigado pela leitura!

Esse foi o nosso texto sobre avaliação neuropsicológica elaborado em parceria com a neuropsicóloga Taline Behling. Quer conhecer mais sobre o trabalho dela? Siga ela no Instagram @neuropsi.taline e acompanhe.

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Até a próxima. 💙

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3 respostas para “Avaliação neuropsicológica: especialista tira dúvidas sobre como funciona”

  1. rosana disse:

    Mas e quando o jovem adulto recebe o diagnóstico de autismo leve e fica indignado, sem aceitação? Não permite que se toque no assunto. E autismo leve pode estar concomitante à dislexia (ou vice-versa)? Como ajudá-lo? Nem psicóloga obtém sucesso.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Rosana. Incentive ele a se manter na terapia. Os resultados nem sempre surgem rápido, mas é a melhor forma de buscar a aceitação do diagnóstico.

  2. Patrícia Mombach disse:

    Olá, boa tarde, tudo bem?
    Estou a procura de um profissional que possa me ajudar no possível diagnóstico de Altas Habilidades no meu filho de 4 anos, a pediatra encaminhou ele para um neuro pediatra, porém não consigo consulta pelo convênio, e estou tentando uma consulta particular. Estou procurando entender um pouco mais sobre esse assunto e observei que o ideal seria levar ele num neuropsicólogo… Pode me ajudar?
    Grata!
    Patrícia Mombach
    (51)991555427

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